quarta-feira, 3 de agosto de 2011

# 262

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Jamais vou me esquecer daquela voz forte, de trovão.
Nem daquele jeito brilhante e estrondoso - como um raio.
Breno era uma força da natureza. e sempre será.


não sei exatamente o que passava por sua cabeça quando tomou sua decisão.
só sei que seu vazio vai perdurar por toda a minha vida.


o que faço com esse espaço que ficou, daquele moço grande, carinhoso, que me abraçava e sorria quando me via?
que ria comigo pelas coisas mais bobas. e ainda se arriscava a dançar até aquilo que não gostava só pra me agradar?


ah, seu menino! essa sua aprontação foi a maior de todas.
devia ter me ligado, que eu te daria um esfrega na cara daqueles, que você iria se recuperar só no dia seguinte, e me ligar dizendo: "é jéfi, você tinha razão", com aquela voz de fazer tremer a terra.


sei que agora, quando eu ouvir um trovão, eu tenho que prestar atenção, porque entre um e outro vai ter sua voz falando alguma coisa daqueles autores que eu não entendo nada, mas que eu achava excelente você saber citar.
ou então vai ter você falando em tom debochado "êee jeferina", quando eu te chamava de "berenice augusta".


ê Breno, você tinha que aprontar mais essa comigo.. eita ferro.
como que eu fico sem te abraçar forte quando te vejo?


e como que eu escuto outra vez na vida "sleep in" do Postal Service, que era nossa música de voltar pra casa?


putz, meu amigo. você me deixa um vazio grande.
grande do seu tamanho, aliás, maior que você até, de um tamanho que você não saberia medir, nem com as aulas da engenharia.


hoje ganhei um anjo.
mas eu prefiro pensar que você tá dormindo, que nem a música diz: "don't wake me, i plan on sleep in".
pode dormir.


uma hora, quando a gente acordar junto, a gente canta em uma só voz.
vai demorar um cadin, assim espero, mas há de vir.


vai em paz, meu amigo.
vá com Deus.