segunda-feira, 26 de setembro de 2011

# 268



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ele achava graça das mínimas coisas.
sempre, sempre, procurava enxergar aqueles detalhes quase imperceptíveis nas pessoas e situações, detalhes esses que fariam daqueles momentos, daquelas pessoas, coisas únicas.
podia haver até mesmo uma semelhança entre um fato e outro, mas nunca eram idênticos, iguais.

e era justamente isso que lhe agradava.
gostava de pensar, como diz uma música das que mais gostava na vida "eu não existo nos lugares comuns", porque é assim que enxergava não só a si mesmo, mas o mundo todo.
uma vastidão sem lugares comuns.
nada nem ninguém era comum. de todo mundo só havia um exemplar, com suas sutilezas e particularidades.
e eram essas que entravam na memória.

e no fim das contas, se encantava com detalhes, com a vontade de desvendar o por trás daquelas coisas.
de saber o que havia de secreto naquilo que via a olho nu.

de vez em quando se deparava com as peças pregadas pela Dona Vida, e se via ali, com um mistério novo pra desvendar, através das mínimas coisas, das mais simples, o que havia por trás.
no momento, brinca de detetive, contando com a ajuda do Sr. Acaso, e uma certa compatibilidade de horários.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

# 267


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ele achava engraçada a reação das pessoas quando não brigava por bobagens.
é que o mundo já era bastante complicado pra ficar fazendo tempestades em copos d'água.
além de achar que depois sem vinha o tempo bom, com arco íris e tudo.
por isso evitava, até onde podia, os joguinhos e conflitos bestas.

daí, por vezes era chamado de "fácil", "bobo", "condescendente"... mal sabia quem o chamava assim que ele só era prático.
se sabia o final de uma discussão, de uma conversa, e por aí vai, ia direto até esse.
certo é que gostava de fazer uns dramas de vez em quando, mas só quando desses ele tinha certeza que resultariam em ótimas risadas.

na maior parte das vezes tentava resolver as coisas com mais facilidade.
sem enrolações e discussões bobas.
mas isso não significava que aceitava qualquer cosia que lhe vinha. não mesmo.
tudo era observado e calculado.
e disso, no final, vinha sua avaliação e sua aprovação, ou não.

o fato de tratar com simplicidade coisas que, à primeira vista, poderiam ser complicadas, não quer dizer que aceita qualquer coisa.
mas sim que não quer complicar o que não precisa ser complicado.
isso confundia muita gente, que, de vez em quando, achava que o tinha a mão.
mero engano. ele só via beleza na simplicidade.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

# 266


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a pouco mais de 1 mês atrás, um amigo muito querido foi morar em outro plano de existência.
e a morte dele mexeu com muita coisa aqui dentro.
seja pela prematuridade, seja pela forma, seja pela saudade.

enfim, a ida dele me deu uma terrível sensação de mortalidade, de vulnerabilidade.
daquelas coisas que a gente vê acontecer, mas sempre enxerga de longe. quando vem pra perto da gente causa um choque, um baque, que até causa uma certa tontura.

nunca alguém com a minha faixa de idade e do meu convívio havia falecido.
daí parei a repensar muitos aspectos da minha vida mesmo.
pensei que não vale a pena acumular mágoas e rancores. joguei todos numa caixa selada. deixei pra lá.
destes, só restam a memória, que é daí que vêm as lições da vida, mas não remoem mais.

pensei que devo ser mais flexível em minhas atitudes.
e cuidar mais de tudo ao meu redor. mais de mim.
passei a arrumar a cama todos os dias.
que arrumando o externo, o interno logo se ajeita.

tento entender mais o que há por trás das ações das pessoas, suas motivações, mas sem ficar procurando chifre em cabeça de cavalo, porque às vezes um pepino é só um pepino.

desde então, eu tenho tentando ser uma pessoa melhor, pra mim, antes de tudo, e pro mundo.
ver que a gente é humano, que sangra e que dói.
e por isso, temos que ter cuidado com os outros, que também são humanos, que tem sentimentos e que doem também.
esse fato triste me deixou com vontade de ser humano, e de viver intensamente o que tenho agora.

obrigado pela lição, amigo.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

# 265


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ela é uma pedra preciosa. 
o nome já não deixa mentir: Diamante. 
sempre brilha, sempre é bonita, e sempre a mais valiosa de todas as pedras.


mas o que se esquece é que antes de ser diamante, tem que se passar por um trabalho todo árduo e duradouro. 
por vezes, até sofrido, afinal, pra virar diamante, tem que ser carvão antes.
e a gente sabe que pra esse processo acontecer, é preciso de calor forte, calor de vulcão, quiçá.


e é preciso que seja esculpida a pedra pra atingir aquele preciosismo hexagonal que a gente vê nos filmes.
aí, a moça diamante passa por uns tempos tristes. 
só que ela se esquece que é fênix de nascença. 
que já passou por coisas muito maiores que a do momento.


mas a tristeza é legítima, e é real. ela tá triste.
porém, eu só enxergo essa tristeza como aquele vulcão, que tá lá, aquecendo o carvão, pra fazer ele ficar precioso.
e a gente vai esculpir, porque amigo não tem limite de paciência. e se amigo não tem, imagina irmão... tsc tsc. se engana essa moça.


então, minha pedra preciosa, o importante é aceitar todo esse calor que vem trazendo essa tristeza, e saber que a fênix renasce é das cinzas, e que pra ter cinza, tem que ter quentura antes.
você tá no vulcão, nessa forma de carvão que a vida te deixou agora, mas eu sei, tenho a total certeza, que daqui a pouco você vai voltar a ser diamante, com mais brilho que nunca.
daquele de precisar de óculos escuros pra enxergar.
porque é da sua natureza. porque é assim que eu te vejo, e porque é assim o seu destino.


sexta-feira, 2 de setembro de 2011

# 264


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"para cada mais sutil sentimento, para cada mais sutil sensação, para cada situação possível humana, já existe uma canção correspondente".


Adriana Calcanhoto disse isso em um show, e eu não me esqueci dessa frase, que é a mais pura verdade.


e eu que o diga.
tenho  trilha sonora pra tudo na vida.
desde a música pra dormir, pra música de acordar, até a música de lavar louça e lavar banheiro.


e não abro mão.


ando pelas ruas cantando, que é um trem que liberta a gente.
e no fim das contas, ainda ajuda a trabalhar um pouco dessa minha timidez.


uma vez um amigo me viu cantando enquanto andava, e depois contei pra ele que a música era "Madalena".
ele achou graça e agora toda vez que a escuto eu dedico pra ele.


e todo dia é novo, com um sentimento novo, novas sensações. 
às vezes, muitas delas ultimamente, não encontro as palavras certas pra expressar essas sensações pelos meus textos, então eu canto.
que, como disse a Adriana, sempre tem uma música pra contar aquilo por nós.


agora mesmo eu tou aqui, cantarolando alguma coisa que diz por mim o que sinto.
e assim é o tempo todo.


cantemos.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

# 263


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em setembro se completam dois anos que faço análise, terapia, psicoterapia, enfim, cada hora uso um desses nomes pras minhas sessões de quarta com a Dra. Elenice Maria.
e é gigantesca a diferença na minha vida após ter iniciado a análise.
culpa do meu amigo Lu, que um dia me disse: "Capeta, vou te indicar minha terapeuta, você vai gostar".
e eu, que sempre torci o nariz pra essas coisas de terapia, pensei: "bom, mal não há de fazer", e fui lá experimentar. e não largo mais.


acho nesse tempo aprendi mais sobre mim do que nunca, e fiquei extremamente satisfeito com isso.


tenho aprendido a me colocar no mundo, que não tenho a obrigação de ser perfeito, que não sou salvador da vida de ninguém, e que não preciso estar bem e feliz o tempo todo.
e mais, que o importante na vida é o equilíbrio. em todos os campos, em todos os momentos.
que a gente tem que se manter arrumado, pra vida seguir arrumada.


e que vai ter gente que não vai gostar de mim do jeito que eu sou, e vice versa, e que isso é parte da vida.


aprendi que a auto estima é algo que tem que partir de dentro pra fora, de mim pro mundo, e não o contrário.
que não sou o "bom geral", e que não tenho obrigação nenhuma de o ser.


e que a autenticidade é um diferencial, e que às vezes não é só porque todo mundo tá mergulhando no mar que a água é saudável.
e ainda, que chá de camomila com canela é ótimo pra dormir, e ainda ajuda na glicose e a emagrecer.


e que eu tenho que ter a consciência de que o mundo tá girando, cheio de novidades, e que eu tenho que me preservar e saber que não tou completo, e que nunca vou estar. 
estou em pleno desenvolvimento e aprendizado.


acho que Elenice Maria ficaria orgulhosa de saber disso.
e ia perguntar daquele jeito só dela: "É mesmo, Jeferson?"