sábado, 24 de maio de 2008

# 115

::  pequenas solidões cotidianas.


e lá se ia mais um dia.
o moço acorda, abre o olho, e procura pelos óculos.
não se lembra bem onde os deixou. estava bêbado quando foi dormir.
talvez pra fugir de si mesmo, ou das vozes que não se calavam em sua cabeça, tomou por companhia um copo de vodka e as paredes brancas.
nada na tv o atraía, e não queria raciocinar demais com seus dvds, quase todos tristes, então contentou-se em encarar a parede cor de pérola e o copo de vodka, que encheu-se repetidamente aquela noite toda.
não se lembrava a hora em que dormiu.e nem se sentia melhor. a noite havia sido dolorosa, sua própria companhia era sua maior dor.
e quando bêbada, era ainda mais feroz, o confrontando com aquelas verdades sinceras e tristes, que não queria ter conhecimento.
a amnésia alcóolica não funcionou dessa vez. lembrava-se de tudo, infelizmente.
com os óculos finalmente encontrados, levanta-se, procura os chinelos azuis, e a cabeça dói.
dá bom dia pras flores da janela. e encara a casa vazia.
faz tempo que não tem companhia ali. e mesmo com flores, peixes e ar, se sente só.
aliás, se sente só quase o tempo todo, mesmo quando envolto dos amigos.
porque a solidão tem várias formas, e vários sentidos.
se sente só, abandonado por si mesmo.
e vive às voltas com as pequenas solidões cotidianas.

2 comentários:

juliana m. disse...

solidão por se estasr abondonado por sim mesmo é um definição perfeita...acho que é a solidão primordial, a raiz de todas.

beijos

Léo disse...

bliblo,
esse foi o texto mais lindo q vc jah escreveu!!! eu me sinto tão assim todos os dias... tá na hora de me reencontrar.
=)