quinta-feira, 6 de outubro de 2011

# 269


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ele tinha todo um sol em seu peito.
a tal da intensidade e empolgação, com a qual se dedicava àquilo que lhe despertava a vontade.
não era de seu feitio conter aquele sentimento todo que tinha em si quando queria se dedicar a alguma coisa ou a alguém.
mergulhava, como se estivesse em alto mar, até onde conseguia, ou lhe era permitido.
e, por muitas vezes, teve que voltar à superfície, quase sem ar, de alguns mergulhos mal sucedidos, mas sempre encontrava forças pra respirar novamente.

o que não lhe faltava era coragem.
essa tinha de sobra.

uma vez, um tanto quanto cansado dos mergulhos em vão, resolvera que tentaria diminuir aquela força do sol, aquele calor todo de seu peito.
tentaria mergulhos mais rasos, e doar apenas algum calor, desses de forno convencional.

daí, quando toma essa decisão, descobre que nesse universo todo, existem mais pessoas com sol no peito, com a mesma intensidade e empolgação, e o mesmo talento pra mergulhos em águas profundas.
é então que vê a ironia da vida. quando entende por ser menos intenso, vem o mundo e lhe mostra que é a intensidade o seu diferencial.

com isso em mente, se veste com aquela coragem que já lhe cabe tão bem, vai de encontro com aquele outro que guarda o sol no peito, e mergulham juntos, em águas que ainda desconhecem, mas que não têm pressa pra desvenda-las em sua totalidade.
com a boa e velha intensidade, se vê, novamente, sem precisar nadar em direção à superfície.
se vê sim é com um riso grande no rosto, daqueles que nem se lembrava de quando havia sorrido.
e torce, de olho fechado, pra que essa sensação dure por muito tempo, tanto tempo que baste pra que se percam as contas.

^^,

2 comentários:

Religiosos Irmãos disse...

Muito bacana! O final me fez lembrar o poeta: "que seja eterno enquanto dure...". Parabéns!!!

Sérgio Sandim disse...

Muito legal...
Adorei ler cada linha...