quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

# 91

 
::  palavras exageradas de um sujeito que só sente
 
 
é uma bobagem gigante essa de achar que só a gente sofre, que só a gente é capaz de sentir isso ou aquilo nessa intensidade toda. que ninguém nesse mundo jamais vai conseguir sentir um mínimo do a gente sente.
 
bobagens. das mais exageradas.
 
nesse ano que passou, descobri, ou redescobri, sei lá, que tem um cado de gente como eu, que se entrega mesmo. mergulha de cabeça e sem protetor de ouvidos (são importantes, acredite) no mundo dos outros quando se apaixona.
 
talvez tenha sido pelo fato de ter sido o ano em que eu fiquei mais recolhido no meu campo de sentimentos desde muito tempo, ficando a maior parte do ano solteiro, só observando.
 
e descobri, com a convivência com as pessoas ótimas que conheci e ainda venho conhecendo, que não sou o único que sente.
 
em conversa ótima na manhã de natal, me enxerguei perfeitamente nas palavras de paixão de um amigo, e vi, que numa disputa entre nós, não saberia quem era o que mais se entregava quando apaixonado. e isso foi bacana.
 
é muito bom perceber que tem mais gente no mundo que é gente. que não tem (muito) medo de viver os desafios que esse tal de amor nos impõe e acredita que tudo pode dar certo, e que tudo pode melhorar.
 
efim, há mais polianas espalhadas pelo mundo.
exageradas que só elas. que só nós. mas vivendo.
 
 

domingo, 23 de dezembro de 2007

# 90

::


Fala!

diz isso cantando.

canta.

fala logo o que é pra ser dito.

fala!

canta isso num indie ou em mpb.

canta.

diz logo se é pra seguir em frente.

dança.

essas palavras que misturam som e silêncio.

ouça.

aquilo que eu não digo, só rio.

sorria.

mostra os dentes pra mim.

:)

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

# 89

:: passa.
 
 
"e não é que a primavera, em seu último suspiro, me mordeu com a vontade de estar acompanhado?
mas será fácil resistir porque até ela passa.
quem dirá o coração."
 
 
[- palavras de João Diel no meu celular, numa tarde que até então estava cinza. -] 
 
às vezes a gente tem amigos tão importantes, que chegam a saber o que se passa em nossa mente e em nosso coração, mesmo estando lá em Campinas e eu aqui.
 
João, brigado por ter me lido por telepatia via DDD e pela mensagem.
só de ter sido sua, um sorriso já se formou, e depois que eu li a energia me invadiu e tive uma noite ótima.
venha logo pra ganhar meus abraços.
 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

# 88

:: das memórias e a casa vazia


ontem foi dia de mudança.
sim. casa nova. dessa vez nova mesmo, com direito a eco na sala de tão vazia que estava.

e dias de mudança são sempre desafiadores.
nos colocam de frente com coisas que a gente nem se lembrava que existiam. e outras que a gente se esforçava pra fingir que não existiam mais.

pois bem, e lá no meio daquele tanto de caixas e sacolas e roupas e móveis e cds, encontro um monte de papéis e fotos antigas.

e eu já nem me lembrava do meu caderno verde, e nem do vermelho, nem daquelas poucas fotos de viagem que mandei imprimir a uns anos atrás.
e de repente, lá estava eu, parado por horas, no meio da bagunça toda, relendo trechos da minha própria vida como se estivesse lendo um livro de qualquer autor.

e as memórias puxavam as outras e me vi em meio a viagens no tempo, lembrando de coisas boas e ruins.

e no meio da bagunça os bilhetinhos de faculdade, as risadas anotadas no papel. enfim, era um mundo todo ali, um mundo que já foi meu.

de repente me lembro que eu tinha que continuar juntando as coisas.
e deixei os papéis pra trás.
comprei um caderno novo, um bloquinho e uma caneta.
as histórias vividas ficam lá guardadas no quarto antigo.
e as histórias que virão e que estão acontecendo hoje, vão encher a casa nova, que ainda é casa vazia, mas que logo vai ter muito o que contar.

 

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

# 87

:: Libertas Quae Sera Tamen


oncotô?
proncovô?
vo de trem?
ou de metrô?

pópôpó
no cafezim?
pôe, uai, sô...
mas só um tiquim.

# 86

:: do céu se abrindo


e no meio daquele tempo, quando as tempestades deixavam o céu cinza por vários dias, um raio ou outro de sol começava a cortar aquelas nuvens pesadonas.
e assim, os dias foram se amansando, voltando à serenidade de outrora.
e as coisas se acertam.
e aquele doído que a vida tava causando, novamente se acanha, se encolhe no cantinho, deixando de se fazer doer.
e a vida se torna leve outra vez.
e o sol volta a iluminar o dia.
e esquentar as tardes desse tempo doido que a gente vê no mundo.
e a chuva que tava forte, volta a se tornar chuvisco, às vezes sereno.
e serena a vida segue.
de céu aberto.

tudo se acalma.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

# 85

:: das esperas e dos castelos
 
 
à espera do que não sabe o quê exatamente.
é assim que o menino se sentia naquele momento. sentado na sua cadeira, esperando e esperando.
sua cabeça a mil por hora. há algumas semanas já não sabia o que pensar, o que fazer e nem o que esperar. estava cheio feito um balão, com um monte de expectativas que tinham menos de 20% de chance de se concretizarem, isso sendo otimista. 
 
e se esforçava um monte pra não botar fé naquilo tudo, mas era adepto da Poliana, e assim seu otimismo exagerado o fazia construir castelos altíssimos, com torres e tudo o mais, e já se imaginava lá dentro, morando, reinando, amando.. e nem se lembrava mais que aquilo tudo era de areia. perdido em suas expectativas, doído pela ansiedade, e ferido pelo silêncio alheio, ele continuava na sua tentativa de buscar quaisquer sinais que fossem, que pudessem dar dicas do que ele devia esperar.
 
se confundia todo nessas buscas, e por vezes embaralhava o que via, não conseguindo formar qualquer imagem que fosse.
 
por fim, ainda à espera, mas repleto de cansaço, senta-se naquela pedra meio quadrada na beirada da calçada, e fica lá, parado, sem movimento, cantarolando Norah Jones baixinho.
 
"... I'm just sitting here waiting for you to come on home and turn me on..."
 
e ele espera.
 

domingo, 2 de dezembro de 2007

# 84

:: dos braços no ar


e lá estava ele outra vez naquela pista de dança.
de olhos fechados dançava sem nem perceber o tanto de gente à sua volta. e sentia tanto a música que levantava os braços à altura das orelhas e os sacudia rapidinho pra cima e pra baixo, enquanto abaixava a cabeça no meio deles e a balançava pra lá e pra cá, enquanto mexia o corpo inteiro levantando as pernas como se em passos rápidos sem sair do lugar. estava sentindo a música.

enquanto isso, o moço na frente dele, ao ver essa cena, sorria com gosto porque finalmente via alguém dançando de verdade, e implicava o menino de xadrez tentando imitá-lo.

e o menino de xadrez, sentidor da música olhava pro moço sorrindo, ria envergonhado, prometendo que nunca mais dançaria daquele jeito. pra minutos depois voltar a sentir a música e balançar seus braços no ar.