terça-feira, 21 de dezembro de 2010

# 247

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|| do balanço anual


em uma avaliação apertada do meu ano de 2010, o resultado a que chego é que foi um ano bom sim.
um ano de mudanças. muitas delas.
mudei de casa, mudei de festas, mudei de trabalho, mudei de grupos de amigos, mudei meu corte de cabelo, mudei meu jeito de me ver.
e nenhuma mudança vem sem uma grande revolução, e assim foi o que ocorreu.
em um ano em que passei a me entender mais, a aprender mais comigo mesmo, a me entender e a me gostar mais, eu tive que fazer algumas escolhas em prol da minha satisfação pessoal, por mais egoísta que isso pudesse soar.
e nada tenho a reclamar até então.
um ano positivo.
me aproximei de pessoas fantásticas, com as quais eu aprendo muito, e rio, me divirto, sem peso, numa leveza que eu não sentia a tempos.
com a mudança de casa, pude receber amigos em casa com mais frequência, e passamos a ter tardes/dias/noites ótimas, com muita conversa, risos, e tudo o mais.
me distanciei de outras pessoas, de forma natural, e não me arrependo.
passei a dar mais valor a mim e ao meu trabalho, sendo reconhecido e reconhecendo que sou um bom profissional sim.
me aproximei mais da minha família, que cresceu com a chegada da Julinha.
e, por incrível que pareça, foi o ano em que menos me apaixonei pelos outros, mas que mais me apaixonei por mim mesmo, tendo um olhar crítico sempre.
tentei distribuir todos os sorrisos sinceros que pude.
fui o mais transparente possível com todos.
e acabo o ano com uma sensação de que 2011 será um dos melhores anos da minha vida.
assim espero.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

# 246

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e ele acorda ouvindo uma de suas músicas favoritas, assim, de graça, presente dado pela vida, que apareceu no shuffle do seu windows media player.
era seu aniversário, e ele, que já tem o riso solto, sorria mais que nunca.
se levanta da cama e dança, tem vontade de dar cambalhota, mas já tem 29, e suas articulações já não são tão boas. não se desanima.
ri, e se olha no espelho, tentando se lembrar, debaixo daquela barba toda, de como era seu rosto a 10 anos atrás, e percebe que já não faz idéia, que talvez não tenha mudado muito, mas que aquela barba não existia, ah, isso não existia.
e seu dia corre bem, com aquela alegria que ninguém tirava. era seu dia. os amigos ligavam, os primos, as tias, as irmãs. foi ver a avó, e ela, quando o viu, em vez de esticar a mão pra habitual benção, abriu os braços e estampou o sorriso mais gostoso do mundo no rosto, e ele foi lá abraça-la, tão frágil, mas tão dele. 
entre presentes e presenças, entre músicas e textos, seu dia foi um daqueles, em que o mundo era dele.
e no ouvido só ouvia "parabéns eu, parabéns eu".


segunda-feira, 15 de novembro de 2010

# 245

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e ele sempre gostou de romances.
sempre. 
e gastava seu tempo imaginando como seria o próximo. se seria algo como uma tarde sentado nas pedras do arpoador, tomando água de côco e vendo as ondas baterem naquelas rochas todas, ou se seria algo como uma chuva grande, que molha tudo e a todos, porque não cai em uma só direção, que deixa as meias molhadas por dentro do sapato, mas que pára pro sol secar tudo, só pra chover de novo mais tarde.
e assim se divertia, pois já havia passado por ambos os tipos de romance.
e os dois haviam lhe dado felicidades e lições, bem como tristezas e decepções.
o que esperava agora é algum coisa que o impressionasse, que mexesse com toda aquela estrutura, virando o mundo de cabeça pra baixo. 
nem calmaria, nem caos, mas aventura, mas coisa inédita, diferenciações.
e enquanto esperava por tal aventura, se contentava com os romances alheios, esses dos filmes, que nem sempre terminavam bem, mas eram vividos.


domingo, 14 de novembro de 2010

# 244

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ATO I
 
então, em um momento da festa, começa aquela música que ele tomara pra si, aquela que fala que mesmo sem ser notado, ele continuava a dançar, "dancing on my own".
mas o engraçado é que não era só ele.
quando olhou ao redor, viu que outras pessoas dançavam também, de olhos fechados, como se sentissem a música. 
e isso foi bonito de notar. 

ATO II

enquanto a moça cantava que os dias de cão tinham se acabado, o menino estava lá dançando, de olho fechado.
ele batia palmas, de um modo que parecia que a música era pra ele, e que não tinha mais ninguém ali naquela festa. 
e pulava, mas pulava tanto, que parecia que as moscas de sua blusa saíam voando por aquele lugar de dançar. 
era bem bom de se ver. 

ATO III

"music makes the people come together"

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

# 243

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dizem que se deve ter cuidado com pessoas como eu.
intensas, sem medo das gentes, sem irritações constantes e freios de traumas.
espontâneas e tímidas ao mesmo tempo, românticas e atrevidas, sem fazer planos pro amanhã, mas torcendo quietinhas para haja um.
que não desistem das futuras vivências por conta das vivências passadas, que sabem que cada pessoa é única, tanto em seus defeitos, quanto em suas virtudes.
sonhadoras e destemidas, com riso solto, e um charme que atrai aquele monte de amigos pra perto. 
de múltiplas atividades, completamente distintas, porém sem perder a essência principal, que é sua personalidade.
leais a seus amigos, até que desmereçam tal lealdade, e que não cultivam amizades por pura e simples tradição ou necessidade.
que se apaixonam intensamente e sem limite, que se deixam levar pela vida, e que não se destroem ao fim daquela vivência.
que olham nos olhos quando falam, e ainda assim, mantém um mistério em torno de si.
extremistas às vezes, mas que conseguem deixar o rancor de lado na maioria das vezes.
doces, porém perigosas, que são divertidas e dignas de respeito, num só momento.
dizem que se deve ter cuidado com pessoas como eu.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

# 242

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e no fim, continuo sendo o mesmo de sempre.
aquele que muda, mas mantém a essencia.
não adianta minha altura crescer,
meu peso diminuir ou aumentar,
minha voz enrouquecer ou sumir.
no fundo, não passo de um moço vestido de abelha, 
(que nem no clipe de No rain do Blind Melon)
que desde menino, voa voa, fugindo da chuva,
'pra manter as bochechas secas'
e à procura de girassóis.

let it be.
deixa isso ser.

a gente só tem o universo pra percorrer voando.
com essas asas de abelha, 
cantarolando pra chuva não vir.

e no fim das contas continuo o mesmo de sempre.
aquele do sorriso besta, e de cabeça pra baixo.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

# 241

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|| lá do baú



traduções do rei.

"eles vao ver a gente voando numa altura filha da puta
"desce daí", eles vao dizer
mas tudo parece tao perfeito lá de cima
"desce daí", mas a gente vai continuar

"Eu acho que é um sinal"

essas pintinhas no seu olho sao imagens de espelho, e quando a gente se beija, 
elas parecem perfeitamente alinhadas
Eu tenho que supor que foi Deus mesmo quem fez a gente de barro, 
com esse encaixe de peça de quebra-cabeças

A verdade é queisso pode parecer doido, 
mas são coisas assim que pipocam nessa minha cabeça bagunçada 
quando eu acho que vou morrer de saudade
quando voce tá na estrada, muitas semanas de shows, 
e vc procurar no radio espero que essa musquinha te guie

Eles vão ver a gente voando numa altura feladaputa, 
"desce daí", eles vao dizer. Mas tudo parece perfeito quando a gente vê de longe. 
"desce daí". mas a gente não desce...


|| The postal service - such great heights
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segunda-feira, 25 de outubro de 2010

# 240

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Eu não estou em lugares comuns.

E isso é certo, assim como o vento não tem cor, mas pode colorir o mundo com as folhas que carrega.

Talvez no bater de asas de uma abelha eu possa estar escondido, tentando fugir de carona naquelas costas amarelas e pretas.
Mas não consigo ir muito longe.

Assim como estátuas de areia, me paraliso em beira-mar logo me desfaço com a força das ondas.
Isso tudo pra logo vir uma criança e me dar a forma que quer que eu tenha de novo.

Eu não estou em lugares comuns.

Posso estar no pó que cai da estrela azul, recém nascida no universo e pronta pra brilhar.Caio em Terra e ninguém percebe, só procuram a luz.

Definitivamente, eu não estou em lugares comuns.

Me procure embaixo da folha mais seca do outono, de onde posso flutuar no ar em sua queda, mesmo por alguns instantes, mas sentindo a sensação mais perfeita que poderia ter.

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simple things - belle and sebastian

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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

# 239

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- agora me conte, o que você tá sentindo.
- eu, eu.. eu tou sentindo... aliás, eu não tou sentindo. tou sentindo nada.
- você sabe que eu te pergunto é de amor né?
- sei sim, mas o amor que eu tenho aqui, agora, é só meu. não tem novo, não tem antigo, não tem nenhum alheio que me move. quem que eu tou amando agora sou eu. e ao mesmo tempo, é a mim que eu odeio também.
- mas... mas como é isso? logo você, que sempre está dando o seu amor por aí...
- não sei explicar. acho que aprendi a descansar isso em mim. não tou amando, de amor romântico, a ninguém por agora. não sei como acordarei amanhã, mas nos últimos tempos, meu amor sou eu. e só eu. e tou vendo o tanto que esse amor é de verdade, porque o que tem de defeito que eu tenho enxergado não se conta. e amar é isso não é? de achar qualidade e defeito, e ainda assim os defeitos serem lindos.
- prossiga.
- não sei colocar isso em palavras, mas é mais ou menos assim: não tou de porta fechada, não tou fechado pra balanço, mas não tou remexido. tou em suspensão, e se chegar alguém que consiga me tirar desse estado, eu posso vir a me apaixonar, e viver toda aquela história nova. mas se não vier, não tem problema, eu vou seguir me amando. algo por aí.
- e você não se sente vazio? não sente falta? não tá carente?
- sinto sim, sinto falta, carência, saudade... mas não sinto também, o que é estranho. eu sinto é vida, sabe, eu sinto que nenhuma dessas coisas é capaz de me impulsionar... nem saudade, nem carência, nem falta e nem vazio. eu tou bem. bem sim. 
- você se diria autossuficiente?
- jamais. mas não tou dependente do amor dos outros, de uma noite de sexo, de uma compaixão qualquer... eu tou tranquilo do jeito que tou.
- interessante. bem, nossa sessão termina por aqui. boa noite.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

# 238

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e na quarta feira reassisti dois dos meus filmes preferidos na vida.
e foi aquela explosão de coisas aqui dentro que sempre me impressiona.
aliás, é engraçado como músicas, filmes, séries, textos, enfim, é impressionante como essas coisas causam esse efeito extasiante em mim.
 
nesse caso, vendo "antes do amanhecer" e "antes do pôr do sol" eu tive um misto de vontades. daquelas de fugir, de me esconder, de gritar, de rir.. ah, um monte de sensações, principalmente por conta de que eu me identifico com várias passagens.
 
a intensidade dos dois personagens, cada um a seu modo, é muito parecida com a minha, com o modo com o qual eu encaro tudo o que eu faço e vivo.
e acho.
uma delas é essa fala de Jesse:
 
"You know what's the worst thing about somebody breaking up with you? It's when you remember how little you thought about the people you broke up with and you realize that is how little they're thinking of you. You know, you'd like to think you're both in all this pain but they're just like "Hey, I'm glad you're gone"."
 
e outra é uma da Celine, quando ela diz que não consegue se desfazer de ninguém que passou por sua vida, porque é alguém que gosta de pequenas coisas, e todo mundo é cheio de detalhes próprios, de sutilezas únicas.
 
 enfim, é engraçado notar que quando se explode essa sensação no peito, essa de sentir algo que a gente até se esquece que existe, essa de sentir, a gente percebe que anos vêm, anos vão, e a gente continua assim, sentindo. e nem é sentindo algo específico, é só sentindo mesmo, no sentido de ser humano.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

# 237

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e mais uma vez ele encaixotou suas coisas, dividiu suas roupas entre malas e sacolas, e carregou tudo pro caminhão de mudanças.
e lá ia pra um novo endereço.
mas pra ele, dessa vez, não era uma simples mudança de endereço. a sua mudança era quase total.
estava mudando de hábitos, de trabalho, de focos na vida, de jeito, e até mesmo mudando alguns amigos.
parecia que havia passado um furacão na sua vida, e carregado uma parte bem grande de tudo aquilo que ele havia construído até então, o que não mexeu só com seus pertences, mas com alguma coisa dentro dele mesmo.
quem o vê hoje diz que ele parece mais calmo, mais sereno, e ele mesmo reconhece isso nele.
já não é mais aquele turbilhão de gente, que tem que fazer duzentas e vinte e três coisas ao mesmo tempo. ele está mais focado, mas determinado, e até mais sincero consigo e com os outros.
quando pisou na casa nova já percebeu que ali as coisas iam ser bem diferentes. seu quarto era imenso, pelo menos o maior em que já viveu, e que não podia deixar suas coisas jogadas.
foi ao mercado, comprou um pé de pimenteira e outro de arruda, os alojou na sala da casa, lembrando que sua avó havia lhe dito que era pra espantar "mau olhado", não era dos mais crentes nessas coisas, mas não custava nada.
descarregou as caixas, colocou sua cama no canto da janela, e nela deitou-se, olhando pra tudo aquilo ao redor, que ainda era uma grande bagunça, mas sabia que estava em casa.
e assim, de pouco em pouco vai se arrumando, de ajeitando, reconstruindo cada pedaço levado pelo furacão.
e o melhor, sabe que toda mudança é pro bem, afinal, nunca se ouviu dizer de borboleta virando lagarta.
é evolução.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

# 236

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... e assim, depois de tudo o que aconteceu, ele olha pro mar e fala: 

- Pra quê tanto sal nas suas águas? Isso faz com que meus olhos fiquem ardendo e que eu precise urgentemente de uma ducha quando chego em casa. 
- Não sei, responde uma voz que não dá pra saber de onde vem. 

E assim ele volta a caminhar só pela praia se divertindo com as pegadas que seus próprios pés deixavam na areia semimolhada por aquela onda que acabou de voltar pra casa. E ele pensa: Ondas! 

Daí corre em direção à espuma que ainda resta na beira do mar e mergulha como se golfinho fosse e se admira com a visão de seus próprios pés na areia... 

terça-feira, 14 de setembro de 2010

# 235

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"save the last dance for me"


e é bem assim. eles já se conheceram, o mundo já girou. a eles permaneceram junto nesse tempo todo, juntos, embora sempre cada um do seu canto.


mais se desencontraram que encontraram, mas mantiveram contato quase que diário por todo o tempo, exceto por uma pequena pausa de sumida de um deles a uns anos atrás. mas foi tão pequeno o tempo, que eles nem contam.


e se amam sim, de formas diferentes, talvez, mas o fato é que um se tornou essencial ao outro. e ambos crescem nesse tempo.


não são um casal, aliás, são algo um pouco melhor que isso: são íntimos.


um dia, numa das brincadeiras do destino, podem vir a se tornar um desses casais que vão ao cinema juntos e ficam de mãos dadas vendo o filme, saem pra um café como dois apaixonados, e dividem a mesma cama ao fim da noite.


por hora, são dois que se amam, e como se amam, mas não da forma convencional.
a verdade é que, toda vez um deles vê o outro, canta esperançoso e baixinho: "so darling... save the last dance for me", na versão no Bublé.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

# 234

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das cartas não mandadas.
03 de setembro de 2009.



eu fico cá pensando e caí por mim: nunca te escrevi uma carta de verdade.
não, não contam os bilhetes trocados no trem, escritos em papel azul, na volta daquela viagem de Ipatinga.


eu falo de cartas, daquelas que começam com "Belo Horizonte, dia tal do mês tal do ano tal".
e acho que já é um pouco tarde pra escrever alguma né.. depois de tanto tempo, de tantos acontecimentos.
na carta eu falaria do clima do dia. da temperatura, que reflete também o estado emocional. se fosse agora, eu diria que meu céu está se abrindo depois de uma longa temporada de nuvens carregadas.

bom, o importante é que é impressionante. não sei se sou eu que tenho uma propensão de viver numa eterna roda gigante, que gira gira gira e acaba voltando no mesmo lugar, mas eu tenho sempre a sensação que não me desliguei de verdade de você. por mais que eu quisesse ter acreditado nisso.

hoje tudo é mais claro, eu ando mais sereno, e com isso, os pensamentos me levam a analisar as histórias antigas sob uma outra ótica, que eu não me permitia enxergar antes.
hoje eu vejo que nosso fim foi num momento de turbulência, de precipitação, de orgulho ferido, diria.. eu não entendia tão bem as coisas como hoje. era quase egoísta.
e isso já não importa hoje.. depois desse tempo que passou. muita coisa aconteceu, muitas pessoas apareceram, desapareceram, se misturaram, enfim.. a vida seguiu seu curso. 

e se eu fosse te escrever uma carta hoje, contando os acontecimentos que se passaram desde aquele tempo até agora, precisaria de umas 20 folhas de papel, pelo menos, pra chegar num final com algo do tipo "mas que você ainda mexe  comigo" ou até mesmo "pra passar isso tudo e dar por mim que amor não morre".


o negócio é que hoje eu estou bem mais tranquilo, mas no geral, tem dias em que é proibido ouvir "Ainda Bem" da Vanessa da Mata, porque eu fico pensando que sei sim "como seria essa vida"... e nisso o olho ia encher de água. 

e pensar que eu nunca te escrevi uma carta.. hoje seria desnecessáro. talvez você nem lesse.. talvez rasgasse assim que recebesse. talvez a guardasse.


e também, eu não saberia como dizer as coisas sem soar temperamental demais. 


é.. meu orgulho está de férias, permanentes, talvez, pelo menos assim espero, e isso é tão bom porque me permite admitir certas verdades.


e o tempo não fez passar. o tempo foi só perdido.
e é tudo saudade. 
e hoje, 03 de setembro de 2009, já seriam 05 anos.
fica na gaveta, Vanessa da Mata, hoje não é seu dia.

atenciosamente.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

# 233

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e nos últimos tempos a busca tomou conta aqui.
a busca por uma casa nova, pra ser mais específico.
todo dia, milhões de acessos a sites de imobiliárias, visitas a apartamentos, arrumação de documentos, e o começo do encaixotamento das minhas coisas.

meu deus! eu me esqueço que eu tenho tanta coisa. e não digo isso como forma de me vangloriar do tipo "oh como ele tem tanta coisa", mas sim do tipo "putz grila! é muita tralha!".
é, porque eu tenho certa dificuldade em me desvincular das coisas, em desligar, em jogar coisa fora. em todos os sentidos.
eu tenho esse problema de desapego.
eu acho que deveria ser mais fácil desapegar das coisas. de poder jogar o que já não serve no lixo, de poder deixar pra trás, de verdade, acontecimentos e pessoas, enfim, o desapego devia ser mais fácil. tem pra quem seja. não pra mim.

eu decidi que nessa mudança eu vou me desfazer de algumas coisas, daquelas que eu não uso, que não têm mais utilidade. das roupas que não me cabem, de objetos inúteis, e espero que isso seja válido também pra emoções.
tou usando essa mudança como meio de reinvenção, de mudança no sentido literal da palavra. mudança de vida.

e, confesso, eu tou ansioso que não me caibo. louco pra entrar na casa nova, e pintar logo uma parede azul.

# 232

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eu sempre achei esse papo de "o problema não é você, sou eu" uma das maiores desculpas genéricas pra acabar um relacionamento. é simples e não exige maiores justificativas, ou seja, uma mera balela.
até então.
agora, eu já vejo isso com outros olhos. realmente pode existir essa situação de o problema ser nosso sim, e que, por mais que a outra pessoa seja ótima, bacana, legal, enfim, que a outra pessoa seja o nosso número, a coisa não desenvolve dentro da gente. e não tem nada de errado com a outra parte. o problema é nosso, e só nosso.
eu me vejo nessa situação. 
faz tempo que eu terminei meu último relacionamento mais consistente, que nem nome de namoro teve, mas ainda assim durou um pouco mais que os casinhos que as pessoas preferem ter hoje em dia. 
e não sei se por medo, preguiça, ou sei lá o que, eu não me deixei construir nada de concreto nos últimos tempos, pelo contrário, era quase que um processo de auto sabotagem.
até inventar uma paixão súbita, que eu só descobri que havia inventado depois de amargar por uns meses, e depois de umas sessões de análise, afinal, era ridicularmente visível que não haveria fruto nenhum daquilo, mas que era uma forma de eu ficar afastado de qualquer relacionamento sentimental possível, eu inventei pra poder me manter só. sim, eu tou nessa fase de ficar só comigo mesmo.
e isso só ficou mais claro pra mim nas últimas semanas.
e o que acontece é que essa descoberta me foi num momento desses em que tenho que explicar pra alguém que o problema é comigo. mas isso soa tão clichê, que é até vergonhoso de se querer dizer, mas não passa da mais pura verdade.
eu tou nossa fase de me reconhecer, me melhorar, de me curtir. uma fase de mudanças em todos os sentidos, mudança de casa, mudança de meta de vida, de trabalho, de lazer, e até mudança de alguns amigos, enfim, é um caos, uma revolução total, e que eu tenho que ficar só comigo.
e isso nem é covardia, mas é auto proteção, e proteção dos outros. 
e é isso o que eu tenho passado.
e eu nem chamaria isso tudo de problema realmente, mas sim de um empecilho, um obstáculo. 
o que eu tou chamando de problema também eu posso chamar de autopaixão, eu tou apaixonado por mim, e, nesse momento, eu não espaço pra dividir isso com ninguém. 
e não sou do tipo que engana aos outros, e nem quero ser o covarde que deixa em stand by, ou deixa alguém esperando. 
agora eu quero viver isso comigo, sem peso, sem dor, e sem mágoa.
por hora, tou de altas, porque tou ocupado demais comigo mesmo. 

quarta-feira, 21 de julho de 2010

# 231

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"(...) Estive cansado
Meu orgulho me deixou cansado
Meu egoísmo me deixou cansado
Minha vaidade me deixou cansado
Não falo pelos outros
Só falo por mim
Ninguém vai me dizer o que sentir (...)"

Soul Parsifal.
(Marisa Monte/ Renato Russo)

essa é uma das músicas mais fortes que conheço.
ao mesmo tempo que fala de coisas leves, flores, folhas, cheiros bons... fala de redenção, de solidão e de tristeza.

quando a escuto, ou mesmo canto baixinho, sinto uma explosão dentro de mim, como se tudo que eu sinto, de bom e de ruim, se remexesse dentro do meu estômago.

e essa reviração toda aqui dentro me faz ter uma sensação de vida, de saber que eu tou aqui no mundo, que nem todo mundo, e que eu vivo, e sinto, e respiro.


e a música ainda diz uma coisa muito certa, e que a gente tem que repetir pra sempre: "ninguém vai me dizer o que sentir". ninguém pode fazer isso por ninguém, mesmo quando a gente queria que isso fosse possível, mesmo quando a gente pensa que se tivesse um super poder, esse seria o de fazer os outros sentirem exatamente o que a gente quisesse ou sentisse.


"ninguém vai me dizer o que sentir..." e ninguém deve fazer isso. nem o medo, nem a euforia, nem mesmo o futuro.



terça-feira, 6 de julho de 2010

# 230

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e o Pedro Morais colocou tanta força, tanta dor, tanto significado na sua interpretação dessa música, que foi impossível que eu não me emocionasse.
sim, porque ela fala de como a via continua pra um e não pra outro após a finalização de uma relação.
e a minha emoção me veio justamente porque me identifico.
se pra um, a vida segue em frente, sem lembranças, ou até com a indiferença em relação àquela história que passou, pro outro ela dói.
eu me identifico com o outro.
não que eu seja daqueles que querem reviver, remendar amores passados. eles passaram. mas porque cada pessoa que passou pela minha vida teve a sua importância, e sempre terá, independente se foi ruim ou boa, se foi romance de anos ou de meses...
já disse aqui antes e repito: eu sou um ser de detalhes. eu me apaixono é pela singularidade, pelas pequenas coisas. e isso não passa.
aquilo que um amor tinha de especial, era só dele.
os outros tiveram as suas coisas especiais. cada um dos amores teve.
daí que não é só dizer que "passou". não passou. é desrespeitoso pensar assim. é renegar a história, os momentos.
e isso não é vontade de reviver, é só respeito. porque cada pessoa que passou serviu pra me tornar no que sou hoje. e isso não passa.
e eu quero mais gente pra esquecer, ou, quem sabe, que não precise que seja esquecida.. eu quero ter mais lembranças. me lembrar daquilo que ainda não aconteceu.
se me emociono, é porque eu acredito que haja encanto no mundo.
e isso não passa.

|| Pedro Morais e Mariana Nunes: Tristesse http://www.youtube.com/watch?v=GMS9mkReYV8
(Cobra Coral)

segunda-feira, 28 de junho de 2010

# 229

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e o que o outro não entendia era como ele estava assim, tão encantado com ele.
dizia que ele mesmo era uma bagunça, e seria, no mínimo, loucura, se alguém quisesse compartilhar dessa bagunça toda.
só que, o que ele não enxergava, era que o outro gostava mesmo era da bagunça, do não certinho, do não previsível. que aquilo sim era combustível pra sua vida, pra sua motivação. ele, que em si próprio, via as suas próprias coisas bem bagunçadas e desordenadas.
e a bagunça que lhe fascinava, porque o que é linear torna-se enfadonho com o tempo. daí que ele preferia a imprevisibilidade que as coisas mais desarrumadas lhe traziam. não haveria rotina, nem muito cansaço, haveriam desafios e exercícios de tolerância, e risadas, ah, como haveriam risadas...
o que importava ali era o encanto. mesmo que o encanto viesse justamente da forma desordenada que as coisas lhe apareciam.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

# 228

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e ele nunca precisou de muita coisa pra ter encanto por nada.
é que é do tipo que fica de boca aberta com as particularidades, com os detalhes.
costumava dizer que uma das melhores frases de música que já ouvira é "na simplicidade eu vejo as coisas mais incríveis". e foi do tipo que quando ouviu essa frase pela primeira vez lhe faltou o ar nos pulmões. jamais se identificara tanto com uma letra de música, ou pelo menos fazia tempo que nenhuma canção lhe arrebatava assim.
e continuou sendo o secreto admirador das coisas simples.
porque, pra ele, tudo era singular, feito de particularidades, detalhes únicos e insubstituíveis. e assim via as pessoas, e por isso se encantava tanto, o tempo todo, por tanta gente.
e quando tinha que deixar alguém de lado, seja por ter sido um romance que não funcionava mais, ou fosse uma paixão platônica que não encontrava saída pra realidade, ele se entristecia.
porque deixar isso de lado significava deixar de lado também aquelas coisas únicas que ele havia enxergado, aqueles detalhes únicos que não existiriam em outra pessoa.
mas o mundo não acabava. ele continuava admirando as coisas simples. 
e não precisava de muito pra se encantar.
era só enxergar além do que todo mundo enxergava. era só sair do geral pro particular.
e ele continuaria a ver as coisas mais incríveis.

# 227

|| palavras antigas. 13 de agosto de 2005.||


:: das complicações


eu nunca gostei de letras maiúsculas e nem de pontos finais.
e isso de uma maneira geral, e não a limitada à órbita gramatical.
sei lá, a letra maiúscula dá uma aparência de grito às palavras, até a própria palavra "maiúscula" é meio escandalosa... e eu prefiro tanto o sussurro, o falar baixinho...

e o ponto final dá a sensação de término, fim mesmo... e eu acredito que nada é imutável, que nada "é", que tudo "está", e isso não impede que as coisas voltem a um estado anterior ao atual, ou que procurem outro estado diferente... eu acredito em mudanças.. eu prefiro as reticências...

é, é mesmo complicado... mas deixa estar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

# 226

|| palavras antigas. 09 de outubro de 2006. ||




::das coisas que eu não esqueço


em conversa com um amigo antigo nesse sábado ele me dizia que eu era uma pessoa que não esquecia.
e de fato, no fim das contas todos os meus amores intensos permanecem dentro de mim amores ainda, modificados, adormecidos, desacostumados.

guardo sentimentos bons por todas as pessoas que passaram por minha vida e me fizeram ter momentos de extrema alegria. não que seja porta aberta pra que um dia volte, mas pela beleza de ter vivido.

por um lado é bom não esquecer. por outro é ruim.
mas é minha natureza fazer permancer o amor, e no fim das contas, acho que amor não se esquece mesmo não.
só se guarda escondido pra não aflorar de novo, mas ele continua vivo.






|| originalmente publicado por mim no "eletricidade".||

terça-feira, 15 de junho de 2010

# 225

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e ao mesmo tempo em que ele notava as mudanças em si, decorrentes do amadurecimento meio impulsionado pela análise, ele lidava com uma nova de suas emoções.
não era daquelas paixões antigas, nem da forma antiga.
ele ainda estava aprendendo a lidar com seu novo jeito, e isso o desconcertava por demais, porque não sabia definir direitinho o que era aquilo que lhe batia.
não era mais como antes, que nomeava como paixão qualquer coisa que lhe batesse o peito.
dessa vez é mais gostoso. um encantamento diferente, talvez nascido da semelhança gigantesca com aquele outro. não nomeava de paixão. nomeava encanto.
e o encanto é doce. e é mágico, e não sabia delimitar o início e o desenvolvimento daquilo em si.
sabe dizer momentos de certeza, de que sabia que não era mais coisa simples, carinhosidades, e doçurices inconscientes.
e por essa vez, já que era outro, teve força pra dizer daquilo, pra revelar o que sentia pra quem era sentido.
e foi reconfortante, mesmo ante a resposta de surpresa e incerteza.
fato é que a leveza lhe bateu à porta com a revelação, e com maturidade, soube conversar sobre o assunto abertamente.
ele era um poço de sentimentos, como outrora sempre fora, mas agora os trata com paciência e calma. sem corridas, sem fugas, sem medo.
gostar nunca é ruim. mesmo que de parte única.
em seu caso, ainda não há partes.
ainda.

terça-feira, 1 de junho de 2010

# 224

:: "i keep dancing on my own"



ele olha pros lados e vê aquele monte de gente se abraçando.
casais por toda a parte, principalmente depois das 19 horas.
e olha pra si, sozinho. mas pior que sozinho, vazio.
dia desses, estava parado esperando o sinal de trânsito abrir, e olha pro lado, um moço de branco, também a espera do sinal, sozinho, mas sorrindo de tanta felicidade.
aquilo lhe causou uma inveja grande. um sentimento que até o feriu, porque estava com inveja daquele moço, que podia estar rindo por qualquer motivo, mas que, pra ele, era porque tinha acabado de ouvir uma palavra de amor, ou estava lembrando de que era amado, enfim, ele tava sorrindo de paixão.

o sinal se abriu, e ele saiu andando ainda mais despedaçado, por conta da inveja.

e nem é a época do ano, mas ele se sente assim a muito tempo. não é falta de carinho, porque isso, e sexo, é fácil de se conseguir, mas é falta daquela sensação de amor, de paixão, de frio na barriga, de borboletas no estômago.

e nesses dias a música aí de cima não tem saído do repeat de seus rádios.
e ele anda pelas ruas a cantando, e gritando internamente às vezes.
ele continua dançando ali sozinho, por si mesmo, e vendo todo o resto do mundo amar.

http://www.youtube.com/watch?v=8jBsiXLqNBY

# 223

::


e esse negócio de reassistir Ally McBeal, um seriado do qual eu gosto muito, me relembrou de uma coisa muito legal.

todo mundo deveria ter uma theme song, aquela canção tema, que serve pra animar a gente naqueles momentos de tristeza, ou encorajar naqueles momentos de desespero, medo e timidez.

daí eu lembro que a minha música é, e isso já faz mais de uns 12 anos, a "no rain" do blind mellon.
é uma música da qual sempre gostei, e que sempre que ouço, sobe um arrepio frio na espinha, uma sensação de felicidade, e é quase aquelas borboletas no estômago de quando a gente se apaixona.
só sei que, instantaneamente se forma um sorriso na minha boca, e eu começo a balançar os pés, bem escondido, assim que eu a ouço.

melhora o meu dia, mesmo aqueles em que o céu tá mais pra cinza que pro azul.

acho que todo mundo devia ter uma canção tema da vida.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

# 222

::

"pra que eu me divirta, às vezes basta um sorriso, às vezes uma palavra é tudo o que eu preciso"

e é que ele estava à toa pela vida, cheio de questionamentos, cheio de sugestionamentos, mas sem qualquer rumo certo.
a moça que analisava suas atitudes toda semana, havia lhe dito: "desacelere! o mundo não termina amanhã! por quê tem que ser tudo nessa intensidade toda?"
e depois dessas palavras, que foram como grampos pregados num papel branco, ele pensou em diminuir sua velocidade, que sim, sempre fora assim, rápida demais, elétrica demais. resolveu se focar.

e naquela noite, mesmo passando frio, não queria entrar pro lugar das danças, porque ele estava ali se divertindo, com casos engraçados, mas entredido demais com aquele sorriso sem jeito que ele enxergava, uma coisa entre o tímido e o desajeitado, mas ainda assim, tão forte e sincera, que ele só não conseguia sair de lá.
e pronto! estava lá, focado, desacelerado, sem vontade de sair de perto, porque o tempo tava frio, mas aquela alegria do momento o aquecia.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

# 221

::


é que eu tenho uma caixa aqui dentro de mim, com toda a minha gravidade.
vez ou outra, eu deixa ela se abrir pra alguns amigos, que são os que sabem que também sou equilíbrio.
mas na maior parte do tempo, a caixa fica fechada, porque muito do que tem dentro dela é de doer. 
e eu não sou dos que gostam de doer. 

quinta-feira, 13 de maio de 2010

# 220

::

e lá estava ele, depois de umas cervejas, dançando, numa madrugada de sábado.
em meio a conhecidos, ele dançava de olhos fechados, quando a música era daquelas que mexiam consigo, fazendo aquele arrepio gelado subir pela espinha.
noutras, abria a boca e gritava a música a plenos pulmões, como se fosse pro mundo todo ouvir.
e nessas, dançava, dançava e dançava.
numa hora qualquer, pisou no pé de alguém, e, como sempre, se desculpou.
a pessoa sorriu, e ele voltou a dançar do mesmo jeito.
tempos depois, pisou novamente no pé alheio, e pediu novamente desculpas, ao que percebeu que o pessoa sorria e o encarou, dizendo "quem é você que pede desculpas quando pisa no pé de alguém numa boate? você existe?" e, num sorriso trocado, começaram a dançar juntos, e em silêncio.
não trocaram nomes.
mas de lá saíram, e conversaram como nunca, como se o mundo fosse terminar naquele dia, e tinham que esgotar todos os assuntos.
artes, literatura, cinema, teatro, amor, vida, enfim, os mais diversos assuntos, de modo meio sério e meio descontraído, mas com profundidade.
a manhã chegou, e eles não perceberam.
a conversa terminou, e com um beijo, se despediram.
e nem os nomes trocaram.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

# 219

::


- "você é uma das pessoas mais divertidas que eu já conheci."

e ele ouvira essa frase por 3 vezes, de 3 pessoas diferentes nos últimos meses. e isso o perturbou.
sim, por mais que ser uma pessoa divertida é uma coisa boa, no sentido de atrair a atenção das pessoas, de manter gente ao redor, por outro lado, pode ser uma coisa terrível.
e ainda mais pra ele.
sim, ele não queria essa imagem de comediante. ele era bastante sério sim, e isso estava, de certo modo, disfarçado. talvez pela facilidade maior em ser alguém que arranca risadas dos outros, o que é leve, em vez de alguém que trava discussões sobre temas graves.
mas... ele também sabia falar dos temas graves.
e o incômodo foi se tornando sem tamanho, mas a gravidade disso tudo foi interiorizada, tornando-o alguém divertido pra quem tava de fora, mas alguém grave pra si mesmo.
e ele vem empenhando um esforço bem grande no sentido da seriedade. então, ele vai continuar rindo das bobagens da vida, mas ele também vai querer falar sobre o cinema koreano e de como acha que "na natureza selvagem" é um filme terrível.
experimenta.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

# 218

::


ele não gostava de silêncio.
pelo menos não quando estava com muita coisa acumulada na pauta de pensamentos.
e por isso sempre andava ouvindo músicas com seus fones de ouvido.
mas ali, naquela tarde, foi impossível evitar. 
dentro do ônibus, a bateria do tocador de música acabou, e só restou o silêncio, permeado pelo barulho da estrada. 
e nessa torrente de pensamentos, ele deu por si que, por mais tempo que passasse, nunca ia superar aquele primeiro amor.
e do mesmo jeito, nunca ia superar o segundo, nem o terceiro, nem o quarto e nem o próximo.
isso porque era uma daquelas pessoas que não ia pelo conjunto da obra. ele se apaixonava era pelos detalhes, pelas miudezas de cada pessoa que passava por sua vida.
que eram essas pequenas coisas peculiares de cada um que faziam de cada paixão única, ímpar.
e sabe também que esse trem de amor passado não termina, mas que não impede os próximos amores de cheguem.
e ao perceber isso, viu aquela tempestade que o assolava fazia alguns dias, passar, e ir pra bem longe.
ele não ia superar o amor passado, logo ia aparecer é um novo pra se tornar também insuperável, que nem os anteriores.
e assim a vida ia seguir.

terça-feira, 27 de abril de 2010

# 217

::


e lá estava a senhora, já com sua coluna meio encurvada, sentadinha na sala, como o faz todo dia na hora do vale a pena ver de novo.
- "não me liga na hora da minha novela que eu não te atendo". avisava pra todo mundo.
e ficava atenta na tv, misturando os personagens com os atores e atrizes, de um jeito que era uma graça quando um deles aparecia em outro programa de tv, e ela dizia "-nossa, essa mulher é ordinária demais, faz muita ruindade."
e eu só ria, ali sentado no sofá, olhando pra ela, com uma saudade adiantada, de quem não se foi ainda.

e eu tou falando da minha Vó Doca hoje, porque já tou todo morto de ciúmes.
ela vai deixar de ser só avó, e vai virar bisavó daqui a uns meses, e tá toda prosa com o primeiro bisneto.
mas eu tou é feliz.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

# 216

::


e nos dias que se passaram ele ficou ali, pensativo.
e era engraçada a sua conclusão: passava mais tempo colando o coração partido tantas vezes, que curtindo ele inteiro.
é... é que quando ficava com o coração inteiro, uma sensação de melancolia ia junto com isso tudo. 
ela talvez viesse do medo de não dar certo, de tudo acabar de repente, e, por fim, a melancolia ia sempre de braço dado com a paixão.
daí não conseguira quase nunca experimentar só a explosão de sentimento bom, seguro.
e toda vez que a melancolia superava a paixão, o coração se partia.
e lá ia ele de novo colar aquele tanto de caquinhos espalhados pela vida.
só que dessa vez ele sente diferente.
talvez porque não queira, só dessa vez, juntar os cacos. talvez porque queira ficar com o coração partido por um tempo maior, pra poder evitar todo esse trabalho com cola. porque isso cansa. 
ele ainda não sabe exatamente o que quer. sabe que está se sentindo triste, carregando à tiracolo uma sacola com seus pedaços por aí.
talvez na esperança de que quem quebrou tudo volte ainda pra ajudar na colagem.
talvez.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

# 215

::


e ela achou que ia ser tudo fácil dessa vez, afinal, já não tinha mais mistério.
já tinha perdido as contas de quantas vezes tentaram fazer isso funcionar, e sempre havia algum empecilho no meio.
e ela já estava cansada de ser objeto de teste, de estar sempre esperando uma aprovação, se era pra ser aceita ou não, se servia ou não, situação que vivera nos últimos anos, com gente nova que conhecia.
mas nesse caso era diferente. não havia que falar em conhecimento, já se conheciam de outras eras, não havia essa desculpa pra esperar um tempo pras coisas acontecerem. estavam prontos, um pro outro, desde outros tempos.
porém, se deparou com essa sina de "estou confuso, não sei, não sei o que fazer quanto a nós dois" outra vez.
e nessa história, que não merece espera, ela resolveu por si mesma dizer aquele adeus.
já estava cansada demais pra esperar uma decisão alheia, quanto menos uma decisão de quem já conhecia e que a conhecia tão bem.
disse o tchau, para o bem da sua auto estima, porque viver em teste, em espera de decisão é horrível pra qualquer um.
disse tchau outra vez, e saiu, com o coração rachado na mão, mas sem olhar pra trás.
que o que passou, passou.

sábado, 17 de abril de 2010

# 214

::


"eu tenho que aprender num desses seriados da tv"






"O que nós não podemos é viver nossas vidas, com medo do próximo adeus, porque as
oportunidades estão aí e elas não vão parar!
O truque é reconhecer quando um adeus se torna uma coisa boa, e uma chance
de começar de novo."

( Ugly Betty - 4x11)

Vou Sentir saudades Betty!

terça-feira, 13 de abril de 2010

# 213

::




a massa acabara de ferver, nos 8 minutos, que nem recomendado na embalagem, que era pra ficar 'al dente', e como já parecia saborosa, de tão bonita que tava.


mas ele não a queria assim.


então, depois de uma breve escorrida naquela vasilha cheia de buraquinhos, ele jogou o macarrão naquela frigideira amarela, e, em cima dele, derramou o azeite, num fio tão bonito que mais parecia um banho de luz.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

# 212

::


e ele entra no elevador do trabalho, lá no 17º (dezessétimo, como gosta de dizer) andar, e olha pro espelho, sua visão de terno e gravata, e o rosto cansado, e começa a cantarolar baixinho "a hard day's night" dos beatles, e um sorriso que ele mesmo formou no cantinho da boca enquanto cantava lhe surpreende.

como pode, uma coisa tão simples, uma música qualquer, lembrada sem saber que seria lembrada, fez com que o dia fosse ganho.

assim, na simplicidade mesmo.

que felicidade é coisa boba, pequena, gestual, a gente é que quer fazer carnaval pra ter sorriso na cara.

domingo, 4 de abril de 2010

# 211

::


uma vez o Rei, quando a gente ainda namorava, me escreveu um texto dizendo que as coisas nem sempre são ditas com a voz. que o corpo fala, que as atitudes falam, e que até o silêncio fala.

e não tem verdade maior que essa.
tem coisas que realmente não precisam ser ditas, e tem coisas que já são ditas pelo silêncio, pela ausência, que, quando a pessoa vai pra te falar isso com palavras, não se faz nada de surpresa, porque já tá ali, consolidado.

o silêncio fala mais que uma desculpa qualquer.
e tem coisa que é melhor não dita.
deixa assim, subentendido.

# 210

::
"mas eu tou feliz"
"Eu, tentei evitar, liguei a  tv e deitei no sofá. Desde que haja tempo pra sonhar, e assuntos pra desenvolver, não é muito fácil desligar, me dá pena do meu chinês. Por ele eu passava o dia inteiro a meditar, bebendo chá verde ele me diz: fica feliz que vai funcionar. Mas eu tô feliz, eu juro pelo meu irmão. O saldo final de tudo foi mais positivo que mil divãs. Por isso que não adianta querer julgar, e cada um por sí, na sua própria bolha de ar. Mas o que eu penso mesmo, é encontrar alguém, que me dê carinho e beijos, e me trate como um neném. Me trate muito bem. Ah, eu só quero amor, seja como for o amor, seja bom, seja bom, seja bom, seja amor. Me faz mais feliz, me dá asas pra fluir e cantar o amor, lalarálaiarará."
|| Tiê

sexta-feira, 2 de abril de 2010

# 209

::


e ele não gostava de coisas mornas.
e isso cabia tanto pra comida, quanto pra relacionamentos.
não gostava desses joguinhos que as pessoas estavam acostumadas a fazer, do tipo, "ah, se eu liguei hoje, agora é a vez do outro ligar", e nem de ter de não demonstrar seu interesse, de ter que parecer frio.
e ele gostava era de ser procurado tanto quanto procurava, de sentir interesse verdadeiro do outro lado.
mas não conseguia aturar coisas mornas, porque detestava estar em banho maria, esperando por um contato por dias e dias e dias...
e quando a relação ficava assim, morna, quase fria, já não tinha como consertar.
ninguém gosta de arroz requentado.
ele também não.
preferia aquele, quente.

quarta-feira, 31 de março de 2010

# 208

::


um diálogo antigo


- então é isso. 
- você tem certeza?
- sim. a gente tem que parar por aqui.
- mas... eu te gosto...
- eu também... (cafuné)...
- então...
- mas eu tenho que parar. eu quero outra coisa pra mim.
- ...
- você tá bem? como você tá?
- isso lá é pergunta que se faça pra quem você acaba de partir o coração, menino?
- ...
- não, eu não tou bem. eu tou triste. eu quero chorar, mas não vou. eu vou embora.
- eu queria que fosse mais fácil.
- eu também. mas só se a gente não sentisse. e eu sinto. 

terça-feira, 30 de março de 2010

# 207

::



Antes do pôr do sol...

Celine:
 
"Reality and love are almost contradictory for me.

[...]

People just have an affaire, or even... entire relationships...
They break up and they forget!
They move on like they would have changed a brand of Cereals!
I feel I was never able to forget anyone I've been with.
Because each person have...
you know, specific qualities.
You can never replace anyone.
What is lost is lost.
Each relationship, when it ends, really damages me.
I haven't fully recovered.
That's why I'm very careful with getting involved, because...
It hurts too much!
I will miss of the person the most mundane things.
Like I'm obsessed with little things.
 
[...] 
 
The idea that we can only be complete with another person is...
EVIL!
Right?"

segunda-feira, 29 de março de 2010

# 206

::


que me taquem pedras. nem ligo. mas eu gosto, e muito, do Renato Russo e suas letras.
todas têm alguma significância pra mim. todas fazem sentido, ou já fizeram em determinada época da minha vida, e nesse fim de semana, que ele completaria 50 anos, eu tive meus momentos de homenagem a ele.


agora mesmo, escutando "soul parsifal", foi incrível relembrar a sensação que essa música me provoca. é um calafrio desses que percorrem gelados na espinha e que deixam uma alegria toda contida dentro do estômago, quase que num saciamento de fome. é uma explosão. e eu tou aqui, nesse momento, cheio de alegria sem nome, com o peito feliz, e tudo por conta da música.


ele dizia na letra dessa música "eu vou cantar uma canção pra mim."
o que não imaginava é que, mesmo depois de anos e anos de sua passagem, ele nunca cantou uma canção só pra si. ele cantou pra nós.


e agora dá licença, que eu tenho que cantar aqui, pra mim.

sexta-feira, 26 de março de 2010

# 205

::


e era quinta feira à tarde.
e ele tinha marcado o encontro no aquário da cidade, às 14:30.
a manhã havia sido corrida no trabalho, e quase que precisou ir ao encontro com todo aquele paramento de terno e gravata, mas por fim, teve tempo de vestir uma bermuda e camisa branca.

no caminho pro aquário foi que pensou: "puxa vida, encontro em aquário é muito "closer", o filme"... e só lhe faltou estar vestido de doutor pra cena do filme ser completa, nesse sentido apenas.

lá chegando, contou pro mocinho sobre a semelhança com o filme, e os dois riram e já imaginaram o damien rice cantando ao fundo.

mas o roteiro desse filme ainda tá só começando. eles estão cada vez mais 'closer', mas no sentido de ficar perto mesmo, sem tragédias. algum drama, talvez, mas ainda é só o começo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

# 204

::


tem quem me pergunte se eu me arrependo de alguma coisa que eu vivi, sentimentalmente falando.

e eu antes dizia que sim, acho que mais guiado pelas mágoas guardadas, mas na verdade, eu não me arrependo de nada. nadinha mesmo.
tudo o que eu vivi, tudo o que aconteceu comigo, contribuiu pra eu ser o que sou hoje.
e nem me venha com aquela balela de trauma pra cá, e trauma pra lá... eu não tenho trauma nenhum.

essa coisa de trauma é desculpa. todo mundo é diferente, não é justo jogar nas costas de alguém a culpa por uma coisa chata que fulano ou cicrano te fez no passado. nada se repete.
por isso eu digo que não tenho trauma de x ou de y. eu não tenho boas recordações, mas que isso me impediria de viver algo de novo, ah, mas nunca!
e se engana ainda quem acha que eu fiquei frio, amargo, sem coração hoje em dia.

quem me conhece mesmo sabe das situações do arco da velha pelos quais eu passei, coisas que se o Almodóvar me conhecesse, ia se inspirar e fazer uma trilogia..

ah, mas que nada, eu continuo bobão e romântico, dos que se apaixona, escreve, e o escambáu.
e quando eu quero alguém, ah, aí eu fico demais. insisto, procuro, e demonstro. e gosto, e sou intenso. e quero estar junto também, e quero saber como foi o dia.

e quando não dá certo, bom, eu me entristeço por uns tempos, mas se aparece outra pessoa por logo, lá vou eu de novo. "mama mia, here i go again".

e por aí vai.

não tem trauma. não tem gente igual. e eu acredito nas pessoas, até que me provem o contrário.
palavra de escorpiano.

segunda-feira, 22 de março de 2010

# 203

::


praça cheia demais. muita gente, muito barulho das pessoas, mas pouco barulho do palco.
mal se podia ouvir a voz daquela cantora que ele foi lá na praça pra ver.
e em vez disso, risadas trocadas com os amigos que se espremiam naquela muvuca toda.
e quando conseguia ouvir um trecho de música que conhecia, começava a cantar junto, atraindo olhares raivosos das pessoas ao redor, afinal, o show era no palco...
mas como não cantar "um girassol da cor do seu cabelo" junto com a Takai?
como?
não tinha jeito, ainda mais essa música, que lhe arrepia de tanta belezura.
e aquela sensação boa de choque quando uma coisa boa acontece ia lhe subindo a espinha.
e ele formava um riso quase secreto no canto da boca, que só a amiga das artes, boa demais em leitura das gentes, conseguiu identificar e falou baixinho no ouvido dele: "tá feliz, né?"
e ele só balançava a cabeça em consentimento, levando o dedo indicador na frente dos lábios naquele gesto de "shhhh".
era o segredo deles.
que felicidade, às vezes, tem que ser guardada.
principalmente quando vem das pequenas coisas simples.

sábado, 20 de março de 2010

# 202

::


a rua era de descida. e ele nem sabia onde dava. mas decidiu segui-la ainda assim.

e ela ia correndo lá na frente, sem nem olhar pra trás, como se ele não existisse, ou se fosse só um passatempo qualquer, desses quebra-cabeças de poucas peças que se compra na farmácia. genérico.

ele, apesar de ter notado esse descaso por parte dela, decidiu por continuar numa jornada de paciência e espera. longa espera.

e seguia atrás dela, na descida, e nisso se sentia mal, mas o que importava? era ela. Ela.
ou pelo menos assim achava que era.

a rua continuava pra baixo, e quanto mais corria, mais perdia ela de vista. e suas pernas já doíam. não gostava de descer, por mais estranho que parecesse, afinal, pra baixo todo santo ajuda, como diria sua avó. mas ele já cansara de tanta ladeira já teve de descer na vida, e essa era mais uma.

e assim, apesar de sua empolgação e desejo, ele, quando ela já estava tão longe que fugia de suas vistas, simplesmente parou.

e ela seguiu, sem olhar pra trás. ele havia passado pra ela. ela ainda não era passado. mas logo seria, porque mesmo na descida, uma ajuda lhe cairia bem, um sorriso que fosse, um alô, uma saudação. mas ela não era dessas;

ela era mais uma ladeira, só mais uma descida que ele decidiu deixar pra trás, e retomou o caminho de volta, subindo.

porque é no alto que ele queria chegar.
ainda que pra isso precisasse descer mais algumas ladeiras.

# 201

::


uma vez eu ouvi uma frase parecida com essa aí embaixo numa peça, e ela faz sentido demais.

"as pessoas têm que aprender a ouvir o que as outras insistem em não dizer."

é... tenho mesmo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

# 200

::


e era só o terceiro encontro, e eu já queria te guardar num pote. pra te manter perto.
mas esse trem de guardar no pote tem que ser com sua benção, com sua autorização, que senão vira sequestro, e eu sou moço direito, não posso fazer essas coisas contra a vontade. a sua. que a minha era mesmo a do potinho.
e não sei colocar certinho o que foi exatamente o que aconteceu, só que te vi, e eu te quis.
e depois do primeiro contato dos nossos beijos, eu só sabia que eu queria era samba na vida.
pra isso tinha que ter com quem dançar, e que eu sabia que quem eu queria que me acompanhasse nos passinhos de skindô skindô era você.
daí toda vez que a gente fosse ouvir a moça bonita cantando aquelas coisas boas, eu te tirava do meu potinho. e toda vez que eu quisesse te cafunear, te tirava também, e toda vez que você quisesse cafuné, era só gritar que te punha do meu lado.
mas não, esse negócio de guardar no potinho é só pra poder te ter perto, nem ia aguentar ter uma barreira de vidro ali, separando a gente.
ia te deixar aqui do lado, e todo dia pediria pro céu que não te deixasse ter vontade de ir embora.
mas isso só acontece com sua vontade.
que sou moço direito.

# 199

::

sempre as "precious illusions".
a Alanis que cantava, e um dia um amigo me deu de presente a seguinte frase dessa música: "once i know who i'm not, then i'll know who i am".
e eu continuava a letra inteira, e pensando bem, eu continuo ainda hoje.
que esse negócio de frieza, de joguinho, de seguir uma tabela pra se começar a conhecer alguém não é comigo.
eu não tenho medo de me mostrar, de demonstrar meus interesses, de me entregar. eu não me importo como as coisas serão daqui a 2, 3, 4 meses, eu penso no agora.
e não tenho medo de ser ridículo. todo mundo é ridículo.
nunca tive a pretensão de parecer desses príncipes encantados, nunca quis ser príncipe de ninguém, nem cavalo tenho. eu sempre quis ser eu mesmo pra todo mundo de quem gostei. e, não sei, mas esse ideal de conto fada me espanta. me assusta. ninguém é perfeito. a gente ri, a gente tropeça e cai. a gente fica triste, e fala bobagem. e a gente é sério.
e isso eu mostro desde o começo, sempre.
talvez espante. talvez assuste. mas é o meu jeito.
construo os meus castelos, e fico horas esperando um telefone tocar, eu tento ser imparcial, parecer indiferente...tsssss.. não dura 1 dia. eu vou atrás.
mas se tem indiferença do outro lado, eu me canso.
daí o castelo de areia, que tava ali todo construído, cai.
e mais uma ilusão preciosa chega ao fim.
e aí eu volto pra música quando ela diz "but i know i wont keep on playing the victim".
nem.

terça-feira, 16 de março de 2010

# 198

::


é assim: eu não tenho um manual de instruções. nem meu, nem dos outros.
no entanto, costumo ser de fácil leitura, mais simples, sem complicações.
claro que às vezes pareço um livro escrito em chinês, lido por gente da alemanha. mas isso nem é intencional, eu juro.
talvez eu não passe uma boa primeira impressão, pelo menos não enquanto fico calado, digo isso porque às vezes me dizem que sou legal, deixando a modéstia sentada ali no cantinho.
ah, e tento sempre sorrir. sim, mesmo quando nem tou muito feliz, que é porque sorriso é que nem bocejo. a gente começa, e os outros nos acompanham. além do quê, nem dói.
tem pouca gente que me vê triste, e digo, sou um pouco melancólico na vida mesmo. mas não gosto de mostrar esse lado não, apesar de achar que deveria fazer isso mais vezes.
e sou romântico também, apesar de enganar com a cara de cafajeste, como dizem uns e outros.
mas sou do tipo que é intenso, que se entrega, que espera telefonema, que ri com mensagens, que escreve carta, que canta na rua, e imagina que a melhor história de amor de todas é sempre a que eu estou vivendo.
e sou apaixonado. sempre. por alguma coisa que seja.
mas claro, isso tudo o que tou dizendo aqui é um traçado de forma geral.
cada caso é um caso. cada paixão tem um jéfi pra ela, e cada uma seus momentos únicos e próprios.
o que eu queria mesmo é deixar marcas boas em todo mundo que passa pela minha vida.
e por outro lado, nem queria que passasse tanta gente por ela.

segunda-feira, 8 de março de 2010

# 197

::


e tomou impulso pra se levantar daquele banco, onde esperara por longas e longas horas.
estava tudo planejado, perfeitinho, recortado, mas não aconteceu.

e, a despeito de já saber de antemão que não ia acontecer o encontro, ainda assim se manteve esperando, naquela reserva de esperança pequena de que um remédio milagroso ia aparecer e conter aquela gripe.

mas não, o banco permaneceu ocupado só por um, que lá permaneceu, olhando o céu mudar de cor, enquanto pensava mil e uma coisas, tentando saber se aquilo era um tchau, ou só um impedimento de verdade.

mas nunca soube lidar bem com a desatenção, e naquele tempo parado, já imaginara milhões de coisas, buscando saber onde que havia errado naquele outro dia, que pareceu tão bom.
e quando a cor do céu ficou mais escura, ele tomou o impulso, e se levantou.

e saiu por andar, esperando qualquer sinal, que ainda não sabia se viria ou não, mas que realmente queria muito que viesse.

domingo, 7 de março de 2010

# 196

::


o entender gente tá cada vez mais difícil.
sinais, indicações, movimentos, tudo o que pode parecer ter algum significado, hoje parece ser mais confuso que antes.
em conversa com amigos da minha faixa de idade ontem, a gente entrou num consenso de que é difícil saber o que as pessoas buscam de verdade nos dias de hoje, o que elas querem, ou mesmo se é que querem alguma coisa.
lidar com gente é complicado.
é aquela coisa de pisar em ovos, sem nem provocar rachadura, querendo parecer ser o príncipe encantado, mas que na verdade somos só aqueles que buscam uma perfeiçãozinha forçada pra ver se isso conquista a outra pessoa.
uma bobagem.
eu já cansei disso de tentar ser príncipe.
eu não tenho cara de príncipe, nem jeito de príncipe, nem modos de príncipe e meu cavalo branco tá mais pra uma vassoura piaçava.
quem tiver que me querer por perto, vai ter que se contentar com esse mortalzinho mesmo, um simples humano, tentando ser bom ao seu modo, dando seu melhor.
pq é assim, a perfeição de verdade é aquela cheia de defeitos, que a gente acaba por adorar.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

# 195

::


e ele corria, corria o mais rápido que podia.
não olhava pra trás, com medo do que passou. só ia pra frente procurando um lugar pra chegar, mas que não fazia a mínima idéia de onde seria.
já não via mais motivo pra ficar parado, e vez ou outra diminuía o passo pra dar um daqueles respiros bem fundos, porque o pulmão reclamava, e tornava a apertar o passo.
- deixa o moço correr, escutava às vezes, quando alguém o questionava, mas não se virava pra ver quem havia dito.
e assim corria e corria. por quanto tempo? não se sabe. se já parou? duvido.
ele é vento. e vento não pára.