sábado, 5 de maio de 2012

# 281

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ele nunca quis ser uma pessoa óbvia.
mas, é óbvio, que nem sempre é possível driblar a obviedade.
sim, porque de vez em quando o único caminho da vida é seguir aquele roteiro mesmo, que todo mundo segue.
claro que durante a caminhada é possível fazer pequenas adaptações, pra poder fugir do clichê, mas sair do resultado final, ah, aí não dá.

e era assim em todos os aspectos de sua vida.
quando escolheu sua profissão, quis ir na contramão de todo o seu histórico familiar, e virou o primeiro da família a fazer direito.
comeu o pão que o diabo amassou no começo, mas depois de algum tempo de trabalho deu-se por satisfeito.
não seguiu o roteiro como manda o figurino. ia pra faculdade de all star todos os dias, e só comprou o seu primeiro terno pra ir ao baile de formatura.

na vida familiar a mesma coisa. enquanto seus primos e parentes da mesma faixa etária moravam com os pais, dentro do conforto de não ter que pagar contas de moradia, ele não, resolveu que ia sair de casa cedo, aos vinte e poucos anos, e lá foi-se, se desdobrando pra pagar as contas, mas bem feliz no seu cantinho. 
e desde sempre viveu em casa, com passarinho, cachorro e planta. mas quando deixou a casa dos pais, resolveu que viveria em um apartamento. 
com horário de fazer barulho, vizinho de porta e tudo o que tinha direito.
na contramão de ter um quintal.

quanto à vida amorosa, outra fuga do lugar comum. 
não gostava de se imaginar repetindo um comportamento do namorado anterior de alguém. 
por isso nunca gostou de dar buquês de flores.
quando muito, dava uma planta no vaso, que era pra ser cuidada e durar mais.

e mais, vivia tentando fugir dos clichês. 
mas como um apaixonado foge de clichês? não tem jeito!
às vezes tem que seguir sim o roteiro.
mas ele é um cara de improvisações, e por isso, tenta, de todo modo, fazer aquele ou outro acréscimo dentro do texto já pronto.

é, às vezes é impossível fugir das obviedades, mas sempre é possível deixar seu diferencial.

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