segunda-feira, 18 de julho de 2011

# 256

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ele tinha 21.
e era de leão.

numa obra do acaso, numa quase brincadeira, conseguiu abalar a zona de conforto do outro.

o outro, a muito se acostumara àquele estado de suspensão emocional. não se deixava mover por pequenas centelhas, e nem tinha vontade de começar nada do zero.
imaginava que o melhor seria se essas coisas de romance pudessem pular aquela fase do conhecimento e ir direto praquele momento em que ambos já se conheciam e as coisas poderiam acontecer com toda a segurança do mundo.
por muito tempo não deixava ninguém invadir seu espaço, que era só seu, e sentia até certa preguiça de deixar que isso acontecesse.
já havia passado por muita coisa no passado, que lhe cansaram de certa forma, e adormeceram toda aquela vontade de se doar.

e assim estava bem, sem procura, sem caça, só consigo mesmo. 

mas quando aparece um leão, é impossível que não se note, e seu rugido pode acordar sensações adormecidas.
e assim o foi.

após muito tempo sentiu vontade de novo de cuidar de alguém, de esperar. 
de preparar comida especial e passar tempo junto.
sentiu vontade de ser plural, de se dedicar e lembrou como é boa essa sensação, essa vontade de deixar alguém fazer parte de sua vida.
e assim o fez, e assim o foi.

o leão veio, rugiu, o despertou do estado de suspensão, bagunçou sua zona de conforto, e conseguiu rachar o muro de proteção.
mas o leão se foi. 
a sensação fica, e o despertar pro mundo permanece.
é muito importante que se ouçam rugidos às vezes.

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