segunda-feira, 26 de maio de 2008

# 116

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shhhh... sussurrou a moça de verde, pedindo um silêncio de um instante.
o instante era dela, naqueles dias de tentar se preservar.
do quê, ela ainda não sabia. e talvez nem quisesse saber. só se sentia parte demais do mundo, e não era tempo disso.
soltou o dedo do lábio nu, sem batom, que ainda estava ali estacionado como que marcando o tempo de não ter palavra, e de olhos fechados, ergueu a cabeça de leve, mas tão de leve, que quase não se notaria, se houvesse alguém ali, e a respiração se fez forte.

ela pensou em soltar as raízes, e deu um salto rápido e baixo, como se fosse só pra mostrar que não tinha ligação qualquer com o chão.

e de olhos fechados, e ainda em silêncio, sentiu-se sua, e tão somente sua.
e mesmo que houvesse alguém, não a teria. só pousaria do lado, e a acompanharia sendo alguém, não parte dela. conseguiu se completar.

e assim, no instante de um vôo silencioso, formado de um salto de olhos fechados, ela não era mais de ninguém, nem do mundo. era só dela. só dela.

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