quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

# 5

das ruas e das rosas



e tava lá, no meio do asfalto, ainda intacta, aquela rosa vermelha.
daí me passaram pela cabeça milhões de hipoteses para como ela foi parar ali, desde a namorada que ganhou do namorado, brigou e jogou fora, até a que caiu do carro que leva defuntos.

e me lembrei que nunca gostei de flores arrancadas da terra. antes de arrancadas, ela eram plantas, vida. depois, viram flores, rosas. mortas. duram bonitas por 2 ou três dias.. mais até se colocadas no gelo, mas depois secam e viram adubo.

e isso é triste. arracancam com a flor a possibilidade de uma semente.. praticamente um aborto.

daí imagino.. pra que arrancar uma planta do pé, se é pra deixa-la ali, jogada no asfalto?

a rua é fria e seca, apesar de que ontem choveu. e não combina o cinza do asfalto com o vermelho daquela rosa.

antes de ir, apanhei-a do chão. não queria que um carro a despedaçasse. coloquei-a deitada num canteiro, fiz uma oração e continuei descendo a rua, com o guarda-chuva grande na mão.

Um comentário:

Feliploko disse...

Também não gosto de flores, nesse sentido =/ Acho ótimo que elas fiquem lá, vivas, bonitas, em seus lugares.

Esse povo é sem noção. Pra que dar uma coisa morta pra simbolizar algo tão vivo? Deviam pensar um pouco mais.

E tenho dito.