domingo, 27 de maio de 2012
# 284
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sou absolutamente contra o coitadismo.
todo coitadinho, antes de ser coitado, fez alguma merda bem grande, sacaneou alguém, maltratou, deitou e rolou.
só que quando o jogo vira, é mais fácil se acoitadar do que reconhecer os erros e pedir desculpas. claro, a vítima é sempre a mais cuidada, a mais socorrida.
sou completamente anti coitadismo.
detesto me fazer de vítima, que vejam como o vilão mesmo.
nunca posei de santo, de bonzinho.
sou só humano, que é bom e mau, na mesma proporção.
mas entre o vilão e o coitadinho, prefiro o papel do vilão.
afinal, quando a novela termina a gente se lembra é de quem? da nazaré, da laura ou daquela outra, tadinha, que já nem lembro o nome?
#283
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então é assim.
eu gosto, me entrego, mergulho de cabeça mesmo, sem medo de ser quem sou, sem medo de querer ser feliz.
e, na maior parte das vezes, me encanto com um esboço, com uma vontade alheia de ser quem não é, de um papel bem desempenhado de um personagem.
papel esse que dentro de alguns meses não consegue mais ser mantido.
daí, passam a aparecer as prioridades unilaterais, por parte de mim, que não fui personagem e que só queria viver aquele encontro, aquele conto. passa a parecer que só eu tinha vontade de encontrar, de ver, que a saudade era só de mim.
com o tempo, o esforço que se faz só de um fica fraco, que se cansa, e a tendência do outro, já acomodado, e certo de que não seria solto daquela relação, era de que a coisa permanecesse daquele jeito.
só que não é bem assim.
paciência, uma hora, se esgota. submissão também. e aquele que é submetido à toda essa romaria de vontade alheia, se cansa e grita seu "chega".
daí a vida se abre, e aquele que outrora fazia pouco caso, desprezava, agora entende que o outro lhe era sim importante.
mas esse outro já se cansara de amores tardios. do perder pra valorizar. não mais lhe cabia.
daí, seguia sua vida, assobiando uma canção que dizia que um dia havia de encontrar alguém que lhe valorizasse desde o começo, que não precisasse de um susto, de uma perda, pra perceber o seu valor e sua singularidade perante o mundo.
e, num cantar baixinho repetia "ninguém vai me dizer o que sentir".
então é assim.
eu gosto, me entrego, mergulho de cabeça mesmo, sem medo de ser quem sou, sem medo de querer ser feliz.
e, na maior parte das vezes, me encanto com um esboço, com uma vontade alheia de ser quem não é, de um papel bem desempenhado de um personagem.
papel esse que dentro de alguns meses não consegue mais ser mantido.
daí, passam a aparecer as prioridades unilaterais, por parte de mim, que não fui personagem e que só queria viver aquele encontro, aquele conto. passa a parecer que só eu tinha vontade de encontrar, de ver, que a saudade era só de mim.
com o tempo, o esforço que se faz só de um fica fraco, que se cansa, e a tendência do outro, já acomodado, e certo de que não seria solto daquela relação, era de que a coisa permanecesse daquele jeito.
só que não é bem assim.
paciência, uma hora, se esgota. submissão também. e aquele que é submetido à toda essa romaria de vontade alheia, se cansa e grita seu "chega".
daí a vida se abre, e aquele que outrora fazia pouco caso, desprezava, agora entende que o outro lhe era sim importante.
mas esse outro já se cansara de amores tardios. do perder pra valorizar. não mais lhe cabia.
daí, seguia sua vida, assobiando uma canção que dizia que um dia havia de encontrar alguém que lhe valorizasse desde o começo, que não precisasse de um susto, de uma perda, pra perceber o seu valor e sua singularidade perante o mundo.
e, num cantar baixinho repetia "ninguém vai me dizer o que sentir".
# 282
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e quando eu começo a gostar de alguém, eu não tento, de forma alguma, parecer ser quem não sou.
já fazem quase três ano e meio de terapia pra entender que gosto de mim do jeitinho exato que sou.
daí, me apresento, assim, cheio dos defeitos e qualidades que a vida me moldou. feliz, satisfeito, eu.
e de modo linear, sigo naquele relacionamento, às vezes me adaptando àquele ou àquele outro particular, desde que não exija que eu fuja muito da minha essência, paciência para isso me transborda.
o que não aceito é o abuso. abuso do respeito, da paciência, da adaptação.
abuso daquilo que é liberado pelo bem do casal.
abuso unilateral do direito de dizer não. de não querer ou poder se adaptar de acordo com a agenda do outro.
não aceito ter que me submeter, que regular a minha vida de acordo com a vontade de outrem.
em 30 anos de existência, a vida insistiu em me mostrar que não é na base do grito, da chantagem, do apelo, que a gente consegue ficar junto de alguém. é na base da cumplicidade, que nunca, jamais, pode ser unilateral.
é comum pra mim, já no decorrer de tantas relações, de ter a importância reconhecida só a partir do momento em que se finda a relação. isso já ocorreu várias vezes, na maioria delas, aliás.
o que ficou pra mim é a certeza de que mergulhar num relacionamento, me entregar e viver tudo aquilo que me aparece à frente é legítimo. que eu devo permanecer nessa jornada, nesse entregar. por isso, não me arrependo de nada do que vivi.
só fico triste de saber que esse valor todo, essa entrega, só é reconhecida após muito abuso, muito desafio, muito cansar do meu bem querer. só é reconhecido quando a pedra já não me parece tão preciosa assim.
é difícil nesse mundo de acomodamentos, que a gente se dê conta e valorize o sentimento alheio, que a gente perceba que já é feliz. a gente quer sempre mais. e nessa busca pelo mais, a gente deixa pra trás, talvez, o que tenha sido de mais real no campo sentimental na nossa vida.
o que ocorre é que esperar cansa. que ter que ver perder pra ganhar cansa. e que ter reconhecido o que se é, depois de muita luta, cansa.
o recado que fica é, que abramos os olhos pra o que nos exalta, que brilha, e deixemos as coisas com que se preocupar com o tempo. o que importa é ser feliz, agora, nesse momento.
e quando eu começo a gostar de alguém, eu não tento, de forma alguma, parecer ser quem não sou.
já fazem quase três ano e meio de terapia pra entender que gosto de mim do jeitinho exato que sou.
daí, me apresento, assim, cheio dos defeitos e qualidades que a vida me moldou. feliz, satisfeito, eu.
e de modo linear, sigo naquele relacionamento, às vezes me adaptando àquele ou àquele outro particular, desde que não exija que eu fuja muito da minha essência, paciência para isso me transborda.
o que não aceito é o abuso. abuso do respeito, da paciência, da adaptação.
abuso daquilo que é liberado pelo bem do casal.
abuso unilateral do direito de dizer não. de não querer ou poder se adaptar de acordo com a agenda do outro.
não aceito ter que me submeter, que regular a minha vida de acordo com a vontade de outrem.
em 30 anos de existência, a vida insistiu em me mostrar que não é na base do grito, da chantagem, do apelo, que a gente consegue ficar junto de alguém. é na base da cumplicidade, que nunca, jamais, pode ser unilateral.
é comum pra mim, já no decorrer de tantas relações, de ter a importância reconhecida só a partir do momento em que se finda a relação. isso já ocorreu várias vezes, na maioria delas, aliás.
o que ficou pra mim é a certeza de que mergulhar num relacionamento, me entregar e viver tudo aquilo que me aparece à frente é legítimo. que eu devo permanecer nessa jornada, nesse entregar. por isso, não me arrependo de nada do que vivi.
só fico triste de saber que esse valor todo, essa entrega, só é reconhecida após muito abuso, muito desafio, muito cansar do meu bem querer. só é reconhecido quando a pedra já não me parece tão preciosa assim.
é difícil nesse mundo de acomodamentos, que a gente se dê conta e valorize o sentimento alheio, que a gente perceba que já é feliz. a gente quer sempre mais. e nessa busca pelo mais, a gente deixa pra trás, talvez, o que tenha sido de mais real no campo sentimental na nossa vida.
o que ocorre é que esperar cansa. que ter que ver perder pra ganhar cansa. e que ter reconhecido o que se é, depois de muita luta, cansa.
o recado que fica é, que abramos os olhos pra o que nos exalta, que brilha, e deixemos as coisas com que se preocupar com o tempo. o que importa é ser feliz, agora, nesse momento.
sábado, 5 de maio de 2012
# 281
::
ele nunca quis ser uma pessoa óbvia.
ele nunca quis ser uma pessoa óbvia.
mas, é óbvio, que nem sempre é possível driblar a obviedade.
sim, porque de vez em quando o único caminho da vida é seguir aquele roteiro mesmo, que todo mundo segue.
claro que durante a caminhada é possível fazer pequenas adaptações, pra poder fugir do clichê, mas sair do resultado final, ah, aí não dá.
e era assim em todos os aspectos de sua vida.
quando escolheu sua profissão, quis ir na contramão de todo o seu histórico familiar, e virou o primeiro da família a fazer direito.
comeu o pão que o diabo amassou no começo, mas depois de algum tempo de trabalho deu-se por satisfeito.
não seguiu o roteiro como manda o figurino. ia pra faculdade de all star todos os dias, e só comprou o seu primeiro terno pra ir ao baile de formatura.
na vida familiar a mesma coisa. enquanto seus primos e parentes da mesma faixa etária moravam com os pais, dentro do conforto de não ter que pagar contas de moradia, ele não, resolveu que ia sair de casa cedo, aos vinte e poucos anos, e lá foi-se, se desdobrando pra pagar as contas, mas bem feliz no seu cantinho.
e desde sempre viveu em casa, com passarinho, cachorro e planta. mas quando deixou a casa dos pais, resolveu que viveria em um apartamento.
com horário de fazer barulho, vizinho de porta e tudo o que tinha direito.
na contramão de ter um quintal.
quanto à vida amorosa, outra fuga do lugar comum.
não gostava de se imaginar repetindo um comportamento do namorado anterior de alguém.
por isso nunca gostou de dar buquês de flores.
quando muito, dava uma planta no vaso, que era pra ser cuidada e durar mais.
e mais, vivia tentando fugir dos clichês.
mas como um apaixonado foge de clichês? não tem jeito!
às vezes tem que seguir sim o roteiro.
mas ele é um cara de improvisações, e por isso, tenta, de todo modo, fazer aquele ou outro acréscimo dentro do texto já pronto.
é, às vezes é impossível fugir das obviedades, mas sempre é possível deixar seu diferencial.
segunda-feira, 30 de abril de 2012
# 280
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na primeira pincelada quase desistiu.
ele nunca teve muito jeito pra fazer as coisas dentro da paciência que elas exigem. sempre foi prático, rápido, acelerado.
mas insistiu e continuou a pintar a porta de seu quarto. ele queria finalizar as coisas que precisavam de fim.
e cobria de tinta preta toda aquela porta amarelo clara que dava acesso ao seu quarto novo.
com uma paciência que lhe causava estranhamento, continuou a pintar, escutando músicas calmas, enquanto cantava junto.
talvez aquela calma que havia encontrado fosse fruto de seus 2 dias de isolamento do mundo, graças a uma amigdalite que lhe atacara uns dias antes, que lhe pediu um repouso pra curar, e, salvo a uma ou duas visitas de amigos, e alguns telefonemas, estava ali consigo mesmo.
lhe espantava que não estava fazendo a bagunça que se esperava dele mexendo com essas coisas de tinta, afinal, todos sabem que ele é um tanto quanto elétrico.
e achava graça disso mesmo, principalmente pelo fato que nem ia precisar passar aquele produto com cheiro forte pra limpar as mãos da tinta preta quando terminasse.
o resultado é que, depois de mais ou menos 1 hora e pouco, ele já tinha sua porta preta prontinha, sem muitos pingos de tinta no chão, sem muita tinta escorrida pela porta, o que lhe deixou muito satisfeito do trabalho que teve.
e pouco a pouco ele via sua casa terminar de tomar forma, de terminar de sair do plano pra realidade, e ficava bastante orgulhoso de si.
domingo, 29 de abril de 2012
# 279
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eu sou aquele que tem medo de filme de terror.
aquele que usa roupa barata de noite e terno e gravata de dia.
eu não ligo pra rasgos e furos,
pra pequenas bagunças e copos na pia.
gosto de música brega e de rock, ao mesmo tempo
de ler livros em pé dentro do ônibus
não ligo de pegar ônibus
e me amarro no metrô
sou aquele que acorda de bom humor
que canta andando pela rua
que gosta de melancia
e que ama pipoca doce
eu sou desses que se entrega totalmente quando gosta
que não tem medo de decepção
e que desanima quando não tem retorno
ah, e que odeia mensagens de celular
aquele que gosta de karaokê e de barzinho
que assiste novela, mas prefere os amigos
que corre pela casa pra sentir-se vivo
e que tem trilha sonora pra arrumar cozinha
eu tenho medo de calangos, mas adoro me deitar na grama
sou louco pelo mar, praia e sol
e detesto ficar com pés molhados pela chuva
mas gosto de ver o arco-iris pela janela
eu sou essa bagunça toda
esse cara cheio de defeitos e qualidades
todos construídos ao longo da vida.
e eu gosto demais de ser assim, de ser eu
e de mudar o tempo todo,
mas só quando a mudança partir de mim mesmo.
e de mudar o tempo todo,
mas só quando a mudança partir de mim mesmo.
terça-feira, 3 de abril de 2012
# 278
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"It's always darkest before the dawn".
e "shake it out" da Florence + The Machine tem essa frase, que diz que "é sempre mais escuro antes de amanhecer".
e a verdade é que é uma música que dá uns trem na gente, que faz querer mexer, e que, quando ouço, sobe um arrepio pela espinha toda, me fazendo quase não caber em mim.
tenho isso com algumas músicas.
essa sensação de crescer tanto alguma coisa aqui dentro que eu precisaria de mais alguns metros de corpo pra caber.
e adoro isso.
e desde sempre eu tenho essa mania de otimismo, já até falei disso algumas vezes aqui nesse blog, e fico satisfeito demais quando constato que ainda guardo disso em mim.
certo é que hoje eu carrego um tanto de realismo junto. algumas coisas simplesmente são ruins e não tem solução.
c'est la vie. é a vida.
o que tento é não ficar arrastando cruzes, esticando sofrimentos por temporadas e temporadas.
a maioria das coisas pode ser remediada quando foge da normalidade.
pode ser consertada, colada com superbonder, ou simplesmente perdoada.
por isso me policio pra não me aborrecer com pequenas perdas e com "quases"
o negócio é fazer que nem cachorro molhado e se chacoalhar de vez em quando pra expulsar os pesos das costas, pra poder dançar a música que a vida tá tocando naquele momento.
vamos combinar, quem é que nunca pensou em trilha sonora pros seus momentos?
shake it out.
--
sábado, 4 de fevereiro de 2012
# 277
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eu queria me encontrar com ela com mais frequência.
apesar de nos falarmos sempre por e-mail, nossos encontros são únicos e sempre incríveis.
a gente fala da vida, de amor, de paixão, de sexo, trabalho, arte, cinema, enfim, não temos tabus em nossas pautas. e isso é o mais gostoso.
a Poli tem sempre uma história nova, e sempre ótima, pra contar.
e aquele jeito espontâneo, e certo do que quer, aquela ousadia e atrevimento formam o charme dessa moça, que não tem medo da vida não.
por algumas vezes nos vimos tristes, e sentamos pra falar sobre isso, conversando sobre o mundo e suas coisas engraçadas, suas voltas, e como algumas coisas nos atingem, assim, sem a gente nem perceber de primeira.
e mesmo nesses dias de tristeza, saímos de nossos encontros sorrindo, porque chegamos às conclusões mais absurdas e engraçadas, e entendemos que por mais tropeções que tomemos mundo afora, a gente sempre se levanta e dá a volta por cima.
estar perto dela é estar perto de arte, de carinho, daquela gargalhada gostosa, da cara de espanto, e de uma amizade leve, profunda e leal.
Poli é dessas meninas mulheres que não tem vergonha de viver, não tem freios, e, que cria seu próprio comportamento.
e o mais importante, ela se faz feliz, se diverte.
é uma moça num maiô de bolinha, deitada numa toalha colorida.
quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012
# 276
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a gente tem é que aceitar que ruim também faz parte de nossa história, e aprender com ele, tirar alguma coisa boa do ruim, nem que seja o medo de repetir, desde que não vire trauma, até porque não acredito em traumas, mas isso é assunto pra outro texto.
eu me orgulho da minha história, mesmo com os ruins dela. até porque sem os ruins, os bons não seriam tão prazerosos.
"a gente tem que aceitar que o ruim também faz parte de nossa história."
essa frase saiu agora a pouco numa conversa com meu amigo João, e é a mais pura das verdades, ao meu ver.
a gente sempre tenta construir coisas boas, bonitas. acho que todo mundo tenta acertar o tempo todo, mesmo cometendo erros.
é que ninguém quer errar.
e essa tentativa de construção de coisas boas na vida, é pra poder olhar pra trás e ver uma história bonita, boa, correta.
mas, pôxa, nem sempre é possível acertar.
é permitido errar, pra todo e qualquer ser humano.
é liberado tomar uns tropeções de vez em quando, machucar o dedão do pé, se queimar com a panela.
e também é possível que pela vida passem pessoas que nos façam mal, ou que permitimos que nos façam mal, que deixam marcas ruins.
o que a gente evita é de olhar pra trás e ver que no que a gente viveu também há manchas, marcas ruins.
ninguém quer admitir que teve erros no passado, que fracassou nisso ou naquilo, ou que coisas ruins aconteceram por atitudes nossas, ou por permissões veladas que demos a terceiros.
a gente tem a mania de achar que tem que ter uma solução pra tudo, que há conserto praquela coisa ruim.
mas memória é memória. fica na gaveta do passado. não dá pra ir lá e consertar.
então, é bom a gente se tocar de vez em quando, e ter a consciência de que não temos a obrigação de sermos certos e perfeitos o tempo todo. a nossa obrigação é sim de tentar ser o melhor que conseguirmos.
a gente tem é que aceitar que ruim também faz parte de nossa história, e aprender com ele, tirar alguma coisa boa do ruim, nem que seja o medo de repetir, desde que não vire trauma, até porque não acredito em traumas, mas isso é assunto pra outro texto.
por enquanto, vamos olhar pra trás, pra tudo o que construímos, e ver que bem ou mal, foi a base pro que somos hoje.
eu me orgulho da minha história, mesmo com os ruins dela. até porque sem os ruins, os bons não seriam tão prazerosos.
terça-feira, 24 de janeiro de 2012
# 275
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turbulências.
tenho pensando muito a respeito de turbulências nos últimos dias.
não só as de avião, mas as da vida.
turbulências são aquelas coisas que acontecem, bagunçando a ordem das coisas, fazendo barulho, causando medo, mas depois passam.
quando mais novo eu tinha medo de avião, justamente por conta das tais turbulências.
eu tremia só de pensar que teria que viajar de avião pra algum lugar, e quando entrava na nave ficava tenso, de olhos fechados por muitas vezes.
até que um dia, a turbulência tão temida aconteceu num vôo de BH pra Florianópolis.
e o engraçado foi que, enquanto ela acontecia, em vez de entrar em pânico, eu fiquei calmo, calado, e esperando que passasse.
e na vida é assim que acontece também.
uma vez, num episódio de Xena, ela, falando de seu passado, apontava pra um lago e dizia: "veja aquele lago, está tranquilo e sereno, mas se você jogar uma pedra na água, tudo vai se estremecer, formar ondas, e tremer por um tempo. Logo, tudo vai voltar ao normal, a água vai ficar calma de novo, mas aquela pedra que causou o tumulto ainda vai estar lá, e mesmo que você a tire, a marca dela vai ficar. o lago nunca mais vai ser o mesmo."
acho que a gente pode comparar essa história do lago com as turbulências. depois da que passei no avião, nunca mais tive medo de voar.
e na vida é da mesma forma.
a gente passa pelas turbulências, têm as águas enervadas por pedras, e tudo passa, volta à calmaria, mas sempre deixa marcas.
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
# 274
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sempre vai ter alguém pra te encontrar defeitos.
é que o mundo em geral tem uma visão meio pessimista das coisas.
talvez seja mais fácil e cômodo pensar pelo lado ruim, em vez de se forçar a alimentar esperança e pensar que as chances de algo dar errado são as mesmas de dar certo, 50/50.
bater o pé pra ser otimista no mundo de hoje pode até parecer meio bobo, mas no fundo, todo mundo sabe que pra que alguma coisa dê certo, a gente precisa acreditar, pelo menos um pouquinho, que há a chance de dar certo.
e, por mais Poliana que pareça, eu realmente acredito no poder da positividade.
desde pequeno sempre tive essa mania, de tentar ver o mundo por uma ótica de possibilidades, mesmo quando tudo e todo mundo apontava que não havia solução pros meus problemas.
como eu disse ali em cima, sempre vai ter alguém pra apontar defeitos, em tudo.
nunca foi muito problema pra isso essa tendência, quase malvada, de negativismo alheio. nunca me fez deixar de pensar nas possibilidades boas.
não tou dizendo aqui que a gente tem que ser cego e só pensar que as coisas serão boas sempre.
de jeito nenhum. ser otimista não prejudica o ser realista.
às vezes a gente tem que encontrar força até nas coisas ruins, pra que possamos superar e seguir em frente.
o mundo não é fácil, mas também não é esse monstro todo.
lembremos, a chance de as coisas darem certo e errado são as mesmas, 50/50.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
# 273
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de tempos em tempos é bom que a gente recomece.
não precisa de marcos, como um reveillon, ou um aniversário.
só precisa daquele estalo íntimo, que avisa que tá na hora de deixar esse "eu" de hoje numa caixa, e inventar um novo.
é, porque reinvenção é um poder que todos temos. mas todos mesmo.
às vezes a gente se reinventa por necessidade, noutras a gente se reiventa por impulso, e noutras porque assim decidimos.
todas são boas.
a reinvenção, a transformação de nossos "eus" é sempre uma aventura, daquelas boas, que nem viagem de carro de vidro aberto, com aquele vento batendo na nossa cara, e mostrando como que tem possibilidades no mundo.
e nesse incentivo, a gente vai e vira outro. às vezes a mudança é pequena, quase imperceptível, mas ainda assim é importante.
mas o que tem que ser considerado nesse ato de reinvenção, sempre deve ser a nossa própria individualidade.
é, porque às vezes a gente se esquece num canto qualquer, e passa a viver de acordo com o que é bom aos olhos do resto do mundo.
muitas vezes isso é bom mesmo, mas outras é bom só pra quem dita a regra.
então, é bom aproveitar a reinvenção, pra saber que sobre a sua vida, a única pessoa que pode ditar a regra, que pode determinar seu comportamento, e que pode saber o que é bom ou ruim pra você é você mesmo.
então, aproveitemos o momento de recomeço e de reinvenção pra tomar conta da nossa própria vida, pra fazer o que se tem vontade, e deixar de atuar que nem satélite na vida dos outros.
a gente é é planeta, uai.
quinta-feira, 15 de dezembro de 2011
# 272
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às vezes encontramos respostas pra alguns conflitos, temores e medos onde menos esperamos.
Isso acontece com frequência comigo.
na última semana, após voltar da análise, estava com a cabeça cheia de questionamentos, conflitos, o que é perfeitamente comum, aliás.
e eu não conseguia definir o ponto em que eu tinha que chegar diante daquele tanto de coisa que ululava na minha cabeça, não conseguia colocar liga naquelas questões, o que estava me deixando aflito pra xuxu.
até que assistindo "Being Erica", meu seriado favorito, consegui enxergar o que a analista me propôs.
a série é fantástica, e trata, justamente, de terapia, onde a protagonista ganha um terapeuta que tem o poder de manda-la ao passado, para rever seus arrependimentos e entender o tanto que eles influenciam no que ela é aos trinta e poucos anos.
recomendo, aprendi um tanto com ele, fora que a trilha sonora é fenomenal, e ainda que por ser canadense, foge um pouco do padrão das séries americanas, contra as quais nada tenho, aliás.
o importante é que eu me sinto bastante instigado a pensar depois de cada episódio, que sempre tem alguma mensagem, e por vezes, como na última semana, o conflito da Erica é semelhante ao meu, e isso me ajuda a refletir.
bom, a lição da semana foi que a gente sempre tem a tendência a esperar que o mundo haja dentro da nossa própria visão de certo e errado, que é feita com base nas nossas vivências exclusivas e pessoais. Por conta disso nos frustramos e julgamos e brigamos quando as pessoas à nossa volta não agem como a gente agiria.
aí que tá o erro, quando a gente aprende a respeitar o outro como um ser individual, com sua própria noção de certo, errado, tempo e etc, baseada em suas vivências e até em medos, as relações se tornam mais reais e honestas, além de a gente tirar o peso da infalibilidade das costas.
o Nando Reis (de novo ele, sim), diz "a vida não precisa de juízes, a questão é sermos razoáveis", e é justamente esse o caso.
é só entender que ninguém tem a obrigação de agir como a gente agiria, que as coisas fluem, e nos trazem ótimas surpresas até. :)
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
# 271
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|| "e ficaram livres da perfeição, que só fazia estragos."||
o Nando Reis canta essa frase numa música que fala de um relacionamento.
e eu nunca tinha prestado muita atenção à letra dela, e me surpreendeu dia desses, pois é a mais pura verdade.
quando a gente engata um relacionamento, a gente tenta ter um comportamento perfeito. daqueles, sem tirar nem por, ser o príncipe encantado.
só que a perfeição é uma bagagem muito pesada pra se carregar em cima de um cavalo branco.
é difícil tentar ser perfeito e ser autêntico ao mesmo tempo, o que é um problema muito grande, afinal de contas, a pessoa que nos namora, apesar de suas expectativas, nos namora porque temos nossas próprias características no meio daquela multidão de pretendentes carentes.
e quando se toma consciência disso, fica mais fácil e tranquilo que nos comportemos de acordo com nossas próprias qualidades, e até mesmo, nossos próprios defeitos.
quando a gente deixa a tentativa de ser perfeito de lado, ou então a deixa quase nula, a gente passa a agir de acordo com nossa própria personalidade, com nossas peculiaridades e singularidades. é aí que a gente fica único, e mostra porque a gente merece ser namorado.
e eu acho que é até bom, quando num relacionamento, a gente desconstrói a imagem de intocável e inerrável de um namorado perfeito. primeiro porque namorar alguém perfeito deve ser um saco. imagina a falta de surpresa, de brigas e de reconciliações? dispenso.
segundo, porque uma desilusãozinha, desde que não muito nociva, ajuda a tirar a aura de perfeição do relacionamento, fazendo com que o casal se veja do jeito que realmente são, e aí sim começa o namoro de verdade, na minha opinião.
quando a perfeição vai embora é que um começa a ver o outro da forma que é, como um ser humano, com defeitos e qualidades, desmistificando aquela imagem de conto de fadas.
é aí que vão ver se vale a pena manter aquele relacionamento, afinal, é um ser humano, ora bolas. tem que ter saco, paciência e tolerância pra lidar com as fraquezas, o superego, as crises, enfim, é alguém como você.
e pra falar a verdade, sempre vale a pena.
deixa a perfeição pros contos de fadas.
eu quero mais é ser imperfeito.
pra ler ouvindo "imperfeito" do Pato Fu.
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
# 270
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e depois de ficar alguns anos cansado de tantos relacionamentos conturbados, de tantas frustrações, de tanto precisar fazer esforços pra contornar esse ou aquele outro defeito alheio, como forma de adaptação, abrindo mão até mesmo de algumas de suas convicções pra que aquela "ficada" se desenrolasse pra algum canto, ele finalmente se cansou.
e foi só decretar o seu "Basta!", o seu "Chega!", que a coisa aconteceu.
quando menos pensava, estava ali exposto à uma nova possibilidade, que parecia bem promissora, a começar pela forma que se deu.
foi um reencontro, é verdade.
eles já se haviam sido apresentados a alguns anos atrás, por meio de um amigo em comum.
reza a lenda que ambos se sentiram atraídos um pelo outro, mas eram tímidos ou medrosos demais pra se abordarem.
daí perderam o contato, até a um mês atrás, quando, por meio de uma rede social, ele viu aquele outro como uma "sugestão de amizade", e tomou coragem, clicou naquele convite.
feito um convite pra um Café, se encontraram, e aquela empatia que havia se mostrado no contato virtual, mostrou-se ainda maior pessoalmente. e, numa noite em que não viram as horas se passarem, começou esse caso, que completou um mês nessa semana.
e ele, pela primeira vez em anos, se viu sem precisar fazer esforço nenhum pra contornar esse ou aquele defeito do outro.
pelo contrário, não via defeitos reais, e até, de vez em quando perguntava pro outro "você é real, ou fruto da minha idealização?".
é real. viu que ainda existe no mundo gente pra quem a gente não precisa se fingir, se passar por príncipe perfeito.
se ambos são perfeitos? óbvio que não. e isso é excelente.
eles tem seus defeitos sim, como todo ser humano.
tem suas fraquezas, suas carências, seus medos e inseguranças.
sim, mas mais que isso, eles tem vontade de estar juntos.
de se gostarem, de se apoiarem, e se suportarem.
e até então já foi o bastante pra completarem um mês juntos.
o que vem por aí, a gente deixa pro amanhã dizer.
o hoje, ah, esse está uma delícia, com gosto de jujuba e tic tac.
quinta-feira, 6 de outubro de 2011
# 269
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ele tinha todo um sol em seu peito.
a tal da intensidade e empolgação, com a qual se dedicava àquilo que lhe despertava a vontade.
não era de seu feitio conter aquele sentimento todo que tinha em si quando queria se dedicar a alguma coisa ou a alguém.
mergulhava, como se estivesse em alto mar, até onde conseguia, ou lhe era permitido.
e, por muitas vezes, teve que voltar à superfície, quase sem ar, de alguns mergulhos mal sucedidos, mas sempre encontrava forças pra respirar novamente.
o que não lhe faltava era coragem.
essa tinha de sobra.
uma vez, um tanto quanto cansado dos mergulhos em vão, resolvera que tentaria diminuir aquela força do sol, aquele calor todo de seu peito.
tentaria mergulhos mais rasos, e doar apenas algum calor, desses de forno convencional.
daí, quando toma essa decisão, descobre que nesse universo todo, existem mais pessoas com sol no peito, com a mesma intensidade e empolgação, e o mesmo talento pra mergulhos em águas profundas.
é então que vê a ironia da vida. quando entende por ser menos intenso, vem o mundo e lhe mostra que é a intensidade o seu diferencial.
com isso em mente, se veste com aquela coragem que já lhe cabe tão bem, vai de encontro com aquele outro que guarda o sol no peito, e mergulham juntos, em águas que ainda desconhecem, mas que não têm pressa pra desvenda-las em sua totalidade.
com a boa e velha intensidade, se vê, novamente, sem precisar nadar em direção à superfície.
se vê sim é com um riso grande no rosto, daqueles que nem se lembrava de quando havia sorrido.
e torce, de olho fechado, pra que essa sensação dure por muito tempo, tanto tempo que baste pra que se percam as contas.
^^,
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
# 268
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ele achava graça das mínimas coisas.
sempre, sempre, procurava enxergar aqueles detalhes quase imperceptíveis nas pessoas e situações, detalhes esses que fariam daqueles momentos, daquelas pessoas, coisas únicas.
podia haver até mesmo uma semelhança entre um fato e outro, mas nunca eram idênticos, iguais.
e era justamente isso que lhe agradava.
gostava de pensar, como diz uma música das que mais gostava na vida "eu não existo nos lugares comuns", porque é assim que enxergava não só a si mesmo, mas o mundo todo.
uma vastidão sem lugares comuns.
nada nem ninguém era comum. de todo mundo só havia um exemplar, com suas sutilezas e particularidades.
e eram essas que entravam na memória.
e no fim das contas, se encantava com detalhes, com a vontade de desvendar o por trás daquelas coisas.
de saber o que havia de secreto naquilo que via a olho nu.
de vez em quando se deparava com as peças pregadas pela Dona Vida, e se via ali, com um mistério novo pra desvendar, através das mínimas coisas, das mais simples, o que havia por trás.
no momento, brinca de detetive, contando com a ajuda do Sr. Acaso, e uma certa compatibilidade de horários.
terça-feira, 20 de setembro de 2011
# 267
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ele achava engraçada a reação das pessoas quando não brigava por bobagens.
é que o mundo já era bastante complicado pra ficar fazendo tempestades em copos d'água.
além de achar que depois sem vinha o tempo bom, com arco íris e tudo.
por isso evitava, até onde podia, os joguinhos e conflitos bestas.
daí, por vezes era chamado de "fácil", "bobo", "condescendente"... mal sabia quem o chamava assim que ele só era prático.
se sabia o final de uma discussão, de uma conversa, e por aí vai, ia direto até esse.
certo é que gostava de fazer uns dramas de vez em quando, mas só quando desses ele tinha certeza que resultariam em ótimas risadas.
na maior parte das vezes tentava resolver as coisas com mais facilidade.
sem enrolações e discussões bobas.
mas isso não significava que aceitava qualquer cosia que lhe vinha. não mesmo.
tudo era observado e calculado.
e disso, no final, vinha sua avaliação e sua aprovação, ou não.
o fato de tratar com simplicidade coisas que, à primeira vista, poderiam ser complicadas, não quer dizer que aceita qualquer coisa.
mas sim que não quer complicar o que não precisa ser complicado.
isso confundia muita gente, que, de vez em quando, achava que o tinha a mão.
mero engano. ele só via beleza na simplicidade.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
# 266
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a pouco mais de 1 mês atrás, um amigo muito querido foi morar em outro plano de existência.
e a morte dele mexeu com muita coisa aqui dentro.
seja pela prematuridade, seja pela forma, seja pela saudade.
enfim, a ida dele me deu uma terrível sensação de mortalidade, de vulnerabilidade.
daquelas coisas que a gente vê acontecer, mas sempre enxerga de longe. quando vem pra perto da gente causa um choque, um baque, que até causa uma certa tontura.
nunca alguém com a minha faixa de idade e do meu convívio havia falecido.
daí parei a repensar muitos aspectos da minha vida mesmo.
pensei que não vale a pena acumular mágoas e rancores. joguei todos numa caixa selada. deixei pra lá.
destes, só restam a memória, que é daí que vêm as lições da vida, mas não remoem mais.
pensei que devo ser mais flexível em minhas atitudes.
e cuidar mais de tudo ao meu redor. mais de mim.
passei a arrumar a cama todos os dias.
que arrumando o externo, o interno logo se ajeita.
tento entender mais o que há por trás das ações das pessoas, suas motivações, mas sem ficar procurando chifre em cabeça de cavalo, porque às vezes um pepino é só um pepino.
desde então, eu tenho tentando ser uma pessoa melhor, pra mim, antes de tudo, e pro mundo.
ver que a gente é humano, que sangra e que dói.
e por isso, temos que ter cuidado com os outros, que também são humanos, que tem sentimentos e que doem também.
esse fato triste me deixou com vontade de ser humano, e de viver intensamente o que tenho agora.
obrigado pela lição, amigo.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
# 265
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ela é uma pedra preciosa.
o nome já não deixa mentir: Diamante.
sempre brilha, sempre é bonita, e sempre a mais valiosa de todas as pedras.
mas o que se esquece é que antes de ser diamante, tem que se passar por um trabalho todo árduo e duradouro.
por vezes, até sofrido, afinal, pra virar diamante, tem que ser carvão antes.
e a gente sabe que pra esse processo acontecer, é preciso de calor forte, calor de vulcão, quiçá.
e é preciso que seja esculpida a pedra pra atingir aquele preciosismo hexagonal que a gente vê nos filmes.
aí, a moça diamante passa por uns tempos tristes.
só que ela se esquece que é fênix de nascença.
que já passou por coisas muito maiores que a do momento.
mas a tristeza é legítima, e é real. ela tá triste.
porém, eu só enxergo essa tristeza como aquele vulcão, que tá lá, aquecendo o carvão, pra fazer ele ficar precioso.
e a gente vai esculpir, porque amigo não tem limite de paciência. e se amigo não tem, imagina irmão... tsc tsc. se engana essa moça.
então, minha pedra preciosa, o importante é aceitar todo esse calor que vem trazendo essa tristeza, e saber que a fênix renasce é das cinzas, e que pra ter cinza, tem que ter quentura antes.
você tá no vulcão, nessa forma de carvão que a vida te deixou agora, mas eu sei, tenho a total certeza, que daqui a pouco você vai voltar a ser diamante, com mais brilho que nunca.
daquele de precisar de óculos escuros pra enxergar.
porque é da sua natureza. porque é assim que eu te vejo, e porque é assim o seu destino.
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