terça-feira, 31 de maio de 2011

# 252

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ele acorda de manhã, ainda acreditando que o dia há de ser bom.
sempre foi um otimista gratuito, desses bem Polianas, de que pensa que todas as coisas têm seu lado bom, ou ao menos aproveitável.
daí acorda e dá seu bom dia pra tudo e todas aquelas coisas invisíveis.


com o chá de camomila quentinho em mãos, que é pra aquecer o frio daqueles dias, se prepara pras próximas horas de trabalho e acontecimentos.
escuta alguma música pra se inspirar, veste a roupa de gente grande, e parte em sua caminhada de 10 quarteirões rumo àquela sala na qual ficará trancado pelas próximas 08 horas, ou 09, dependendo do volume de trabalho.


sua tranquilidade pode permanecer ou não durante o dia. ele tem um dia inteiro de acontecimentos e testes pela frente, que podem alterar de forma drástica isso tudo.
mas sempre foi corajoso pra maioria das coisas, e não tem medo de adversidades, pois leu, a alguns muitos anos atrás, que "a vida é uma montanha russa. Você pode gritar a cada vez que houver uma descida, ou jogar as mãos pro alto e curtir o passeio."


ele curte passeios.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

# 251

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e ela se foi. se encantou.
em um domingo eu subia no portão, esticando o braço pra tentar abri-lo por dentro, sentindo uma dor estranha nos músculos que eu não sentia quando tinha 20 e poucos anos e fazia o mesmo movimento, porque ela estava ali do lado, sentada, fraquinha, sem conseguir se levantar sozinha.

no outro domingo, ontem, eu estava em um cemitério, cheio de parentes estranhos pra mim, pra dar o meu adeus.

minha avó Doca foi a pessoa mais doce e mais forte que eu já conheci na vida.
e de todos os amores que eu já perdi, nenhum deles se compara nem em sua mínima parte ao amor que eu sempre sentirei por ela.

e não acho que a perdi. como diz Guimarães Rosa, "as pessoas não morrem, elas ficam encantadas".
minha avó se encantou na madrugada de sábado pra domingo.
eu estava indo tocar numa festa, com amigos por lá, quando recebi a notícia. meu chão desabou. me senti sem rumo, estraçalhado, mas escutei de um namorado de uma amiga que "ela agora se tornou maior, e homenagem maior a ela que você ser feliz não há", e permaneci na festa.

dancei e dancei, e quando não consegui mais, vim pra casa, onde, por somente aquela madrugada, no limite da embriaguez, chorei, feito criança, até dormir.

minha avó Doca foi o ser que me inspirou até hoje, foi minha mãe, minha amiga, minha avó, meu colo.
e nada fará com que sua memória doce e voraz se esvaia das minhas lembranças.

estou triste sim, mas acalentado por meus amigos, reconfortado pela sensação de ter sido pra ela uma boa pessoa, um bom neto, e de nunca tê-la deixado de lado, mesmo com os limites que a vida adulta nos impõe.
a sensação de ter sido orgulho pra ela, e de ter orgulho e sorte de ter tido uma avó com dona Doca, me deixam com o coração mais conformado.

sua partida, seu encantamento, só a tornou liberta das limitações que a idade traz, que a vida deixa. agora ela é anjo, ela é energia, ela é maior. ela pode ser livre e independente, e eu tenho minha avó, minha mãe, em tempo integral.

o meu amor jamais diminuirá, e ela será presença constante em minha vida pra sempre, por ter tido orgulho de tudo o que sou, e ter me deixado forte.

Vovó, obrigado pelo exemplo de força, de gente, de positividade, energia e de como ser uma pessoa guerreira. eu tenho sorte de ter sido seu neto, de ter tido a oportunidade de desfrutar de todo o seu carinho, ternura e de sua garra. levarei suas lições pra vida toda.

hoje meu coração dói, como jamais tinha sentido doer antes, mas dói de saudade, de amor, um dia terei seu colo de novo.

com amor,

Jefinho.

Ps.: não vou tirar a minha barba, apesar de a senhora não gostar, sei que no fundo, a senhora me achava um gatão.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

# 250 - 100 facts about me - #02

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|| 100 facts about me

# 02 - o sensível



quem me vê de longe, sem chegar a conversar, a ter um papo, costuma me achar com cara de bravo.
quem me conhece, me vê rindo, tratando as coisas com naturalidade, costuma pensar que sou durão, casca grossa.
a verdade é que sou muito mais sensível que aparento, ou tento me deixar ser.
coisas simples me afetam de uma forma que não se descreve, seja pro bem ou pro mal.
já me peguei emocionado com obras de arte, e com gente contando história de vida. já chorei de solução em cinema.
já saí transtornado de sessão de filme, a ponto de descer o caminho pra casa cambaleando pela rua, e quando cheguei em casa, vomitei de tanto afetado que o filme me deixou.
enfim, coisas me afetam, apesar da casca grossa que tento demonstrar.
e continuo parecendo durão, afinal, tenho que espantar os vilões, mas, "please, be careful with me, i'm sensitive and i'd like to stay that way".


"essa cara amarrada é só um jeito de viver nesse mundo de mágoa"