quarta-feira, 25 de novembro de 2009

# 182

:: Wicked Witch of the West


e eu me divirto!

poucas séries conseguiram me deixar tão feliz, em tão pouco tempo, que nem Glee tem conseguido.

e, tá bem, eu não sou o maior fã de séries do mundo, mas vez ou outra uma me ganha de fã, e tenho tido surpresas tão boas em Glee, tantas coisas bacanas, tantas identificações que eu não posso deixar mais de ver.

e é engraçado a conexão dos meus momentos com a série, é meio que um show de truman particular.

ano passado ouvi, pela primeira vez, falarem de Wicked, um musical da Broadway, que mostra a história do mágico de Oz pela ótica de Elphaba, a Maléfica Bruxa do Oeste, e achei aquilo tão legal, que quis saber mais sobre o musical.

ligado a isso, o Carlos me conta que assistiu o espetáculo lá em Londres, e que ficou encantado, o que me fez querer mais e mais saber do assunto.

pois bem, descobri que o musical foi inspirado em um livro, que aqui no Brasil ganhou o estúpido nome de Maligna. com muito custo, consegui encontrar o livro pra comprar, e fiquei ainda mais encantado com a história.

nesse meio tempo, um episódio de Ugly Betty usa Wicked como fundo pras trapalhadas da feia, e ainda há a citação do espetáculo em um dos episódios de brothers and sisters.

E agora, em Glee, depois da participação da Kristin Chenoweth, atriz que eu conheci em Pushing Daisies, e logo descobri que fez a Glinda, a Bruxa Boa do Norte na montagem original de Wicked, me aparece no episódio 9, os personagens disputando pela interpretação de "Defying Gravity", uma das músicas principais do espetáculo.

enfim, tou num momento de enfeitiçamento pela vida, de suas coisas boas, engraçadas e até mesmo de suas coisas tragicômicas que costumam me atingir, e, pelo que tenho visto, a câmera do meu show de Truman particular estão bem ligadas nas coisas que eu tenho gostado, que só assim se explicam todas as referências que me aparecem.

então vou aí, seguindo desafiando a gravidade, e ver onde vou parar, cantando pela rua.

=]

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

# 181

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mais uma vez o 18 de novembro veio, e me fez contar mais um ano de vida.
e, olhando pra tudo, tudo o que passei, já vivi e aprendi, eu acho que tou no melhor dos momentos desses 28.

claro que ainda falta muita coisa pra conquistar, pra consolidar, pra aprender. sempre vai faltar, por favor, que o que não quero é ser completo, mas eu já me vejo tão feliz com o que já tive.

agora, em especial, me sinto mais maduro, mais forte... e pronto pra enfrentar aquele tanto de tempestade que antes eu temia. tem uma força nova aqui dentro, que só vem de mim mesmo, que tem me dado impulso pra poder acreditar no mundo, e sobretudo, acreditar em mim.

nesses 28 anos aprendi muito, mas aprendi mesmo foi que ainda tem muito o que aprender.

=]

sábado, 14 de novembro de 2009

# 180

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não senhora, eu estou bem bem.
sim, à toa, nada de especial, nenhuma grande paixão, nenhum ganho na loteria, eu só tou bem.
uai, qual é o problema disso? eu tenho que ter motivo? eu tenho que saber explicar o meu estar bem?
não não, não usei nada ilícito, nem álcool tomei. só tou bem.
sério, serinho, não se preocupe eu não pirei não, é simplesmente isso.

nossa, é difícil ficar bem hoje em dia. todo mundo quer motivos, explicações.
não se pode simplesmente acordar e dizer: eu tou ótimo.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

# 179

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- pronto, Vó, tudo resolvido! ganhei!
- então escolhe o terno, que eu vou comprar e te dar.
- não Vó, não quero um terno, não precisa.
- e o que eu vou te dar então, meu filho?
- ô Vó, não precisa me dar nada.
- não aceito.
- então tá, Vó, eu quero uma coisa sim.
- o que você quer?
- eu quero que a senhora fique forte.


nesse momento, aquela senhorinha de 81 anos, sentiu seus olhos lacrimejarem de uma emoção que não sentia a muito tempo. e se emocionou de tal maneira que a única coisa que conseguiu falar depois disso no telefone foi: "Deus te abençoe, meu neto. beijo" e desligou.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

# 178

::


e há o monstro do incompreendimento.

sim, aquele que assombra as relações humanas de qualquer espécie.
pouca gente entende que não pode impor as suas verdades aos outros, e tampouco podem exigir que o outro lhe dê de volta exatamente aquilo que fornecesse.

não há como ter sucesso nesse tipo de intento, porque cada um é de um jeito.
cada pessoa consegue entregar determinadas partes de si assim, de graça, sem nada em troca, mas nunca entregando todo o seu ouro às mãos do outro.
tem sempre algo que não é dizível, que é particular.
outras não entendem isso.
tem quem pense que pelo fato de entregar todo o seu baú à outra pessoa, aquela, por obrigação, tem o dever de se entregar também.
Isso é errado. isso não existe. todo mundo tem seu segredo, todo mundo tem o que lhe é íntimo, o que é inquestionável e injustificável, por mais bobo que possa parecer.

e quem tem esse tipo de pensamento não prospera.
pessoas não são vacas, que se apertando as tetas fornecem leite, mesmo contra sua vontade.
verdades não são exigíveis.
intimidade não é exigível.
e o fato de ter algo que é íntimo, que é seu, não significa desamor, desconfiança, desgosto pelo terceiro.
não significa sequer ingratidão.
é só humanidade.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

# 177

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"...a simple kind of life..."

às vezes as pessoas gostam de complicar as coisas, enxergando subtextos, entrelinhas em tudo... eu não sou assim, na verdade eu sou tão desligado que não sou muito bom em identificar indiretas... e como sou daqueles que pensam que as pessoas são boas, pra mim todo mundo é legal até me mostrar o contrário. E às vezes me sinto um perfeito idiota por pensar assim. Como um amigo disse uma vez: "De alguma forma, ser bom e compreensivo pode muitas vezes ser muito pior do que ser um filho da puta." Assino embaixo!

sou mestre em exageros, mas não consigo lidar com tempestades em copos d'água. a maioria esmagadora das coisas que eu digo se prendem às próprias palavras ditas, sem significados ocultos, sem planos infalíveis e maquiavélicos por trás delas.

eu sou daqueles que pensam que às vezes pepino é só pepino.


segunda-feira, 5 de outubro de 2009

# 176

::


e no subterrâneo é tudo tão escuro, e eu tenho tanto medo de tudo...

e ali me vejo, estancado, parado, travado.

como faz pra alcançar aquela lanterna azul de pilha que deixei lá atrás? e seria ela suficiente pra conter essa escuridão toda?

mas eu não me vejo escuro, mesmo com o medo do tudo, eu me vejo em claridade, em luz.
eu tenho essa esperança grande que me acende, que me joga pro dia seguinte, como se ela fosse varrer o mundo deixando tudo luminoso.

mas será que é isso mesmo que quero?

será que não preciso desse medo, desse subterrâneo?

no fim das contas, eu não me enxergo no fundo, eu me vejo do alto, na beira do poço, e sorrio, enquanto disfarço minha mão com monstro de pano, e assusto aquele menino medroso que se mostra outro eu.


segunda-feira, 28 de setembro de 2009

# 175

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um milhão de coisas borbulham, mas não sabem se comportar sobre o papel.
elas querem ser escritas, gritadas, soltas... mas são tantas, mas tantas, que estão desordenadas, coitadas.

e de repente, coloca-las assim, sem maiores preocupações, pode ser, por si só, er... preocupante.
é que palavra é marca quente em couro. uma vez posta, não dá pra fingir que não existiu.
nem com borracha, e nem com backspace se desfaz o efeito da palavra.
é queimadura de terceiro grau, aquela que marca a alma, deixando gravada nela seus efeitos.
e não tou dizendo aqui que é algo ruim não, mas é algo.
e algo que não sai, então tem que ser usada com respeito aos próprios limites que ela carrega.

então é assim, um milhão de coisas querem saltar dos meus dedos nesse momento na forma de palavras.
e enquanto não acho uma forma de torna-las suaves e inofensivas, eu falo dessa dificuldade que me atesta nesse momento.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

# 174

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e ele tinha tanto medo de sofrer, e de se entregar, que já se passara algum tempo de convivência e nem um "eu te gosto" ele conseguia soltar àquele outro.
e seguia seus dias fazendo todo o habitual.
vivendo com certa frieza e descaso aquela situação, e ainda assim sentindo-se um tanto seguro, dentro de toda aquela insegurança e medo em que vivia mergulhado.

quanto ao outro, ele deixava o tempo correr, sem muita empolgação verdadeira, porque essas coisas são recíprocas, e arrastava-se amarrado à paralisia do outro, sendo contente quando juntos, mas indiferente quando longe.

duas pedras de gelo grudadas por uma gota d'água que em algum momento caíra em meio aos dois, os unindo enquanto um calor alheio não chega para separa-los.

 

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

# 173

::


na primeira vez que ele se foi, deixou dor. o outro ficou tentando parecer forte, mas sua escuridão interna superava a do quarto em que se trancava.
nada mais parecia ser bom, era como um buraco negro sem fim, sem fundo, sem nada.
se sentia seco, doído, partido. e a sensação de vazio era transparente em seu olhar.

o que tinha ido, numa das artes do destino, acabou por voltar, e a felicidade atingiu o que tinha ficado novamente, como se estendesse os braços no abismo, e o alcançasse, puxando pelos dedos da mão esquerda, mas nesses braços de resgate era possível enxergar arranhões, hematomas...

ainda assim, ele se agarrou, e viveu novamente a paixão em seu estado intenso e pleno, como de costume, mesmo arranhado pela partida antiga do outro. ele vivia, sem vacilar, cada momento, como se devorasse os minutos.

e outra vez o outro se foi.

mas o que ficou, dessa vez, não sentiu aquela dor da outra vez, não sentiu aquela queimadura de lagarta de goiabeira. ele contemplou a ida do outro, enxergando de longe, e sem emoção, nada de choro e nem aperto no peito.

talvez porque já havia desmontado aquela figura sacra que tinha armado do que ia, talvez porque tivesse esgotado a paixão, talvez porque já esperava tal desfecho, talvez porque já não o queria mais, talvez, talvez, talvez..

enquanto o outro andava sem olhar pra trás, o que ficava colocava os fones no ouvido, virava de costas e saía cantando, com um sorriso no canto de boca: "...as coisas querem sorvete, maçã, banana, limão... as coisas querem ser coisas que na verdade não são..."


terça-feira, 18 de agosto de 2009

# 172

:: nada original


"

Eu sei o que ele vai dizer
Já posso até prever qual vai ser o final
Você é como um filme ruim
Que eu já sei o fim e é nada original

Por que você não pára de ser
Aquele de quem tudo já sei?

E o mundo inteiro vai comemorar
O dia em que essa paz se acabar

Ou me mato, ou me mudo
Sem te avisar
Ou te bato, ou eu fujo,
Ou escapo desse mundo pra outro lugar

Eu sei o que ele vai escolher
É fácil perceber aonde quer chegar
E aquele seu velho clichê
Não vai me convencer que algo vai mudar

Por que você insiste em viver?
Desista de ser sempre você

E o mundo inteiro vai comemorar
O dia em que essa paz se acabar

Ou me mato, ou me mudo
Sem te avisar
Ou te bato, ou eu fujo,
Ou escapo desse mundo

Pra outro lugar

"

domingo, 16 de agosto de 2009

# 171

::

e ao ouvir: "volta pro esgoto, baby, e vê se alguém te quer.", ele caiu.
claro, permaneceu de pé fisicamente, com o semblante intacto, a garrafa de heinecken na mão direita, e o ar de quem nada ouvira.
mas a verdade é que ele caiu, desmoronou-se, e não se levantaria tão cedo.


quinta-feira, 6 de agosto de 2009

# 170

::


com um ar de serenidade ela contemplava aquela situação.
noutros tempos, seus olhos estariam inchados, sua boca seca e os olhos borrados.
agora não, apenas observava serena a história que acontecia sob seus olhos, e não esboçava qualquer reação. nenhuma.
talvez ainda esperasse que estivesse enganada, tinha um espírito terrivelmente crédulo, que por vezes lhe jogara em situações ruins.
mas a moça era quase inocente.
com seus brincos brancos, do tamanho de bolinhas de gude, bem destacados pelos cabelos negros, continuava ali na praça sentada no banco, olhando pra fonte que jorrava, e pelo tempo que lá estivera,  talvez esperasse alguma resposta coerente dessa vez.
nada veio.
a moça não expressava nada em seu rosto. nenhuma sensação.
mas seus olhos eram sinceros, e olhando a fundo,  podia se ver um cansaço neles.
e esses olhos puxavam a vontade imensa de abraça-la.
mas o que dizer nesse abraço?
não. melhor passar direto.
ela está cansada.

# 169

::


e dentro dele cabia um mundo todo.
mas esse mundo não podia ser revelado, por conta de todo o caos que traria junto...
daí vivia nele, construindo seus castelos de vento, viajando pelos caminhos perigosos e deliciosos justamente pelo perigo, e amando tudo o que não era correto, ou que assim não parecia.

e o garoto às vezes deixava parte desse mundo aparecer vez ou outra, sobretudo na lua cheia, deixando cair por terra toda aquela tentativa enorme de disfarçar a existência de seu caos interior..

mas era descontrole a palavra, o nome da coisa que o dominava. e ele ali, lutava contra essa indocibilidade, contra essa rebeldia involuntária, e em vão era a luta, porque ele demonstrava àqueles que não devia o que estava tentando ocultar.

há muito o moço se esforçava pra mascarar aquilo tudo, tentando até forjar uma falsa frieza, e até que estava tendo sucesso nessa tentativa, mas vem a lua e blá... joga tudo por terra.

e dentro dele já não cabia mais o mundo, porque esse mundo transbordava.

terça-feira, 21 de julho de 2009

# 168

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das paixões


barulho de cigarra. deitar embaixo de árvore. cantar pela rua. sorvete de côco. carambola. paçoca. bolinhas de sabão. longas cartas. jaboticaba. mordidas no braço. lua cheia alaranjada. a normalidade da Vani. cantar baixinho dentro do ônibus. filmes de amor. ver o sorriso da vó doca. andar pisando na faixa branca das avenidas. própolis. guarda-chuva gigante. sentir arrepio na coluna. colocar as pessoas pra dançar. dançar de olho fechado. cortar meu próprio cabelo. tocar música. pipoca doce. ver folhas secas caindo das árvores. desenho animado. dormir no chão. pipoca doce. schweppes citrus. pedras no mar. me espreguiçar. arte. temakis. palavras cruzadas. biscoito de polvilho. canetas vermelhas. chaveiros. Clarice. calendários. pedras coloridas. Calcanhoto. som de palmas. lembranças deslocadas. Hairspray. sonhos. coragem. etcéteras, muitas etcéteras...

domingo, 19 de julho de 2009

# 167

::


não sabia o que fazer na tarde.
agora que estava começando a ficar legal, não tinha quem o acompanhasse em suas vontades.
daí resolveu que iria ele mesmo se satisfazer.
pegou sua camisa de frio cinza, e cantando pelo mundo, como sempre costumava fazer, tomou o ônibus e seguiu rumo às suas vontades.

e as felicidades acontecem quando se satisfaz as vontades.
e mais feliz que agora ele não se lembra de ter estado nos ultimos dias.

;)

terça-feira, 7 de julho de 2009

# 165

::


é.. querer eu quero muitas coisas... já poder é outra história.
não que eu não acredite naquilo de que "querer é poder", mas eu também tenho noção às vezes.
noção de realidade.

costumo ficar horas parado debaixo de uma árvore olhando pro céu, às vezes nem estou olhando pras nuvens, imaginando formas, só estou lá deitado viajando pelo meu mundinho onde, lá sim, querer é poder e onde sou rei de tudo que quero.
mas quando sinto a picada da formiga no meu braço eu escuto um "ei, acorda!", é a realidade.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

# 164

::


"{...}
If I'm smart then I'll run away
But I'm not so I guess I'll stay
Haven't you heard
I fell in love with a beautiful stranger

I looked into your face
My heart was dancing all over the place
I'd like to change my point of view
If I could just forget about you
{...}

quinta-feira, 2 de julho de 2009

# 163

::

fragmento de carta antiga atemporal


[...]
e agora sou eu.

eu mesmo. aquele que usa figuras outras pra tentar falar de si.
talvez pela falta de coragem de se encarar, que é o que mais de difícil existe, talvez seja por medo de que as pessoas a seu redor - seus amigos até - percebam o tanto que é frágil,. fraco e precisado de atenção esse moço.

sim sim.. apesar de ter tentado aprender desde muito tempo atrás, nunca consegui direito fazer esforço pra estar bem.
mas para parecer bem, ah, esse esforço consigo fazer muito bem. tanto que às vezes até eu mesmo me pego crendo nisso.
uma máscara, talvez.

não sei. só isso. não sei como estou.
e é mais fácil querer parecer bem. talvez pra evitar aquele tanto de por quês? dos amigos, ou talvez porque assim não preciso me preocupar muito. estou bem e pronto. é mais fácil, menos trabalhoso. mas será verdade? [...]

sempre fui fraco, frágil, um ótimo fingidor de bem estar.
mas no fundo, um mero patético medroso.
com medo de.. medo de viver.
talvez forçado pelo ceticismo de achar que o que é bom de verdade não existe.
ahh.. isso é bom demais pra mim, tem alguma coisa errada.
e voilà. dava errado.
talvez por força até da descrença brutal e amarga que eu tinha sem precisar ter.
[...]

terça-feira, 30 de junho de 2009

# 162

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- João Diel diz: Jéfi, silêncio também é resposta.

- Jéfi diz: eu sei, João, mas é ruim de querer acreditar...


e fez-se silêncio.



.

domingo, 28 de junho de 2009

# 161

::


"- esse mundo é um lugar complicado." pensa ela, enquanto costura o botão azul escuro na sua blusa celeste.

ela não entende o porquê de as pessoas sentirem medo. medo serve pra quê? qual a utilidade prática disso? e por que a vida dói tanto quando a gente teme o que está por vir? e mais um tanto de questões desse tipo.

antes de pensar em medo, ela pensava em cores. que aquele botão celeste na blusa celeste era muito sem graça. tornava tudo uma coisa só.. muito homogenea.. e isso é exatamente o contrário da vida.. cheia das misturas, das coisas claras e escuras, tudo assim, misturado, e não tem nada divididinho certinho que nem no yin e yang.. que nada.. tudo é tudo ao mesmo tempo, onde tem claro, tem escuro..

e por isso preferiu trocar o botão celeste, por um azul escuro. que é pra mostrar que ali dentro daquela beleza de céu, ainda tem um tiquinho de escuridão. o que também é bom.

e enquanto agulha vai, agulha vem, e o botão vai sendo embrulhado pela linha branca, ela torna a pensar que o mundo é cheio das complicações. e acaba por se esquecer de qualquer pensamento complicado no momento em que a agulha pica seu polegar.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

# 160

::


"tá ok."

e ele não se importa mais com o tal do orgulho. bem que até tenta um cadin se manter inerte, mas não consegue.

não sabe o motivo exato, mas não se dá por frações, é sempre por inteiro, com intensidade, vontade... e nem depois dos incontáveis tropeços, desiste.

sai pela rua cantando "ai de mim, que sou romântico", do mesmo jeito que a Rita se diz mutante, e ri disso.

costumava ser mais durão, ter muito orgulho, e perder com isso, mas numa determinada hora da vida, que nem se lembra quando, ele pensou que isso não valia de nada, que o bom mesmo é viver tudo do tudo que se apresenta ali, à sua frente, e deixou o orgulho preso numa gaveta qualquer do passado.
no máximo faz um charminho ou outro, mas cede.

e não entende ainda a intensidade dessas coisas que sente. nem sabe nomear com exatidão isso. não entende, mas adora e detesta ao mesmo tempo esse exagero sentimental todo.

aliás, vendo por esse lado, ele tem orgulho sim, orgulho de sentir. seja lá o que for extamante.

e sentir faz com que ele sonhe.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

# 159

::


o horácio bem diria que mate couro é a melhor bebida do mundo.
que pizza à moda resolve qualquer problema com sabores na hora de pedir.
que música tem que ser aquela que mexe, ou que faz mexer.

o horácio também diria que a fita azul do pulso já tá bem desgastada, mas que não pode ser tirada.
e que não pode se esquecer daquela pasta de documentos.
que a máquina de lavar não pode ser sobrecarregada.
e que devia manter seu quarto mais organizado.

o horácio diria que era pra eu pular com os braços bem esticados, pra tentar alcançar o céu, porque ele mesmo não consegue fazer isso.
o horácio nasceu tiranossauro, com braço curto.
mas não tem importância. eu gosto dele ainda assim.

sábado, 30 de maio de 2009

# 158

::


"... Ulisses devorador de milkshake ..."


[...]

...e naquele barco, à procura de seu tesouro o marinheiro seguia sem pensar em mais nada, afastando inconscientemente as lembranças de um dia que passou, de uma vida deixada em stand by a partir do momento em que entrou naquele barco.

Pobre e distraído navegador. Busca o ouro, sem saber que o que tem de mais precioso ficou em terra firme. É sonhador, vive em um mundo só seu onde ouviu que pelas redondezas um homem conseguiu forjar asas com cera e voou em direção ao sol. O que não tomou conhecimento foi do fim do Ícaro voador, abatido pelo calor de seu sonho.

E lá vai o navio, nele um navegador com corpo de homem e sonhos de criança na cabeça. Na mão um milkshake de nutella. Se parasse para olhar pra trás veria Penélope distraída [forçosamente] à procura de linha e agulha. Começaria então a tecer a manta de seu Ulisses.

[...]

terça-feira, 26 de maio de 2009

# 157

::


" … I was lost 'til I heard the drums then I found my way …"


como é que certas músicas têm o poder de modificar absolutamente o nosso humor, estado e astral né.

eu brinco que tenho músicas pra tudo: pra lavar banheiro, pra lavar roupa, pra fritar ovo, pra arrumar o quarto, pra lavar louça, pra descer escada, pra subir morro, andar na esteira, enfim, tudo tem música.

e nesse último domingo de manhã estava eu me aprontando pra ir pra casa da minha mãe, e nessa que tinha sido a minha manhã de ouvir trilhas sonoras misturadas, começou a tocar "you can't stop the beat", trilha de Hairspray, e num repente, todo o astral da música me contagiu e enquanto enfiava a perna por um buraco da bermuda azul, e a cabeça na gola da camisa cinza, comecei a me mexer, e nessa mexença toda acabei por me ver dançando pelo quarto com direito a deitar na cama e fazer bicicleta no ar.

e uma sensação de alegria grande invadiu e assim que acabou a música, desliguei o pc e saí de casa às gargalhadas. ninguém entende nada, mas é assim.

music is my hot sex.


segunda-feira, 25 de maio de 2009

# 156

::


não gosto de me sentir nocivo a ninguém.
alguns dias atrás tive uma notícia que me deixou um tanto pensativo e chateado, que alguém com quem estive envolvido no ano passado ficou bem mal quando a gente deixou de se ver, e que essa situação só agora está começando a passar.
amigos em comum vieram me dizer que a pessoa ficou deprimida, a ponto de ter que procurar médicos e etc.
não, eu não me sinto bem com isso. eu não gosto de me sentir nocivo a ninguém. e essa não é a primeira vez que isso me acontece.

claro que eu acho que ninguém passa incógnito na vida de ninguém, na verdade, eu acho que no fundo, ninguém esquece ninguém totalmente, e eu mesmo já me senti muito mal ao fim de romances, mas essa sensação de ser quem faz mal não é legal.

algumas pessoas se surpreenderam com a minha reação de pesar ao contarem o fato pra mim, acharam que eu ia gostar, rir e achar o máximo o fato do moço estar lá doído por minha causa, até porque eu carrego certa mágoa e tudo, mas não, eu fiquei pesaroso, definitivamente não gosto de fazer as pessoas sofrerem por mim.

enfim, espero que ele supere logo isso, porque já é hora de passar.

não gosto de ser nocivo. assim como não gosto que sejam nocivos a mim.

quinta-feira, 21 de maio de 2009

# 155

:: "I hear in my mind all these voices"


e a Regina Spektor tem cantado na minha cabeça nos últimos dias. e eu tenho gostanto tanto!
e ela me coloca uns questionamentos, que por vezes, me deixam pensativo.
eu quase sempre tive um pé no chão em meus relacionamentos, por mais que isso não parecesse. talvez por medo, talvez por pensar que podiam terminar logo, talvez por medo de me sentir preso pra sempre, e talvez por tentar me proteger de magoar.

ah, nunca funciona. esse trem de pé no chão e cabeça nas nuvens, por mais certo e seguro que seja, é limitante demais. e eu gosto de me oferecer por inteiro, quando o mundo se satisfaz com metade, como canta o Moska em sua "seta e o alvo".

não gosto das limitações que a gente parece precisar ter quando namora alguém, torna tudo menos intenso.
mas ao mesmo tempo, agora eu percebo que o ideal é ser sereno, não limitado, mas ir devagar, sem aquela explosão toda de uma vez só, que é pra ter pequenos tracks o tempo todo.

e é isso que o Ismaël (louis garrel) pede ao intenso Erwann em Les Chansos d'amour -  "Aime-moi moins mais aime-moi longtemps". (me ame menos, mas me ame por mais tempo).

e é nisso que eu ando pensando, por mais arredio que eu possa estar em relação a esse trem de amar. por mais que pareça duro e auto suficiente, por mais traumas que eu possa carregar, no fim das contas, não passo de um patético romântico.

no fim das contas, todo mundo quer amar sem pé no chão, e uma canção de amor, que dure muito, muito tempo.

domingo, 17 de maio de 2009

# 154

::


na parede, nada além de tinta. branca e cinza. mais cinza que branca, mas isso nada tem a ver comigo. quando cheguei já era assim.
e no quarto que antes era vazio, um monte de bagunça se instalou, e é essa bagunça que diariamente tento arrumar, só que parece que nunca vai acabar.
sei lá se é porque eu sou mesmo um sujeito pra lá do bagunçado mesmo, se é de karma ou essas coisas que a gente usa pra explicar o que não tem explicação, ou até mesmo só por pura e morna preguiça.

tá, uma hora isso se resolve. o quarto se arruma por 2 dias, pra depois começarem a pipocar as coisas fora do lugar de novo.
e daí? me pergunto todo dia.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

# 153

::


por muito tempo ele esperava ser salvo.
salvo do quê exatamente não sabia dizer. só achava que precisava de alguém que o salvasse.
talvez essa salvação que ele tanto buscava se resumisse a uma forma de abrigo, uma cobertura temporária daquela carência gigante que o consumia.
daí buscava nos outros esse resgate.

e por muito tempo esperou ser salvo. dividiu-se com muita gente em busca disso. achava que era na paixão pelos outros que a salvação estivesse. e se apaixonava, ou achava que, e dividia-se, e quando percebia, ainda não estava salvo. estava tão perdido quanto antes, ou até um pouco mais.
mas continuava a esperar.

num dia qualquer, desses normais com sol e nuvens, parou para si mesmo, e viu que não era nos outros em que conseguiria ser salvo.
era em si mesmo. era por si mesmo. e era de si mesmo.
ele esperava ser salvo do próprio eu que o assombrava e o extasiava ao mesmo tempo.
e talvez fosse esse êxtase e esse pavor que o impelia a buscar abrigo na força da paixão dos outros.

quando parou de esperar pra ser salvo, e enfrentou o seu eu, viu que não era de salvação que precisava.
era de entrega.
entrega a si mesmo, que só assim, depois de dividir-se em vários eus, poderia dividir-se de verdade com os outros.
não há mais espera.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

# 152

::


"e se eu fosse eu?".
pela terceira vez em um curto espaço de tempo eu me deparo com essa frase na minha frente, e todas as vezes ela veio da mesma fonte, direta ou indiretamente. ela veio de Clarice.

a primeira vez foi ela própria quem me soltou essa frase perturbadora em uma viagem extremamente conturbada, que me deixou em imenso sofrimento com os efeitos que ela me causou, tanto pela perturbação da própria frase, quanto pela situação em que me encontrava: sozinho, perdido, sem contato, dinheiro e nem cartão de banco numa cidade desconhecida.

foi um caos que se instalou em mim, e que durou por uns dias.

passado algum tempo, eu já me recomposto, me deparo com a mesma frase, citada pela Martha, com os devidos créditos à Clarice, e que inspirou uma de suas crônicas que eu mais gosto.

e sendo a visão de Martha um tanto mais suave que a de Clarice, e sendo o momento da minha vida também mais suave, me poupei de qualquer sorte de sofrimento grave por conta desse questionamento. e passou, sem maiores delongas.

pois bem, hoje outra vez Clarice me joga na cara e na alma a mesma frase: "e se eu fosse eu?", pela boca de Lóri, enquanto de sua aprendizagem.

e apesar de o momento não ser pesado como nos ultimos tempo, a frase me fez trazer alguns dos questionamentos que têm me sido frequentes.

eu tenho sido eu, mas tenho sido outros também. talvez aquele "eu" que me é mais querido, esteja guardado numa caixa aqui dentro, pra poupa-lo de sofrimentos e agruras, talvez, pra chegar ileso à vida quando tiver que vir à tona outra vez.

se eu fosse o eu guardado, acho que enxergaria as coisas que hoje vejo com tolerância e até preguiça com uma força sem igual. não deixaria passar as ofensas e não me contentaria com pouco.
eu acho que o eu guardado não teria tanta paciência com o mundo, e ao mesmo tempo seria doce no amar, teria um amor sem medo e sem pé atrás pra distribuir pela vida afora, e arriscaria mais.

eu tenho uma candura pelo eu guardado.
mas o eu de hoje, esse que é solto pelo mundo, não é ruim, só é contido pelas cascas das feridas a que foi submetido, por isso tenta não se mostrar frágil, quase autossuficiente.

sinto que por vezes o eu guardado consegue fugir de sua caixa e andar pelo mundo por instantes, sobretudo quando o que se trata é música, teatro e artes em geral. e ainda, com as pessoas que conseguem enxerga-lo.

se eu fosse eu, acho que seria parecido com o que sou agora, mas não sei se isso quer dizer que seria melhor.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

# 151

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cinema!
é meu vício desde sempre. vejo filmes o tempo todo, e, por muitas vezes, comparo a minha própria vida com as histórias exibidas nas telas grandes, de tantas coincidências que acontecem.

sempre prefiro as salas de cinema que ver os filmes em casa, sobretudo nas salas aconchegantes do Usina ou do Belas Artes, onde, além de ver os melhores filmes, ainda tomo um drink ou um chopp.

Os cinemas de shopping só me vêem quando a vontade de ver filmes fúteis, como as comédias românticas, ou alguns arrasa-quarteirões, até porque sou humano e preciso de uma diversão despretenciosa na vida. Mas a minha paciência pra esses cinemas de shopping, por mais que a tela seja gigante e o sistema de som seja de última geração, é pouca, porque não suporto gente conversando perto de mim durante a exibição. fico irritado de verdade e peço: "você poderia fazer silêncio por favor?", o que não adianta muito com adolescentes, convenhamos.

na última semana visitei os meus dois cinemas favoritos onde assisti dois filmes que vale a pena indicar: Divã, brasileiro com a Lília Cabral, que por mais preconceito que se possa ter com filmes com atores globais (o que não tenho, diga-se de passagem), merece ser visto pelo ótimo texto, inspirado na obra da Martha Medeiros, e as interpretações ótimas. saí pensativo do cinema.

E o outro foi o "La Belle personne", ou "A bela Junie", como ficou o título nacional, o filme mais recente do Christophe Honorè, meu diretor francês atual preferido. O filme é ótimo, e saí do cinema com uma sensação de triste. Vale a pena assistir tb, e depois  garimpar o resto da obra do moço, dos quais se destacam "Em Paris" e "Canções de amor", meu filme preferido atualmente.

cinema é assim: a gente assiste filme tentando encaixar seus pedaços em nossas vidas, buscando um final feliz ou até mesmo só um momento de canção.

e assim seguimos nesse show de truman.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

# 150

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eu sou fácil de se entender, de se ler, apesar da aparência conturbada e labiríntica.
as pessoas costumam se perder nessas tentativas de compreensão do meu eu.
se perdem sim. se perdem.
e o motivo da perdição é um só: buscam por grandes eventos e nós indisfazíveis. buscam por estradas tortas, com caminhos em "V". por perigos, desafios e grandes eventos.
se perdem porque buscam nos lugares errados.
a compreensão de mim está é no simples, no que é comum.
eu sou fácil de ler.
o difícil é que entendam isso.

# 149

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e depois de um mês conturbado, meio sem rumo, a direção veio de longe.

a resposta pra tudo está nos amigos, e nada como aquele amigo especial, que sabe tanto, mas tanto da gente que é quase nossa consciência encarnada, pra ajudar a achar aquele tal de rumo certo.

pois então, como as coisas não acontecem por acaso, essa hora em que tudo virou bagunça de novo, coincidiu com a vinda do Carlos pra cidade, por uma semana só, mas em poucas horas já resolvi 80 % das minhas coisas.

é daqueles que se sentam com a gente, ouvem, abraçam, se indignam, e aplaudem. é daqueles que mesmo de longe, tá perto, e com as opiniões e puxões de orelha, de ambas as partes, resolvemos que o importante é ficar bem.

e a presença física aqui, garantiu o abraço guardado a uns meses, e fez melhor o fim de abril.

resolvidas as pendengas da vida, agora é hora de me preparar pras novas.
porque esse trem não pára.

domingo, 5 de abril de 2009

# 148

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e tem dias em que toda a tristeza represada vem à tona, derramando por todos os lados, promovendo uma bela duma inundação interna.
daqueles dias em que nem sorriso de neném te faz sarar.

o bom que são dias raros. e raros, mas tão raros, que não tenho notícia de quando tinha sido o último.

o dia da inundação já passou. na verdade, estou em dia de sol aqui dentro.
mas vale o registro.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

# 147

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e os dias pasados foram turbulentos.
algumas situações novas ainda tendem a me deixar meio de cabeça pra baixo, perdido no meio de tiroteios de balas de jujuba.
e numa dessas situações, em que tudo parece conspirar diretamente contra os meus objetivos, fiquei meio mal, meio triste e cabisbaixo.
e assim passei um fim de semana inteiro, sem saber definir aquilo que tava acontecendo, e até com raiva de as coisas não correrem segundo os meus planos tão bem traçados, tim tim por tim tim.

e numa segunda às 18h, com o clima aqui dentro ainda tempestuoso, saindo do trabalho pra casa, parado num ponto de ônibus, enquanto caía uma chuva fina, e eu sem guarda chuva, olhei pro céu, e tinha uma lua minguante aparecendo entre as nuvens.

e naquela hora, ali, parado no ponto de ônibus, me lamentei falando baixinho pra lua: "ô lua, que que tá acontecendo? o que é isso que tá se passando?"

e nesse exato momento, começa a tocar no meu radinho de ouvido uma música, que me traz todas as respostas.

imediatamente, meu astral melhorou, comecei a rir de mim mesmo, porque aquela coisa toda que me estristecia me pareceu ridícula, e resolvi ir embora caminhando, mesmo na chuva fina, e cantando Paquetá rua afora.


domingo, 29 de março de 2009

# 146

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e têm sido dias mais instrospectivos que o normal.
aquele silêncio que guardo pra poucos momentos, têm me tomado horas e horas, e com isso, os pensamentos fluem nas mais diversas direções.

e deles fujo, fujo pra evitar pensar bobagens, ainda mais sendo quem sou, exagerado de tudo. os dias estão difícies, em grande parte dos aspectos da vida. família, coração e ânimo. tudo confuso, tudo carente. tudo sem paz. tudo em espera.

no momento, a vontade mesmo é de dormir, e esperar tudo passar.
mas nunca fui de fugir, de me esconder.
e agora tou perdido, sem rumo. 

bom, de volta pro quarto.

domingo, 22 de março de 2009

# 145

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e uma vez, lá atrás, nem sei quanto tempo faz, ouvi de um conhecido uma frase que marcou minhas semanas, sobretudo dias como hoje: 

- "as noites de domingo são implacáveis".

e não sei por quantas vezes já escrevi sobre isso, mas não me canso, porque é uma das verdades que existem no mundo.

agora, por exemplo, acabo de passar uma tarde ótima, com amigos, mesmo com chuva, mas falando bobagens, rindo e discutindo de militância a Big Brother, mas chegou noite, e de repente, cá estou em casa, e sentindo um vazio que não se explica.

por mais companhia que eu tenha, por mais feliz que eu esteja junto com quem eu quero estar, é noite de domigo, e por isso, implacável.

talvez porque segunda já seja daqui a algumas horas, e quando o relógio tocar terei que tomar o banho e acertar o nó da gravata, e talvez seja porque hoje vou dormir sozinho depois de uns dias sem saber o que é isso.

enfim, cá estou, falando com amigos no msn, ouvindo músicas, mas ainda assim, com um vazio grande ao meu redor, e, quiçá, aqui dentro também.

não há como mudar. é domingo, e é noite,

e o que resta é tentar não prolonga-la demais, e lembrar que só essa noite é implacável, tenho a semana inteira pra não me preocupar com as noites.

 

sábado, 14 de março de 2009

# 144

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e eu não caibo nos lugares comuns, aqueles onde todos estão, ou pelo menos, deveriam estar.
nunca coube.
não sei o normal de se ser. não consigo sequer tentar sê-lo, e por pura natureza mesmo.

e vez por outra o peito grita e me ordena a gritar, e a cabeça que já sabe ser mais dona de si, não obedece, e só espera.
espera. e espera.
por algo que não se pode esperar, pelo simples fato de não saber do que se trata.

as tardes de esperar são as piores, quanto mais sendo sábado. 

terça-feira, 10 de março de 2009

# 143

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e chega a hora mais difícil, que é a de encaixotar as coisas, fazer malas e caixas e mais caixas de meus troços.

sim, eu tenho a terrível mania de não jogar as coisas fora. então meu quarto é um emaranhado de papéis e cacarecos que eu chamo de memórias.

aí tem horas em que penso que eu nunca mais vou usar aquilo, e que deveria me livrar disso, ou doar aquiloutro, mas na hora de me desfazer das coisas, a consternação me é mais forte, me dói quase que fisicamente, e lá cresce outro monte de coisas inúteis, que só servem pra minha memória não esquecer de nada.

dessa vez eu vou tentar me desvincular de algumas coisas, até porque a casa nova é menor do que a que eu tou deixando, será difícil, mas ninguém disse que seria fácil.

e como tudo me parece novo nessa nova fase que tá começando. acho que vai até ser bom juntar cacarecos novos.

:)

segunda-feira, 9 de março de 2009

# 142

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e finalmente deu-se a baixa do calor.
com o tempo assim, ameno, os pensamentos conseguem ficar em ordem mais facilmente, e deixam as bobagens de lado um cadin.
e não é que o calor não me agrade, pelo contrário, desde que eu esteja dentro de uma piscina bem gelada.
não sei, mas tem hora que eu penso que o clima do mundo acompanha o clima aqui de dentro.
as coisas estão mais tranquilas pra mim, e uma calmaria vem me abraçando, e dá pra pensar que é como se um vento viesse pra refrescar a temperatura que estava deixando minha cabeça quente.

agora me sinto ameno, com nuvens bloqueando o sol na medida certa.


terça-feira, 27 de janeiro de 2009

# 141

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e essa sensação de autocompletude à qual não estou acostumado ainda?
explico.

quem bem me conhece sabe do tanto de carência que cabe aqui dentro, e o que tá me estranhando é que parece que essa carência toda sumiu, de uma hora pra outra, sem explicação.

é, porque não tou com ninguém, não tou apaixonado, e não tou sentindo falta disso...
vez ou outra, num intervalo razoável de tempo, me aventuro em beijos e carinhos por aí, mas ninguém ainda conseguiu me fisgar do jeito certo, pelo menos não de forma duradoura.

não que eu tenha fechado as portas pro mundo, pelo contrário, mas o mundo já não tem me atraído tanto nesse campo de paixão.

de qualquer forma, ando auto sufiente. apaixonado por mim. me completando. e isso me faz felizin até.

então não tenham medo se me virem por aí rindo a toa, sem motivo aparente.
estarei me namorando.

:)

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

# 140

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a diversão na vida, a gente é que faz.
e podemos tira-la de qualquer coisa, e das coisas mais simples.

o fim de semana foi um do mais divertidos, com festa de vilã de novela, música sertaneja no meio do set e chapéu de cowboy.
a pista cantando junto e batendo palmas, e depois dança dança dança e muita risada boa.
e isso só na sexta.

e fechando o fim de semana, na noite de domingo, soltando o Magal que há dentro de nós, eu não presto, mas eu te amo.
com muito brega na veia, e nos ouvidos, mostrando o pé de valsa e rodando a moça pelo salão do inferninho.

no fim das contas, podia ter sido em qualquer lugar, em qualquer festa, mas se não fossem as minhas companhias, ia ser tudo sem graça.

a diversão é a gente que faz. e juntando com a diversão dos outros, a coisa fica muito mais gostosa.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

# 139

::  sem lamentos do que foi ontem



já no primeiro dia do ano assiti o filme "Piaf - Hino ao amor", que não tinha visto quando passou no cinema.

e não tive outra reação senão a pronta identificação com Edith, guardadas as devidas proporções, claro.

a emoção me tomou quando da "Non, Je ne regrette rien", que já declarei ser o meu hino deste ano. sim.
eu, que já achava essa música muito bonita, dentro do contexto em que foi mostrada, passou a me parecer sagrada.

e é exatamente uma confissão, e ao mesmo tempo, uma boa vinda ao presente.
ela canta o não arrependimento das coisas passadas, e ao mesmo tempo, sua rejeição em nome do futuro.
o que passou foi ontem (ouvi essa frase a alguns dias atrás), e o ontem é uma coisa já distante.

e assim como cantado, eu não lamento nada do que já passei, nem de ruim, e nem de bom.
não renego meus amores passados, todos, sem exceção, tiveram seu papel.
não ignoro meus erros, nem meus acertos, são passado.
e não lamento nada do que já foi, não tem como voltar atrás.
tudo, bem ou mal, quando passado, vale o mesmo tanto.

e assim como cada dia é um recomeço, parto do zero, pra começar a viver as coisas das quais não lamentarei amanhã.

e assim com o coração cheio de vida e o pulmão cheio de ar, canto pro mundo a canção imortalizada por Edith.

je ne regrette rien!

# 138

::  novo ano


e enquanto estava lá sentado no Arpoador vendo o sol do primeiro dia desse ano nascer, pensei no quão sortudo eu estava sendo.

e numa retrospectiva rápida do ano que passou, vi que, entre perdas e ganhos, vitórias e frustrações, alegrias e tristezas, eu saí com muito lucro!

=]

e assim como o sol, eu renascia junto, começando o ano com o pé direito, literalmente, ao lado de pessoas incríveis e especiais.
e se o ano seguir a linha desses primeiros dias, eu já fico feliz de antemão, e coração esquentado, porque promete.

Feliz ano novo pra todos.

=]