quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
# 91
domingo, 23 de dezembro de 2007
# 90
Fala!
diz isso cantando.
canta.
fala logo o que é pra ser dito.
fala!
canta isso num indie ou em mpb.
canta.
diz logo se é pra seguir em frente.
dança.
essas palavras que misturam som e silêncio.
ouça.
aquilo que eu não digo, só rio.
sorria.
mostra os dentes pra mim.
:)
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
# 89
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
# 88
:: das memórias e a casa vazia
ontem foi dia de mudança.
sim. casa nova. dessa vez nova mesmo, com direito a eco na sala de tão vazia que estava.
e dias de mudança são sempre desafiadores.
nos colocam de frente com coisas que a gente nem se lembrava que existiam. e outras que a gente se esforçava pra fingir que não existiam mais.
pois bem, e lá no meio daquele tanto de caixas e sacolas e roupas e móveis e cds, encontro um monte de papéis e fotos antigas.
e eu já nem me lembrava do meu caderno verde, e nem do vermelho, nem daquelas poucas fotos de viagem que mandei imprimir a uns anos atrás.
e de repente, lá estava eu, parado por horas, no meio da bagunça toda, relendo trechos da minha própria vida como se estivesse lendo um livro de qualquer autor.
e as memórias puxavam as outras e me vi em meio a viagens no tempo, lembrando de coisas boas e ruins.
e no meio da bagunça os bilhetinhos de faculdade, as risadas anotadas no papel. enfim, era um mundo todo ali, um mundo que já foi meu.
de repente me lembro que eu tinha que continuar juntando as coisas.
e deixei os papéis pra trás.
comprei um caderno novo, um bloquinho e uma caneta.
as histórias vividas ficam lá guardadas no quarto antigo.
e as histórias que virão e que estão acontecendo hoje, vão encher a casa nova, que ainda é casa vazia, mas que logo vai ter muito o que contar.
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
# 87
oncotô?
proncovô?
vo de trem?
ou de metrô?
pópôpó
no cafezim?
pôe, uai, sô...
mas só um tiquim.
# 86
e no meio daquele tempo, quando as tempestades deixavam o céu cinza por vários dias, um raio ou outro de sol começava a cortar aquelas nuvens pesadonas.
e assim, os dias foram se amansando, voltando à serenidade de outrora.
e as coisas se acertam.
e aquele doído que a vida tava causando, novamente se acanha, se encolhe no cantinho, deixando de se fazer doer.
e a vida se torna leve outra vez.
e o sol volta a iluminar o dia.
e esquentar as tardes desse tempo doido que a gente vê no mundo.
e a chuva que tava forte, volta a se tornar chuvisco, às vezes sereno.
e serena a vida segue.
de céu aberto.
tudo se acalma.
segunda-feira, 3 de dezembro de 2007
# 85
domingo, 2 de dezembro de 2007
# 84
e lá estava ele outra vez naquela pista de dança.
de olhos fechados dançava sem nem perceber o tanto de gente à sua volta. e sentia tanto a música que levantava os braços à altura das orelhas e os sacudia rapidinho pra cima e pra baixo, enquanto abaixava a cabeça no meio deles e a balançava pra lá e pra cá, enquanto mexia o corpo inteiro levantando as pernas como se em passos rápidos sem sair do lugar. estava sentindo a música.
enquanto isso, o moço na frente dele, ao ver essa cena, sorria com gosto porque finalmente via alguém dançando de verdade, e implicava o menino de xadrez tentando imitá-lo.
e o menino de xadrez, sentidor da música olhava pro moço sorrindo, ria envergonhado, prometendo que nunca mais dançaria daquele jeito. pra minutos depois voltar a sentir a música e balançar seus braços no ar.
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
# 83
# 82
e o que é o amargo de uma tristeza, quando colocado frente à frente com o sorriso mais bonito?
e quede o sorriso mais bonito? ah, esse tá ali em cada espelho, pode ir tirar a prova, eu garanto.
e tem uns que nem precisam mostrar os dentes... aquela meia lua formada com a boca já basta, mas ó: tem que ser aquela que faz os olhos se fecharem.
e o importante da vida é saber cuidar do que se tem. Com risos.
e deixa o amargo virar doce.. ou se não der, no mínimo, agridoce..
=)
terça-feira, 27 de novembro de 2007
# 81
não não.
o medo é freio. e a vida tem que correr em descida, morro sem fim, e com umas pedras soltas pelo caminho que é pra dar uma agitada de vez em quando.
quem tem medo, não consegue nem chegar na beirada do morro.
quanto menos, descer a ladeira correndo. e de olho fechado.
:)
domingo, 25 de novembro de 2007
# 80
e lá estava ela, com aqueles cabelos grandes que tomam conta do mundo.
entrava no palco descalça, e com cara de tímida. uma timidez que até dava pra entender porque ela tinha mesmo o peso de alguém que escreve coisas lindas, e as canta de forma linda.
aí a moça de vermelho começa a cantar e o moço de cinza, sentado sozinho numa das filas do teatro, entrava em seu mundo, que já julgava conhecer, e se hipnotiza ao perceber que não sabia de nada.
a moça de vermelho o encantava, o feria, o ameaçava, o acafunézava, o beijava, o acarinhava e o estapeava, sem dó, e sem perceber que o fazia.
e o moço de cinza, em meio a risos e lágrimas e choques e balanços de pernas e mãos, como se tocasse um pandeiro no ar, se perdia nas palavras cantadas, e eram como se ela as cantasse só pra ele.
é.. o moço de cinza por vezes se viu de vermelho, confundido com aquela que cantava.
e o show terminou, e a sensação perdurou.
e o moço agradece desde então à moça de vermelho por tê-lo dado esses momentos de humanidade.
segunda-feira, 19 de novembro de 2007
# 79
nesse mesmo dia do ano passado, em meio a uma fase turbulenta da minha vida, pegava o radinho, o cd com essa música, me sentava num tapete verde no meio da sala e colocava pra tocar.
de certa forma eu sabia que ela me dizia que eu podia ter momentos melhores.
eis me aqui.
"Ninguém vai me dizer o que sentir
Meu coração está desperto
É sereno nosso amor e santo este lugar
Dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom
Eu tive o teu veneno
E o sopro leve do luar
Porque foi calma a tempestade
E tua lembrança, a estrela a me guiar
Da alfazema fiz um bordado
Vem, meu amor, é hora de acordar
Tenho anis
Tenho hortelã
Tenho um cesto de flores
Eu tenho um jardim e uma canção
Vivo feliz, tenho amor
Eu tenho um desejo e um coração
Tenho coragem e sei quem eu sou
Eu tenho um segredo e uma oração
Vê que a minha força é quase santa
Como foi santo o meu penar
Pecado é provocar desejo
E depois renunciar
Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir
Tenho jasmim tenho hortelã
Eu tenho um anjo, eu tenho uma irmã
Com a saudade teci uma prece
E preparei erva-cidreira no café da manhã
Ninguém vai me dizer o que sentir
E eu vou cantar uma canção p'rá mim"
.
terça-feira, 13 de novembro de 2007
domingo, 11 de novembro de 2007
# 77
e na primeira manhã ele deu uma cambalhota e enxergou o mundo de cabeça pra baixo.
e naquele momento de giro olhou o que deixou pra trás e algumas coisas lhe doeram.
outras lhe aliviaram. e ainda, algumas lhe criaram vontade de dar a volta no tempo.
e aquele giro demorou pra ele muito mais praqueles que observavam aquela cambalhota repentina, o mundo gira gira gira.
e pra ele, tudo de cabeça pra baixo.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
# 76
"
Tenho 25 anos de sonho e de sangue
E de América do Sul
Por força desse destino
O tango argentino me vai bem melhor que o blues
"
é.. tenho só mais 10 dias pra cantar essa música na época certa.
meus 25 anos estão passando.
.
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
# 75
e o mundo girava enquanto ele se deitava no chão de mármore e fechava os olhos.
e na sua cabeça passavam tantas idéias que se fosse as contar ao mundo, não ia ter tempo o suficiente pra isso naquele instante.
daí só forçava os olhos e vez ou outra riscava um sorriso na boca.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
# 74
pra dor de braço depois da academia: dorflex
pra dor no dente: dipirona
pro sono passar: red bull
pra ter gás na vida: fanta mundo
pra andar por aí: bamba azul
pra ir pro trabalho: camisa social verde
pra não dormir no ônibus: alvorada FM
pra desestressar da vida: terças-feiras
pra ver o mar: viagem
pra levar as coisas: mochila
pra não esquecer os compromissos: agenda
pra lembrar que o mundo é bão: e-mails
pra jogar conversa fora: celular
pra distrair o calor: sorvete de côco com crocante
pra escrever bobagens: blog
pra viajar na maionese: ululâncias
.
terça-feira, 6 de novembro de 2007
# 73
e lá estava o menino com aquela cara que vez por outra fazia.
isso porque de vem quando aparecia alguém pra lhe explicar claramente o que tinha dentro dele, detalhando seus sentimentos, seus pensamentos e até mesmo suas vontades, como se aquela outra pessoa soubesse exatamente do que falava.
e aí ele fazia essa cara, um misto de preguiça, ira e até mesmo pena.
é.. pena, porque quem em são juízo se atreveria a virar pra outra pessoa e achar que sabe o que passa dentro dela? ou é alguém muito inocente ou alguém muito presunçoso.
enfim, lá estava ele com aquela cara outra vez. e um tanto de susto no ar, porque pensava que isso não aconteceria mais.. será que as pessoas se esquecem do quanto ele não era típico? do quanto as coisas em sua vida fugiam do normal e esperado pra qualquer um? ou apenas faziam que não sabiam desses detalhes e tentavam, ainda assim, tecer-lhe uma bula, explicando exatamente do que ele era composto?
é uma pergunta difícil de se achar uma resposta, porque o menino era vento. e vento não pára quieto por nada e nem por ninguém. o vento corre, sopra por aí e nunca, nunca é o mesmo em momento nenhum.
então.. não perca tempo, não queira ler o vento, não queria um manual de instruções.
o vento se inventa e reiventa o tempo todo, e é aquilo que se vê, e é aquilo que não se vê, e é, e não é.
e o menino continua a fazer aquela cara.
aquela.
.
segunda-feira, 5 de novembro de 2007
domingo, 21 de outubro de 2007
# 71
"todo mundo tem um pouco de poeira na vida"
frase que li no jornal na sexta e que tem tanto a ver comigo.
meu deus.. como é isso né.. eu nunca jogo nada fora. fato. é só vc entrar no meu quarto pra ver. é uma tralheira de dá dó.
coisas que eu sempre acho que um dia podem me ser úteis, por mais mofadas e amarelas que estejam.
aí eu vejo que minhas poeiras existem não só nas bugigangas danadas, mas no coração tb.
e nem sei se sopro.
quarta-feira, 17 de outubro de 2007
# 70
70 ver um motivo pra que eu possa não rir.
é porque quando 60 naquele canto onde bate raiozinho de sol de manhã, fica com cara de bobo.
70 não me dizer o que eu devo fazer.
e aí eu vejo se posso arranjar 1/2 de a gente se divertir sem ter que pensar muito. usando o acaso de desculpa pra enxergar 100 culpa de nada.
70 não rir quando eu fizer cara de bravo.
porque eu ainda tento me fazer de sério de vez em quando. de barba ou 100 barba.
que é pra me dar a tal da solenidade.
e por fim 70 não tentar entender tudo o que eu digo ou faço.
porque às vezes um pingo d'água é só um pingo d'água.
::
quinta-feira, 11 de outubro de 2007
# 68
me faltam as palavras pra falar daquele momento.
sei lá.. sei não mesmo.
como que argumento o que não entendo? como que descrevo o que os olhos não conseguiram decifrar?
tentar fazer isso é no mínimo prepotência, e não ando lá nesses dias.
só sei todas as frases que eu ousasse dizer a respeito daquilo seriam vagas e incompletas.
é.. é melhor não dizer.
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
# 67
"- esse mundo é um lugar complicado." pensa ela, enquanto costura o botão azul escuro na sua blusa celeste.
ela não entende o porquê de as pessoas sentirem medo. medo serve pra quê? qual a utilidade prática disso? e por que a vida dói tanto quando a gente teme o que está por vir? e mais um tanto de questões desse tipo.
antes de pensar em medo, ela pensava em cores. que aquele botão celeste na blusa celeste era muito sem graça. tornava tudo uma coisa só.. muito homogenea.. e isso é exatamente o contrário da vida.. cheia das misturas, das coisas claras e escuras, tudo assim, misturado, e não tem nada divididinho certinho que nem no yin e yang.. que nada.. tudo é tudo ao mesmo tempo, onde tem claro, tem escuro.. e por isso preferiu trocar o botão celeste, por um azul escuro. que é pra mostrar que ali dentro daquela beleza de céu, ainda tem um tiquinho de escuridão. o que também é bom.
e enquanto agulha vai, agulha vem, e o botão vai sendo embrulhado pela linha branca, ela torna a pensar que o mundo é cheio das complicações. e acaba por se esquecer de qualquer pensamento complicado no momento em que a agulha pica seu polegar.
terça-feira, 2 de outubro de 2007
# 66
momentos, canções, árvores, pipoca doce, tênis azul, livro de capa de melancia.
enfim, acho que sou daqueles de paixão, que não vive se não tiver nem um cadinho de sentimento pra remoer ou pra deliciar.
é por isso que não consigo ser vazio, por mais que eu tente.
sou um ser que deixa transbordar a paixão que não cabe no meu peito.
é.. doa-se.
# 65
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir
e eu vou cantar uma canção pra mim (...)"
e é assim, de canção em canção, de sentimento em sentimento, que a vida segue seu rumo.
a gente se cansa de tudo, dos outros de nós mesmos.
mas numa hora ou noutra, decide que chega de cansaço, chega de temor.
é hora de plantar nossos jardins com as plantas mais cheirosas e viver com leveza e serenidade.
sendo do jeito que a gente quer, pq ninguém entende mais de nós que nós mesmos.
terça-feira, 25 de setembro de 2007
# 64
E ela sabia que gostava da música quando lhe doía a barriga.
Mas não era dor de fazer sofrer não, era uma dor gostosa, porque quem a provocava eram aquelas borboletas azuis (sempre azuis) que moram na barriga da gente e de vez em quando insistem em fazer revoadas.
E desse jeito ela ia. Quando se ouvia uma música e um “ai” baixinho seguido de um sorriso vindo dela, pode saber bem, ela estava adorando o que ouvia.
E vez em quando separava uma bela seqüência de músicas doíveis, só pra sentir suas borboletas a voar dentro de sua barriga. E aí era um ai ai ai ai danado e sorridente, e até a outra mocinha que já aprendia a dançar e a reclamar de ser acordada aprendia que tem dores que são boas.
Desse jeito levava a vida. Cheia de “ais” e asas azuis.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
# 63
dois telefones no bolso e muita paciencia pro mundo.
e dessa forma ele vai andando pela rua, com aquela roupa que ainda lhe cai estranha.
com a barba por fazer porque cismou agora que ficou com um ar legal a deixando assim, e o cabelo no meio termo entre o penteado e o arrumado com a mão.
pasta na mão, fone no ouvido, descendo a avenida amazonas a pé, com aqueles sapatos já meio gastos e pedindo um descanso.
de repente uma música que lhe remonta às sensações boas de 2003. e num repente, começa a cantar alto, acompanhando a melodia, mesmo sob os olhares da multidão que por ele passava..
"you and me, were meant to be, walking free in harmony. one fine day we'll fly awat. don't you know that rome wasn't built in a day. hey hey hey "
e uma sensação de explosão invadiu seu peito, de tal forma que teve que parar por um instante pra respirar fundo porque tava tão bom que até o ar lhe faltara.
não se lembrava quanto tempo fazia que não ouvia aquela música, mas o trem tava tão bom, que ele chegava a sentir choques corpo afora. e seguiu descendo a avenida, com a sensação mais gostosa dos últimos tempos.
mesmo de terno, gravata e todo aquele visual sério, a voz do menino era de felicidade, e não se importou de cantar o mais alto que pôde, mesmo sob o olhar da multidão.
terça-feira, 28 de agosto de 2007
# 62
aí eu olho pro fundo do ônibus, praquela parede (se é que posso chamar disso) onde ficam coisas artísticas... e lá eu leio: "doa-se a quem doer" e fiquei ali, besta, parado olhando até a freada brusca do motorista que quase me joga no colo da dona que estava sentada lá.
e é assim que acontece mesmo não é... a gente se doa pra outras pessoas o tempo todo. seja num namoro, seja numa amizade, seja em casa... a gente se doa, e às vezes dói e outras, a gente faz doer nos outros... acontece... e eu acho bom.
pode parecer insano, mas eu até gosto de me ferir, nesse sentido, de vez em quando.
explico: a minha tendência é me sentir alheio ao mundo... esquecer que eu vivo em meio a um monte de gente, e que estou sujeito a tudo que qualquer pessoa esteja.
e quando eu me machuco, em vez de chorar, eu rio... a dor me faz lembrar da minha situação de ser humano, passível de erros, eu sinto o ar nos pulmões e respiro o mais fundo que posso que é pra ter essa sensação por mais tempo... eu me emociono e simplesmente vivo.
a dor nesse caso é um chamamento, é uma coisa linda, porque me livra do fardo pesado de exigir de mim atitudes que eu não sou capaz de ter.
então eu gosto que doa em mim de vez em quando, e gosto de que se doem a mim também... eu me dôo ao mundo o tempo todo. aceito doações. provoco algumas dores... mas quem não o faz?
o título é da frase do ônibus.
# 61
"
É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração
Mas prá fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
Senão não se faz um samba não
Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração
Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não
"
[samba da benção]
domingo, 26 de agosto de 2007
# 60
e o tempo passa... passa... passa...
os anos se tropeçam uns nos outros, a gente cresce de tamanho, a barba se fecha, e até uns fios brancos aparecem no cabelo...
as roupas velhas já não servem mais, chiclete de bola cansa mais que antigamente, mas a despeito disso tudo, ainda tenho um coração de 17 anos.
terça-feira, 14 de agosto de 2007
# 59
E o azul toma conta de mim nos últimos tempos.
Veja só.. ontem mesmo fui pro trabalho sem perceber de camisa azul e gravata azul também.
Tá bem, e logo mais tarde escuto no rádio que a cor pros rapazes no dia de ontem era azul.
E me ri.
Com minha gravata azul de quadradinhos.
# 58
a gente sempre leva a vida com o objetivo de alcançar as primeiras fileiras, e quando conseguimos chegar lá acabamos percebendo que de tão, mas tão perto que ficou, não enxergamos mais nada.
então é por conta disso que eu quero um lugar bem ali, na 5 ª fileira, na cadeira sete à esquerda e 8 à direita, que é pra eu poder observar bem o que acontece ali na frente, enxergando a vida passar nítida, visível e me deixando tomar partido no que ela me aprontar.
nem pensar que eu quero a primeira das filas... ficar de pescoço pra cima muito tempo dá torcicolo e lá no fundo ficar na ponta dos pés dá caimbra..
ai ai...
palmas.
sábado, 11 de agosto de 2007
# 57
do alto do morro que tem que descer e com aqueles óculos de lentes azuis que tanto intrigava as pessoas... ele nunca os tirava. nunca mesmo. dizem que só se via a cor de seus olhos verdadeiros, que as pessoas não sabiam se eram castanhos ou pretos, naquele segundo antes de dormir.
quando perguntado o porquê de nunca tirar seus óculos, ele simplesmente sorria um sorriso tão fino, tão pequeno e ao mesmo tempo cheio de significado com o canto esquerdo da boca que não precisava dizer mais nada. e assim vivia, serenamente.
e de volta ao morro, lá estava ele, o menino dos óculos azuis, com sua mochila verde pendurada no seu braço direito, olhando pra baixo e respirando fundo, como num preparo pra descer aquela rua quase em pé.
no meio do morro uma menina lá pros seus 4 anos, pede pra ver os óculos dele. Por um segundo ele hesita, mas a criança fora tão convincente em seu pedido, que ele os tirou e colocou nos olhos dela. e quando abriu os seus e viu o cinza que cobria toda aquela cidade e as pessoas com seus rostos cansados e amargurados, uma grande nuvem de tristeza o tomou.
a menininha, notou, e num instante o puxou pela perna e o devolveu seus óculos com um sorriso que explicava tudo.
nesse momento, ele os colocou e desceu a rua cantando baixinho: “se o mundo é mesmo parecido com o que vejo prefiro acreditar no mundo do meu jeito...”
e lá se foi o moço dos óculos azuis. andando pelo mundo.
# 56
então depois de um tempo eu volto nesse canto e com o que me deparo? com um desafio da Milla Loureiro, essa moça que sabe me matar de saudades... pois bem, eu aceito. O desafio era pra indicar as 7 maravilhas da minha vida, então seguem:
1 - minha Vó Doca, por tudo o que fez e faz por mim;
2 - todos os meus amigos verdadeiros;
3 - a música, por sua capacidade de me acalmar;
4 - o cinema, por me deixar viajar na vida dos outros, mesmo que nao existam;
5 - os sonhos, por me manterem acordado e com vontade de realiza-los;
6 - meus inimigos, que me mostraram que tipo de pessoa não quero ser;
7 - os lugares que não conheci ainda, por atiçarem minha curiosidade todos os dias.
pronto. era pra eu indicar 7 pessoas, mas deixo livre pra quem quiser continuar.
=]
# 55
e num pulo ele lembra que tem alguma coisa sendo deixada de lado na vida dele.
se levanta do sofa laranja onde cochilava, e num pulo corre e vem escrever alguma coisa que possa fazer sentido, ou nao.
tempos corridos os ultimos, ainda terminando de fazer as pequenas mudanças. Faltam 3 portas para serem colocadas no guarda-roupas e nao se lembra mais o que é uma cama, mas isso não o incomoda de forma alguma.
e cá está a tirar a poeira desse blog desse jeito meio corrido. mas novas palavras virão.
terça-feira, 24 de julho de 2007
# 54
e lá vai ele com duas sacolas brancas em cada mão. dentro delas coisas que julga essenciais naquele momento.. e sabe, que seu mundo não cabe em duas sacolas, talvez não caiba nem num mundo inteiro, mas naquele momento, duas sacolas são tudo o que seus braços conseguiam levar.
e segue, caminhando no caminho do seu novo local, onde começa a se reconstruir.
nas sacolas leva cds, livros, roupas e algumas lembranças.
e no peito leva liberdade.
no meio da caminhada pára por um tempo pra poder descansar os braços.
- moço, um guarapã.
- de garrafa ou latinha?
- de garrafa.
sábado, 21 de julho de 2007
# 53
vi tem muito tempo isso nos fotologs da vida e hoje no blog da Thaís e resolvi fazer tb. respondendo as perguntas com trechos de música.
.
quinta-feira, 19 de julho de 2007
# 52
e ela liga e não é atendida.
e manda mensagem e não é respondida na hora.
e manda mails.
me chama de desnaturado, e diz que não a amo mais.
boba demais, ô gente.
tenho culpa se minha irmã só liga pro número errado?
tenho culpa se minha irmã manda mensagem quando eu tou ocupado na hora?
tenho culpa se minha irmã não vê que eu sou ela e ela sou eu, e que dizer que não a amo mais quer dizer que eu não amo a mim mesmo??
tsc tsc... e o que mais tenho feito ultimamente é me amar. logo, a amo também.
já cansei de repetir pra ela: "tenho o que ficou e tenho sorte até demais" porque fiquei com o que de melhor havia.
e sabe, que a cada dia, a cada acontecimento eu acabo por acreditar mais nisso?
sabe quando a gente vai à feira e vê aquele tanto de maçãs bonitas e acaba levando um monte delas só porque elas pareciam estar boas, e com isso a gente enche um cesto inteiro? Pois é. Há muito tempo atrás enchi meu cesto de maçãs que pareciam boas, todas tinham seu brilho particular, mas com o tempo, algumas maçãs foram deixando de brilhar, de fazerem vista, de serem palatáveis e apodreceram. umas apodreceram por si mesmas, outras apodreceram porque estiveram em contato com as que já estavam podres, e uma a uma as maçãs foram se mostrando feias, indigestas, e assim, o cesto foi ficando vazio daquelas que estavam podres.
Porém, nem todas perderam seu brilho, nem todas apodreceram, porque eram mais fortes, tinham seu brilho próprio, independente das outras.
e hoje, olho pro cesto e vejo que um monte daquelas maçãs podres se foram (algumas tarde) mas ainda permanecem as mais fortes daquelas, as verdadeiras e que tem brilho próprio. Você é uma delas, a mais brilhante, e acho que não perde seu brilho mas é nunca!
Claro que o cesto torna-se a encher de maçãs novas, melhores que as antigas, mas o seu espaço ninguém ocupa. é seu e pronto.
No fim das contas, eu fiquei com as melhores das maçãs e crescemos juntos.
Por isso eu digo, amo-te sem tamanho.
Então Thaís, lembra disso sempre tá.
ciumentinha da grow.
=]
# 51
e do nada o vento muda a sua direção. e o que era ruína e escuro torna-se iluminado e novo.
e as novas sensações acabam por atacar o sorriso antes cortado, reavivado-o e tornando-o mais forte e brilhante.
as tempestades que antes o perseguiam agora parecem estar mais distantes, quase, quase que não dá pra enxerga-las lá ao longe.
e o cheiro de verde e de chocolate com crocante se faz presente.
os olhos puxados demonstram uma alegria nova e assim, meio correndo pra pegar o metrô, são distribuídos sorrisos por aí.
e assim as coisas seguem.
terça-feira, 10 de julho de 2007
# 50
1. shampoo
2. belle and sebastian
3. lápis de cor
4. ratatouille
5. cimento fresco
6. cd virgem
7. edredon azul
8. suco de melancia
9. fone de ouvido
10. viagem pra roça
11. madrugada
12. thunder chumbinho
13. amelie poulin
14. escova de dentes
15. ponto de exclamação
16. inglês
17. celular
18. almofada
19. dido
20. apagador
21. rosa
22. tosse
24. dança
25. coruja
26. vinho
27. tapete
28. xarope
29. msn
30. all star
31. telhado
32. laranja
33. tatuagem
34. samambaia
35. melão
36. travesseiro amarelo
37. formiga cabeçuda
38. thaís
39. japonês
40. casa verde
41. mar
42. cheiro de árvore
43. salão
44. sonhos
45. sms
46. brilho eterno de uma mente sem lembranças
47. silêncio
48. passarinho
49. liberdade
50. eu
# 49
"pra que eu me divirta às vezes basta um sorriso
às vezes uma palavra é tudo o que eu preciso"
é.. pra uma noite ser boa, às vezes não precisa de mais nada que uma boa conversa e mãos dadas escondidinhas.
thanks for the moments.
=]
segunda-feira, 9 de julho de 2007
# 48
todo mundo devia ter uma valsa na vida.
dessas de fazer dançar com a vassoura na falta de alguém.
e que ia ser do mesmo tanto de feliz.
todo mundo tinha que ter uma valsa na vida.
e fazer que nem a amelie, sendo contente com coisas pequenas.
e que fazem um momento grande.
é.. todo mundo devia ter uma valsa na vida.
daquelas de esperar por duas horas alguém sem reclamar.
porque a valsa pára o tempo.
todo mundo devia ter uma valsa na vida.
e sentar num café e esperar, esperar, qualquer coisa.
e a coisa pode ser alguém
e esse alguém pode ser que seja eu.
dois pra lá.
dois pra cá.
.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
# 47
Eu não estou em lugares comuns.
E isso é certo, assim como o vento não tem cor, mas pode colorir o mundo com as folhas que carrega.
Talvez no bater de asas de uma abelha eu possa estar escondido, tentando fugir de carona naquelas costas amarelas e pretas.
Mas não consigo ir muito longe.
Assim como estátuas de areia, me paraliso em beira-mar logo me desfaço com a força das ondas.
Isso tudo pra logo vir uma criança e me dar a forma que quer que eu tenha de novo.
Eu não estou em lugares comuns.
Posso estar no pó que cai da estrela azul, recém nascida no universo e pronta pra brilhar.Caio em Terra e ninguém percebe, só procuram a luz.
Definitivamente, eu não estou em lugares comuns.
Me procure embaixo da folha mais seca do outono, de onde posso flutuar no ar em sua queda, mesmo por alguns instantes, mas sentindo a sensação mais perfeita que poderia ter.
A lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
# 46
:: do escuro
E de todos os caminhos pelos quais ela podia seguir escolheu aquele que mais pedras brilhantes tinha no chão. Não pedras de obstáculo, mas pedras brilhantes, que refletiam (pensava ela) a luz que o sol emanava. Ela tinha muito medo do escuro.
E deu seu primeiro passo e sentia que quanto mais andava, mais coisas deixava pra trás.
E foi perdendo lembranças. Não se lembrava mais do primeiro sorriso que viu, nem do primeiro passo de bebê, nem do seu primeiro medo do escuro.
Não percebia que as pedras não refletiam a luz do sol, mas sim a luz das lembranças daqueles que escolhiam seguir por aquele caminho.
Se olhasse pra trás poderia ver aquele abraço apertado que quase lhe tirou o ar, mas foi o melhor abraço que já recebera. Podia se ver ainda sentada na calçada soprando bolhinhas de sabão com um canudinho azul.
Mas ela não olhou pra trás. Seguiu em frente e do outro lado já não sabia o que era o sol. E nem que tinha medo do escuro.sábado, 30 de junho de 2007
# 45
e sim, eu tenho uma amiga que já é poesia.
que faz meus dias se encherem de borboletas e estrelas quando aparece de manhã com uma mensagenzinha no meu orkut ou mail, ou nas nossas conversas em que os dois viajam mais longe que podemos em nossos pensamentos.
Hoje a LN deixou no meu orkut um poeminha que eu vou postar abaixo.. só pra ter idéia de como é bom.
"Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta da tua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar"
(Retirado de A NATUREZA DAS COISAS - IRAH CALDEIRA)
se avexe não
quarta-feira, 27 de junho de 2007
# 44
esse é o post de número 44.
e eu gosto desse número.. me lembra bingo..
aquele bingo que eu jogava na casa da Dona Conceição lá pelas voltas dos meus tantos 9 ou 10 anos... e adorava quando saía 44.
eu torcia..
eu torcia tanto pra ele sair, só pra ouvir a Sandra cantar: "quaraquáquá"
e eu ria e marcava na minha cartela.
sim, porque todas as minhas cartelas tinham que ter 44, era como meu número da sorte... que sorte que nada.. eu queria mesmo era ouvir o "quaráquáquá".
terça-feira, 26 de junho de 2007
# 43
e a vida é um eterno vai-vém. vem chuva e sol depois.
vovó sempre diz que quando cigarra canta demais e as formigas cabeçudas arrumam uma passeata pode saber que vem tempestade.
vovó sabe das coisas.
me cura de dor de garganta com mel e própolis e seus chás de todas as plantas que ela conhece, cada um serve pra uma coisa diferente. e banho de sal grosso com alcool é pra descansar o corpo, diz ela.
vovó sabe mesmo de muita coisa.
reza por mim e pelos outros netos e filhos todos os dias às 4 da manhã. com seu terço de pedras pretas (presente meu) em suas mãos, liga o rádio e acompanha atenta à reza do terço. todos os dias.
depois volta a dormir e acorda às 8 pra tomar seus remédios, que ela detesta, e seu café com adoçante.
vovó sempre soube de muitas coisas.
diz ela que quando a mão coça, a gente tem que coçar e jogar a coceira dentro da camisa porque é sinal que dinheiro vem aí. e diz que quando o pé que coça é porque viagem está por vir.
e vovó briga quando apareço com cara de sono na casa dela: ah menino, toma vergonha nessa cara branca sua. e com um riso me dá a sua benção.
vovó sabe viver.
domingo, 24 de junho de 2007
# 42
e ele não era do tipo que se desapegava das coisas.
e cada vez mais bugigangas tinha. e na caixa de sapatos vermelha já não cabia todas as coisinhas que ele tinha, lotavam uma gaveta inicialmente e depois passaram a se espalhar por todo o quarto.
e eram bilhetes de colégio, faculdade, provas da 5ª série, lápis de cor, surpresas de kinder ovo, gnomos, pop cards, canetas velhas, clips, borrachas, poemas, cds, filmes, livros, papéis e mais papéis, papéis de presente, enfim... coisas que ele juntava desde sempre.
e já eram tantas as coisas que acabou se perdendo no meio delas, se tornando passado, preso às coisas antigas.
era do tipo que não se desapegava das coisas.
seus amores eram vencidos. dos que já passaram. e as lembranças não o deixavam perceber o presente que acontecia, e só vivia de musicas e lembranças de beijos que passaram.
só que esses não cabiam em uma caixa de sapato... sequer em gavetas e quartos. eram lembranças sem tamanho certo, que deviam ter passado, como o nome sugere.
mas não. ele era do tipo que não se desapegava das coisas.
e assim vivia, sua vida de museu.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
# 41
e a moça me vem e diz: me dá um poema?
e como eu explico que o próprio poema é ela? que não tenho como reescrever algo que se move?
e eu não sei mesmo fazer isso, então me arrisco em umas palavras.
e lá vem ela caminhando rua afora
seus passos têm uma segurança grande
que é exigida pra combinar com sua altura
e quem vê acredita ser uma mulher invulnerável
tolos tolos, quem só se deixa vê-la ao longe
não sabe que perde uma beleza gigante
maior até que ela mesma
a beleza que se prende naquela alma de cabelos louros
e que enxerga o mundo por vistas verdes
e não se espante. é bela que só ela.
por vezes Odete, na maioria patrícia.
é humana, com suas peculiaridades de gente
e sonhos de moça
é gente que ri com as bobagens dos amigos
é menina que chora com o filme pra criança
é mãe que se entristece com a partida de seu filho
é tia que se derrete com o sorriso da menininha
é mulher que busca ser feliz e amar
mas sobretudo, tem alma bela.
e beleza d'alma não se vê em cada esquina
podem dizê-la de dondoca, patrícia,
mas não sabem de nada.
tolos os que não se aproximam por medo de sua estampa forte
nunca saberão da fragilidade que guarda aquela armadura
e do tamanho do coração que lá se esconde
tolos digo, porque tolo já fui.
mas perdi minha tolice no dia que me deixei conquistar
é bela, é odete, é amiga, é patrícia.
terça-feira, 19 de junho de 2007
# 40
e ele resolve: não vou cortar o cabelo!
toma em sua mão esquerda o pente, coisa que há muito tempo não usava porque estava acostumado a muito a usar o cabelo curto, ou então só a passar a mão pra abaixar, e com aquele objeto quase esquecido começa a mexer em seus cabelos.
penteia pra um lado e pro outro, e se impressiona de como passou tanto tempo sem fazer isso.
deixa o cabelo penteado pro lado esquerdo na frente, e pro direito lá no outro canto, o resto penteia pra trás. e lá, na frente do espelho, sorri, se lembrando que usava esse penteado a mais de dez anos atrás, na época de primeiro grau de colégio.
olha pra si, e hoje tem barba. não é mais aquele menino baixinho e esquisito que na hora do recreio ia pra quadra se assentar sozinho e olhar as nuvens formando desenhos.
hoje, já grande, não se lembrava da última vez que assitiu às nuvens a desenhar, e já não era tão baixinho mais. Resolve que hora ou outra vai tornar a fazer isso.
raspa toda a barba e deixa o cabelo de lado. sai pra rua cantando baixinho, e com vontade de ao invés dos sapatos duros nos pés, estive com seu ki-chute, aquele antigo, tamanho 33/34 que hj não caberia mais nos pés dez números maiores.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
# 39
e lá ia ele com seu porta cds carregando uns 45 deles. nunca tinha aprendido a mexer em máquinas de djs, mas era tão metido a besta que se ofereceu pra tocar pra um monte de gente.
e assim foi.
no meio de um tanto de folhas e papéis com as listas de músicas dos seus cds, numa organização típica de si, se perdia, mas não deixava o som parar.
e sua alegria maior era olhar pra frente e ver gente sentada batendo o pé no chão e balançando a cabeça ao som de suas maluquices... e ele mistura Abba, com Nirvana, música espanhola com francesa, belle and sebastian e camille, e por aí ia.
e ninguém se divertia mais que ele.
e o menino que naquela noite se fingia de DJ abria um sorriso a cada expressão de "não acredito que tá tocando essa música" que ele percebia no rosto de seus ouvintes.
e a música ia madrugada a dentro...
segunda-feira, 11 de junho de 2007
# 38
um vez eu ouvi dizer que a cada vez que a gente espirra um pedaço da nossa alma é jogado pra fora do corpo.
na mesma hora pensei: "puxa vida, então uma hora a alma acaba..." mas será?
não sei se a gente pode entender que o corpo é uma embalagem pra alma, que ela fica toda guardada e é exatamente do tamanho da gente. ou se é uma coisa que se expande quando é colocada pra fora, e que do lado de dentro ela fica dobradinha, bem esprimida, e que na verdade
ela é tão grande, mas tão grande que a gente pode pegar todas as gripes do mundo e espirrar o quanto quiser que sempre vai ter um pedacinho de alma lá dentro.
sei lá, eu prefiro acreditar na teoria de que ela é infinita, até porque se não for, podem me chamar de desalmado, porque nessa semana eu espirrei pro resto da minha vida.
ah, são três da manhã. deixa eu parar de falar bobagem e tomar meu antigripal.
quarta-feira, 6 de junho de 2007
# 37
quando parado, o mundo roda.
não, não é tonteira, nem alucinação... é observação.
dessas de quando a gente tá parado olhando pro asfalto quente e vê as ondas de calor subindo pro céu... aquelas ondas quase invisíveis.
o mundo roda e eu tento girar ao contrário dele... sei lá porquê.
Talvez por ter visto em algum lugar que se girarmos com muita velocidade pro lado contrário do relógio a gente pode fazer o tempo voltar...
é... parece loucura.. mas é só uma forma de quase simplicidade.
às vezes eu tento procurar um pouco de ingenuidade em mim.
sexta-feira, 1 de junho de 2007
# 36
junho chegou na meia noite fria.
aí se pensa: Pôxa, mês 6 de 12. meio do ano...
que susto.
o tempo passa mais rápido aos vinte e cinco. é a conclusão que eu cheguei.
terça-feira, 29 de maio de 2007
# 35
1) sempre tomo banho com o espelho virado pro chuveiro e ouvindo música.
2) tenho pilhas de revistas de palavras cruzadas antigas inacabadas no meu quarto porque só consigo jogar fora depois de resolver a todos os passatempos, sem deixar nenhuma página em branco.
3) quando estou nervoso ou ansioso arranco os pêlos da minha barba com a mão.
4) quase nunca como feijão, chocolate, morango e sorvete... não gosto muito. por conta disso já tive crises de anemia.
5) na minha casa só durmo quando as cortinas estão bem fechadas, sem nenhuma fresta da janela escapando, que é por medo da noite entrar no meu quarto, e nunca me levanto de madrugada.
6) tomo chá mate todos os dias de manhã, ao acordar.
7) de vez em quando fico horas deitado na grama da escola de música da UFMG olhando pro céu azul e pensando na vida sob a sombra de uma árvore.
8) eu tenho pânico de calangos, até atravesso a rua quando tem um no muro da calçada.
.
sexta-feira, 25 de maio de 2007
segunda-feira, 21 de maio de 2007
# 33
e lá ia ele.
sem sorriso, sem lágrima,
sem pensamento nem palavra
só ia.
sem destino certo, pra quê?
a única coisa que fazia era respirar.
e o ar lhe envergonhava
deixava as bochechas vermelhas
e nem motivo tinha
mas a sensação era boa
e não pensava.
só ia.
só ia, e ia
sorria.
sexta-feira, 18 de maio de 2007
# 32
- qual a causa dessa cara fechada moço?
- não sei. sou assim e pronto.
- credo, que azedume. perainda que vou ali na banca de revistas.
- já vai tarde.
- toma moço, esse pacote de figurinhas, talvez tenha aquela...
o moço pára. abre o pacote e toma as figurinhas em suas mãos.
- é por isso que sou esse adulto azedo que me tornei hoje. nunca completei um album de figurinhas.
- quê moço?
- nada rapazinho, vc tem cola aí?
quinta-feira, 10 de maio de 2007
# 31
e o príncipe um dia vira rei. e aí ele deixa de ser pequeno e se torna grande demais, e acaba por perceber que os pombos já não aguentam mais seu peso, e também que já não tem tanto ânimo pra pegar carona em cometas.
então o príncipe que outrora fora pequeno já não tem mais olhos tão tenros, e nem se lembra mais quando foi a última vez que conversou com a rosa, e ao olhar pro lugar onde ela ficava, havia um caule grande e alto, cheio de espinhos, e lá no alto podia-se enxergar um ponto vermelho, que devia ser a rosa. talvez fosse, mas era alta de um tanto que nem voz lá chegava.
e nesse momento deixava de lembrar pra sempre das palavras da raposa, e a rosa torna-se apenas uma rosa.
o príncipe agora era rei, grande de tamanho e majestade, mas grande também de solidão. Mas não há mais tempo para preocupações tolas com rosas, cometas e pombos. Ele agora tem que reinar em sua estrela, com altivez e grandeza.
no olhar cansado do rei já não se reconhece qualquer brilho do olhar daquele pequeno principe que um dia pensou ter aprendido lições pra todo o sempre.
depois de crescer, o grande rei aprendeu que o pra sempre também tem fim. e lá retorna o rei de cabelos louros para o seu grande trono, ele tem que reinar. Não há tempo pra pensar em raposas. não há mais tempo pra pequenezas.
segunda-feira, 7 de maio de 2007
# 30
Boogie = dançar, remexer, mover, requebrar, gritar, cantar, correr, sorrir, levantar o dedo pra cima, dar pirueta, deitar na pista de dança, gritar uhu quando a musica é boa, fazer dancinha divertida, olhar pro amigo do lado com o olhar "eu adoro essa", se divertir.
Yes sir, I can boogie.
você também pode. sexta - 11 de maio - 23hs - confessionário.
=]
# 29
"Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
Já que você não me quer mais
passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove com o retorno de saturno
Decidi começar a viver
Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar e a pedir perdão
E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez"
::
isso é dele!
domingo, 29 de abril de 2007
# 28
e lá no fim do céu, pelo menos até onde o alcance de sua vista alcançava e chamava de fim, raios cortavam o céu anunciando uma possível chuva.
mas ele pensa: - o céu tem estrelas, e vovó diz que quando tem estrelas não chove. e se de um lado um monte de nimbus cobre o vestido de estrelas daquele dia, do outro elas reluzem contentes, brincando de desenhar suas constelações e cirandando com a lua minguante, que a esta altura, não minguava, sorria, com o baile das estrelas.
e pensa outra vez: - devia ir pro lado das estrelas... mas meu destino de hoje é encontrar os raios, mas como eles estão no fim do céu, não devo chegar até lá, e com sorte, quando lançar a cabeça pra trás, verei uma estrela que será só minha.
e sai, com um pouco de receio, mas lá se vai rumo a seu destino.
e nem uma gota de chuva se fez.
terça-feira, 24 de abril de 2007
# 27
e ali, na sombra da árvore, deitado sob o céu azul mais azul que pôde se lembrar, pensou no infinito.
e se lembrou de como era o barulho do silêncio, quase confudido com paz.
estava tão em paz e sintonia consigo mesmo que, sem perceber, fechou os olhos e cochilou por algumas horas, à sombra daquela árvore, e nem mesmo as formigas alaranjada que ali moram o incomodaram.
era como se parte da àrvore se tornasse e gente a árvore tornasse em troco.
quando acordou sentiu-se natureza, quase com a sensação de seiva em suas veias, e o oxigenio lhe era combustível do mais puro, livre da fumaça dos malditos cigarros.
por instante deixara de ser gente.
e isso nem era ruim.
segunda-feira, 23 de abril de 2007
# 26
e daí o piano anuncia a nota que vai chegar em seguida.
é um barulho bom, que bate leve no ouvido da gente e faz vontade de rir.
mas não é o piano que chama a atenção em si, apesar de que aquele móvel preto grande seja bem chamativo por sua postura de coisa brava, mas sim uma certeza de que a melodia uma hora cessa.
e é o que vem depois do cessar do som que me atiça... que faz remoer o bichinho da curiosidade que me habita: que será que vai vir?
aplausos? pode ser que sim...
vaias nunca. nunca mesmo, porque piano é coisa chique, e gente chique não vaia porque mesmo não entendendo nada do que ouviu, tem que passar a impressão pras outras gentes chiques ao redor de que entendeu tudo e achou maravilhoso, e se possível, deixar até rolar uma lágrima falsa, só por ser chique.
mas voltando ao mistério...
por que o piano tem que ter um som assim.. que me atiça? não sei. só sei que gosto de ouvir e que termine logo... pra eu achar logo os segredos pós-notas.. e a maior delícia é que não se repetem.
ah. quero ouvir a abertura da turma do charlie brown e do Snoopy, e pensar em ser um menininho que arrasta um cobertor azul pra perto do outro, só pra ouvir um piano.
=D
quarta-feira, 18 de abril de 2007
# 25
quando eu me vejo em momentos de desbaratamento das idéias, perdido no meio do caos que é minha cabeça, eu olho pro teto.
o teto do meu quarto não é dos tetos de quartos de rapazes de 25 comuns. nele tem estrelas, luas, discos voadores...
então, meu escuro nunca é escuro.
quando apago as luzes, esses astros brilham fosforescentes naquela parede deitada acima da minha cama e às vezes, até me assuto com eles.
então pra mim não há dias com noites nubladas. minhas estrelas não temem as núvens.
e olhar pra esse teto divertido, me faz pensar: "é.. as coisas não são tão ruins."
e durmo um sono de poliana.
quarta-feira, 11 de abril de 2007
# 24
:: Da primeira vez de respirar
E abri os olhos antes de qualquer coisa. Ainda não sabia o que era nada, sem nomes, sem formas... tudo podia ser o que eu quisesse, mas ainda não queria nada, só abrir os olhos.
Depois dos olhos, foi a vez da boca, o que é até engraçado de se dizer, porque naturalmente a boca se abriria antes para que se pudesse respirar. Eu disse naturalmente. E não estou falando de natureza, estou falando de mim. Pois bem, depois de abrir os olhos, e ver o mundo que ainda não se chamava mundo, abri a boca, e pela primeira vez o ar me invadiu, pela primeira vez respirei, e me senti como um balão desses de criança, me inflando aos poucos, e essa sensação me era divertida.
Ao mesmo tempo que o ar me enchia, me ria por dentro, e era como se bolhas de sabão me invadissem e de repente o desespero: o que fazer com tanto ar? Que desse momento em diante já se chamava ar. Ainda não aprendera que da mesma forma que entrou ele teria que sair. E aí sim o natural me tocou, e meus pulmões expulsaram aquele invasor que me proporcionou tanta alegria naquele precioso momento.
E aí já era tarde... um vício por ar me tomara. E depois da primeira vez não quis mais parar. E tornei-me alguém que respirava, e o melhor, que gostava disso.
Os respiros então começaram a variar de formas, uma hora eram fortes de afobamento, noutra leve, devagarzinho que era pra não acordar ninguém, e ainda tinham os sapecas, que não podiam ser ouvidos, mas que se deliciavam. E tornaram-se por vezes suspiros de emoção, de vontade, de inveja até. Mas jamais a sensação daquele primeiro respirar fez-se presente outra vez.
domingo, 8 de abril de 2007
# 23
e no pingo de chuva que atingiu minhas costas naquela tarde de ontem senti um arrepio.
sei lá se o pingo atingiu algum ponto específico das minhas costas que pode provocar arrepios, ou se foi só pelo fato de ser uma gota de água gelada que eu não esperava. só sei que senti um arrepio.
e isso nem foi ruim.
no momento eu achei tão bom o susto que um sorriso me alcançou e caí em gargalhada de tal forma que tive que parar aquela corrida de quem estava atrasado pra rir por alguns segundos.
e achei engraçado a forma como aquela coisa tão boba quanto uma gota d'água me arrancou aqueles momentos de alegria, é coisa que a gente não entende.
e quer saber? se eu passar a entender, não vai ter mais graça.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
# 22
e os olhos estão pesados... uma lágrima ou outra escapa deles, nada passional, só sono mesmo.
e embora esteja claro que não conseguirá ficar ali por mais uma hora, como queria, pra fazer sei lá o quê, ainda insiste.
tolice.. dali a uns minutos vai desistir e correr pra cama, onde vai ter o trabalho de jogar pelo chão as roupas recém passadas, pra seu desespero posterior.
assim que deitar, reinicia o ritual de todos os dias: pega seu chá de hortelã ou erva doce, vai tomando aos golinhos pra não se queimar, e sabe que é só se deitar que o sono some.
liga o rádio com um cd mais tranquilo, pega a revistinha de Sudoku e começa a encaixar os numeros nos quadrados, e quando se assuta, já desligou a luz, jogou a revista pelo chão e já estava dormindo.
os minutos antes do sono têm servido pra pensar: "puxa, daqui a pouco tenho que acordar...."
segunda-feira, 2 de abril de 2007
# 21
- sim, é hoje!
- o que que é hoje menino?
- é hoje o dia novo que nasceu.
- uai, mas é normal, todo dia nasce.
- não, mas hoje é especial.
- gente... o que tem de especial?
- tudo! não tá vendo?
- o quê?
- ah, é coisa que não sei te explicar... coisas simples.
- tipo o quê?
- olha só.. o vento tá soprando mais leve, tem uma flor nova naquela àrvore, os passarinhos estão piando mais...
- eu hein.. vc tá ficando doido?
- não.. eu tou ficando simples.
sábado, 31 de março de 2007
# 20
isso foi a uns 2 anos atrás.
:: daquele dia em que fui dono do meu guidom
Pronto. Tô aqui. E agora?
Tem gente dançando.
Mas eu tô só.
Essa música é boa. Eu gosto de The Cure.
Mas minhas pernas não querem me deixar dançar.
Tem tantos olhos em volta.
E se eu cair? E se eu tropeçar?
E se todo mundo descobrir que eu não sei dançar?
saco a cartela do bolso:
- (aos gritos) Uma capirinha sem açúcar.
e lá vai a pinga com limão sendo virada de uma só vez.
A pista já não é tão mais assustadora.
"boys don't cry"
E na frente da caixa de som lá no fundo meus pés pulam.
Dançar sozinho nem parecia mais tão ruim.
Fazer o que se quer.
É preciso de vez em quando... mesmo que ninguém tope te acompanhar numa aventura dessas.
sexta-feira, 30 de março de 2007
# 19
"...então me diz qual é a graça de já saber o fim da estrada quando se parte rumo ao nada?..."
Quero um nada meu. Um nada que eu possa encontrar sozinho, ou com a ajuda de quem teve coragem de me acompanhar nessa viagem louca. Quanto tempo vai durar essa busca? Não sei. E que graça teria saber? Nenhuma. Quando chegarmos ao nada daí podemos pensar: "Pronto! Agora é hora de querer o tudo!"
E lá se dá início a uma nova viagem...
quinta-feira, 29 de março de 2007
# 17
* ontem vi uma rua com gosto de refrigerante. Não, não a lambi, mas não duvido que o tenham feito.
* minha ex cachorra teve por uns dias gosto de perfume barato.
* o meu depertador tem gosto de preguiça.
* minha cama tem gosto de vontade.
* chocolate tem gosto exagerado.
* sorriso tem gosto de vida
* eu tenho gosto de mim.
às vezes até me gosto assim.
# 16
ufa!
como que se consegue dormir até esse horário em plena quinta-feira?! logo eu que acordo às 9:00..
tá, pelo menos um bocado do cansaço acumulado foi-se.
antes de abrir os olhos tem aquele momento de pré-consciencia, onde não se sabe o que é sonho e o que é realidade...
pré-consciencias deviam ser um estado natural.
quarta-feira, 28 de março de 2007
# 14
E isso é certo, assim como o vento não tem cor, mas pode colorir o mundo com as folhas que carrega.
Talvez no bater de asas de uma abelha eu possa estar escondido, tentando fugir de carona naquelas costas amarelas e pretas.
Mas não consigo ir muito longe.
Assim como estátuas de areia, me paraliso em beira-mar logo me desfaço com a força das ondas.
Isso tudo pra logo vir uma criança e me dar a forma que quer que eu tenha de novo.
Eu não estou em lugares comuns.
Posso estar no pó que cai da estrela azul, recém nascida no universo e pronta pra brilhar.Caio em Terra e ninguém percebe, só procuram a luz.
Definitivamente, eu não estou em lugares comuns.
Me procure embaixo da folha mais seca do outono, de onde posso flutuar no ar em sua queda, mesmo por alguns instantes, mas sentindo a sensação mais perfeita que poderia ter.
A lucidez é um acesso de loucura ao contrário.
# 13
Tudo seria tão mais fácil... imagine só: quando eu dissesse aquela besteira do dia eu podia apertar o botão de rebobinar e fazer diferente; ou então naqueles momentos mais bonitinhos, que são mais raros, eu pudesse apertar o 'slow' e fazer a cena passar em câmera lenta pra que durasse muito e muito tempo... e ainda, quando estivesse cansado era só apertar o 'pause" ou o 'stop' e ficar descansando os olhos...
Não, eu não ia aguentar esse cargo de Diretor por muito tempo não. Gosto das coisas do acaso, das surpresas, do "de repente"... mas tem dias... tsc tsc... =)
# 12
- mas e agora?
- uai, deixa a coisa fluir.
- não é tão simples assim...
- é sim, você que é complicão, adora problematizar as coisa.
- ah, mas eu disse que não ia acontecer mais.
- como se você não soubesse que isso não se controla...
-------------------
- hoje tou com jeito de pipoca doce.
- e que jeito é esse?
- aquele quando eu tenho vontade de correr pela rua e pular as faixas de pedestres só nas listras brancas.
- mas aqui não é o lugar... você tá de terno!
- e daí, as pessoas deviam fazer isso também, a vida seria mais leve.
- então vá em frente.
- já fui.
terça-feira, 27 de março de 2007
# 11
e de repente olho ali no canto e vejo um all star azul.. que já quase não uso, troquei pelos pretos com estrelas brancas.
e no outro canto uma frase escrita a um tempão atrás na parede: "seja realista, exija o impossível".
daí com um impulso me levanto e passo a vasculhar minhas coisas antigas.. ler textos, cartas, bilhetes trocados, fotos... enfim.. assisto de cadeira cativa a uma retrospectiva da minha vida, passada ali, nas minhas mãos.
levantando a cabeça me deparei com o espelho, e lá não pude ver minha aparencia externa, mas sim o que eu havia me tornado. como cheguei até aqui... foi muita coisa.. muita gente... muitos erros e muitos acertos também.. enfim, muita vida.
até minha barba tinha se fechado e eu nem percebi.
como é que pode né... já sou gente grande...
e continuo sonhando... com a cabeça lá nas núvens, esquecendo de manter os pés, agora maiores, no chão.
e vou percebendo que mesmo depois de tantas mudanças, de tanta gente que passa pela vida, um pouco de mim ainda se mantém intacto, e em torno dele um pouco de todo mundo que vivi.
agora tá na hora de me redescobrir...
segunda-feira, 26 de março de 2007
# 10
É mania que tenho de não desfazer os laços dos meus tênis aos descalçá-los.
na pressa de libertar meus pés, vou logo pisando no calcanhar e lançando longe o All Star pra lá. E do jeito que estava permanece, com o laço dado, embora já não tenha mais pés pra apertar.
Claro, seria bom desatar esses laços, mas quando torno a calçar os tênis, os calço do jeito que estão, com aquele laço antigo mesmo. Aperto um pouco os pés e pronto, com um pouco de esforço os enfio nos tênis com cadarços amarrados.
O que demorei a perceber é que os laços antigos já estão fracos e já não prendem os pés da mesma forma que antigamente.
É... preciso aprender a desamarrar os laços antigos, que já não prestam mais pra prender os pés dentro do tênis, e vez ou outra os pés escapam e ficam descalços quando não deveriam. É preciso aprender a desatar os nós antigo, a desamarrar os cadarços toda vez que for descalçar os pés, pra que os laços novos venham a acontecer.
Agora já sei dessa precisão, e acabo de dar aos tênis azuis laços novos e diferentes daqueles que antes os prendiam aos meus pés. E não é que me sinto mais seguro agora?
E me vem à cabeça que não são só os tênis que me recem ter seus cadarços desamarrados e reamarrados a cada calçada... a vida também.
# 9
- quem?
- elas, as borboletas azuis.
- mas cadê que eu não tou vendo?
- no meu estômago, revoando feito loucas...
- uai, mas como vc sabe que são azuis?
- porque é assim que eu quero.
# 8
e eu tou aprendendo pra vida a cada dia que acordo. e a cada dia que eu durmo, eu me esqueço de algo daquilo que aprendi e vivo como um quebra-cabeças que sempre tem peças a faltar.
e isso é bom, porque aquela coisa que eu desaprendi eu vou tornar a aprender depois, mas de outra forma. viva a mutação do mundo.
e ainda sou tão quebra cabeça no início.. cheio de pecinhas faltando ainda.
mas nos ultimos tempos ando com vontade de aprender. coisa que eu tinha perdido antes... e deixado perdidas, eu tava sem rumo, inerte... sem vontade.
e agora já me vejo tão pronto pra deixar a vida me empurrar pros prazerizinhos da danada da paixão que já me vejo assim, bobo de novo.
e essa bobice tem me vindo de forma boa... que não tá machucando.. sem medos de rejeição ou de qualquer coisa... por enquanto ela vem mais como alívio... uma forma de me lembrar que o mundo não parou pra mim e que eu vou viver mais um monte de coisas.
é... veio pra me mostrar que eu vou sim me apaixonar de novo, que eu vou sim viver todas aquelas coisinhas bobas de gente apaixonada, de assistir comédia romantica e sentir uma ponta de inveja.. de escrever bilhete que nunca vai ser entregue e todos aqueles clichês que eu, particularmente, adoro. =)
enfim, de volta ao cupido.
ai ai.. *suspiros com cara de bobo
quinta-feira, 22 de março de 2007
# 7
CONSIDERAÇÕES SOBRE A QUASE MORTE
“... quase morri a menos de 32 horas atrás ...”
(um dia perfeito – legião urbana)
E é assim, com um estouro só audível em sua intensidade verdadeira por aqueles que estão na iminência de levar um tiro, que uma vida pode se esvair.
Um segundo só já basta.. não precisa esperar mais nada. Com um único movimento acaba-se a luz, a respiração, a vida...
Ontem passei por uma situação assim, ou melhor, quase, graças a Deus.
Nunca pensei que estaria assim tão atemorizado frente à morte.. pôxa, logo eu que sempre “quase morro atropelado” em todas as esquinas, quase todos os dias. Mas foi diferente.
Estar frente a frente com uma arma não é a mesma coisa que um “fedaputa” gritado por um motorista no trânsito. É uma sensação que ainda não tinha sentido, o verdadeiro temor. E logo eu, o valente.
Num segundo que foi mais duradouro que muitas horas que se contam por aí, eu vi minha vida toda passando por mim num carro azul e dando tchau. E ela apontava pra mim e me dizia: você tem me aproveitado mesmo? Você tem se aproveitado de mim? Tem usufruído tudo o que posso te dar?
E eu olhava perplexo pra ela, naquele vestido verde, - ora bolas, a Vida é mulher – reclamando de mim aqueles minutos que perdi me preocupando com coisas pequenas, aqueles minutos que perdi pensando no que os outros pensavam de mim...
E lá estava eu, olhando pra Vida brava e sem conseguir dizer nada. Enquanto isso a ação continuava no ônibus nem tão lotado (era bom demais pra ser verdade) e a arma continuava ali do meu lado, mas era ainda aquele segundo paralizado, só eu e Vida e Vida e eu.
Não sabia o que dizer... fazer uma promessa de que aproveitaria melhor a partir dali? Não... já tinha gritado “carpe diem” pelo mundo inúmeras vezes antes... e sempre voltava ao estágio inicial. Me arrepender das coisas que já fiz? Não, eu não sou tão bonzinho assim também, afinal de contas, me diverti bastante fazendo algumas daquelas consideradas arrependíveis.
Ah, como não sabia o que dizer, optei pelo silêncio. E deixei a Vida me mostrar mais coisas sobre mim mesmo, mostrar meu lado covarde, meu lado valente, meu lado triste, o feliz e aquele que fingia ser um pouco de tudo isso de vez em quando.
Sei que de repente olhei praquilo tudo e vi o quanto a Vida é passageira - ela tava sentada ali do meu lado no ônibus - e que poderia terminar de repente, estupidamente.
Planos? Ah, pra quê faze-los? Quase que tudo o que planejei pra minha vida inteira ia embora com uma bala. Daí percebi o quanto de tempo que perdi os fazendo, uma tristeza, um vazio, me irrompeu e Vida abriu finalmente um sorriso, como se tivesse chegado a seu objetivo.
O segundo passou. A arma estava lá, eu na frente dela, o assaltante atrás. Bum! Fecho os olhos. O ônibus pára, mas ainda não abro os olhos... será que to vivo? Pensei.
Três caras correm pela rua e pela janela do ônibus chove um chip de celular, o meu. Eu estava vivo.
A sensação de quase morte me perseguiu a noite inteira, arrepios, calafrios, passou.
E agora? E a Vida? Ah.... guaraná.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
# 6
subindo a rua eu vi uma sombra.. medo. o que fazer?
tenho medo de vultos, aliás, tenho medo de um monte de coisas, mas a impressão de que há algo ali e a gente não consegue simplesmente enxergar é a pior.
me ri e lembrei da canção da Shivaree
"What should I do I'm just a little baby
What if the lights go out
And maybe and then the wind just starts to moan
Outside the door he followed me home"
impressões:
1. corri. corri bastante pra que o que seja lá o que for não me alcançasse.. apesar de que se fosse alguma assombração poderia aparecer na minha frente.
2. fechei os olhos bem aperatados quando minha respiração não me deixou mais correr. preferia não ver o que estava ali.
3. cantei. cantei a primeira música que me veio à cabeça pra que eu não pudesse escutar os barulhos do que me espreitava. pena que a música foi: "vou de táxi" e eu sem um tostão pra pegar um.
4. chegando no primeiro lugar habitado - por seres humanos - eu me sentei e disparei a rir. ninguém ao redor deve ter entendido nada, mas só ali, no meio de gente que eu, o que sente medo, me senti seguro e pude rir do papel bobo que tinha acabado de fazer...
é... em certos casos "i'm just a little baby" mesmo.
Good night moon, mas sem uivos.
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007
# 5
e tava lá, no meio do asfalto, ainda intacta, aquela rosa vermelha.
daí me passaram pela cabeça milhões de hipoteses para como ela foi parar ali, desde a namorada que ganhou do namorado, brigou e jogou fora, até a que caiu do carro que leva defuntos.
e me lembrei que nunca gostei de flores arrancadas da terra. antes de arrancadas, ela eram plantas, vida. depois, viram flores, rosas. mortas. duram bonitas por 2 ou três dias.. mais até se colocadas no gelo, mas depois secam e viram adubo.
e isso é triste. arracancam com a flor a possibilidade de uma semente.. praticamente um aborto.
daí imagino.. pra que arrancar uma planta do pé, se é pra deixa-la ali, jogada no asfalto?
a rua é fria e seca, apesar de que ontem choveu. e não combina o cinza do asfalto com o vermelho daquela rosa.
antes de ir, apanhei-a do chão. não queria que um carro a despedaçasse. coloquei-a deitada num canteiro, fiz uma oração e continuei descendo a rua, com o guarda-chuva grande na mão.
sábado, 10 de fevereiro de 2007
# 4
deixar o tempo passar é complicado. ele não passa sozinho. e eu não sou de esperar, nasci do vento e da agitação. sou um ser em movimento.
não consigo simplesmente me sentar e esperar o tempo passar. as coisas acontecem oras! o mundo não pára pra mim. ele não me espera ficar legal pra poder voltar a se movimentar.
e essa coisa de que o tempo cura tudo eu acho que é meio balela.. tem coisas que simplesmente não acabam. e outras que recomeçam. e tem machucados que não saram..
não vou ficar aqui sentado. não vou viver de esperas, não vou me desperdiçar pensando nos erros e nas frustrações. vou botar minha fantasia e sair à rua cantando qualquer coisa e vivendo dias que são meus.
eu nasci do vento. e pro vento vou mandar todas as coisas que me perturbam e tornarei a nascer dele porque assim é que deve ser.
terça-feira, 6 de fevereiro de 2007
# 3
e depois de deixar de ser amarelo pra ser moreno nos 37 graus de sol do Rio, BH me recebe com chuvas.
daí, ficar quietinho dentro de casa é uma maneira boa de evitar que a barra da minha calça se molhe, mas tem horas..
se bem que ando simpatizando com a chuva, caminhar com aqueles pingos caindo no meu rosto e nas minhas costas tem sido uma coisa gostosa, claro, se não tiver nenhum documento ou celular em meus bolsos.
de vez em quando eu saio por aí com aquele guarda-chuva gigante, um trombolho mesmo, fico parecendo o Pinguim do Batman, mas tirando a dificuldade de levar aquele guarda-chuvão dentro do ônibus sem cutucar ninguém, ele é uma boa companhia. me cobre inteiro, e nos dias de sorte, até a barra da minha calça sai ilesa, mas leia-se bem: nos dias de sorte, raros.
mas tudo bem.
hoje estava com esse guarda-chuva na mão, mas na hora de descer a rua, me deu vontade de me molhar. o levei fechado como se bengala fosse, e segui meu caminho às 22:52, pela Rua João Pinheiro, cantando músicas de chuva - "... espero a chuva cair na minha casa, no meu rosto, nas minhas costas largas ..." entre outras - e me deixando envolver pela dança dos pingos que trombavam em mim.
claro que cheguei ao ponto de ônibus completamente molhado, mas não teve problema, estava literalmente com a alma lavada.
o passeio com o guarda-chuva nesse caso foi só pra ter uma companhia, e quem sabe, uma arma contra os mal-feitores.. rs
enfim, guarda-chuva na mão, chuva na cabeça.
não teve coisa mais gostosa!
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007
# 2
só sei que em matéria de criar castelos de areia eu sou mestre.
crio vários ao mesmo tempo, e crio com gosto porque no meu mundo de pré-meia idade eu acabo me perdendo das ondas. acontece que as ondas não se perdem de mim, e quando já nem me lembrava de sua existência vêm, impiedosamente, e destroem meus castelos, os tornando areia pura novamente.
no meu mundo das idéias também faço assim.. tenho a tendência a criar idealizações quase perfeitas - porque ainda tento guardar um pouco de imperfeição na esperança de ser real - e quando penso que vai tudo acontecer daquele jeito bonito que imaginei, só ganho a companhia da frustração.
e a culpa é minha por insistir com meu jeito tolo em crer que coisas e pessoas podem mudar com facilidade e que o que não deu certo antes pode vir a se acertar pouco depois. tsc tsc.. e novamente meus castelos se tornam areia e novamente lá estou eu, feito criança ressentida sentado na beira da praia e vendo a onda levar o que eu construí com esmero.
a diferença nos tempos de hoje é que, como muitos dos meus sonhos já se frustram e muitos dos meus castelos já se foram, eu andei a criar uma casca que me permite apenas poucos momentos de tristeza pelos sonhos idos. pouco depois lá estou novamente, com as mãos na praia, juntando tiquinho por tiquinho de areia e sonhando em construir o maior castelo do mundo.
e maior não por ostentação ou futilidade, mas tem que ser o maior pra poder caber meus sonhos.
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007
# 1
mais que uma loucura, minha viagem para o Rio de Janeiro na última semana foi uma fuga e uma busca.
buscava conforto e momentos bons, paciência e paz. sentimentos que estavam em falta aqui em BH nessa minha vidinha pão com salame.
e lá tive momentos ótimos e como tive.
uma recuperação de momentos e emoções antigas de uma forma singela, apenas sentidas de longe e em espírito, uma vivência nova, e uma quantidade de cheiro de mar que não se pode imaginar.
andando com o Rei pelas ruas da cidade que constatei ser realmente maravilhosa, apesar da violência tão fortemente noticiada, vivi músicas que só nós conhecíamos.
entendi "Inverno" de Adriana Calcanhotto, quando caminhei ao longo do canal do Leblon, quando vi a paz que lá inspira, e lá, naquele mesmo canal, entendi a frase "pra que amendoeiras pelas ruas, para que servem as ruas?"... com certeza foi ali que ela viu as tais amendoeiras.
E o mar me encantou como sempre, me fazendo mergulhar todas as vezes que o via. e voltava a tornar-me criança catando conchas e brincando na areia. e voltava a ser poeta, recitando poesias perdidas para as ondas. e voltava a ser sentimento, cantando músicas enquanto caminhava pela areia.
e segui as pegadas de outros que não vi deixadas à beira mar. e olhei ao meu redor pra ver as expressões das pessoas, e vi o sol lá do arpoador.
enchi-me de emoções mergulhado nas ondas e não sei se foram lágrimas ou apenas a água salgada do mar que escorria do meu rosto. mas caberia ambas naquele momento, em que tanta vida me invadial.
e vi que o Rio não é só praia.
e senti o cheiro de mar, mas mais que isso, senti o cheiro de vida.