::
e ele nunca precisou de muita coisa pra ter encanto por nada.
é que é do tipo que fica de boca aberta com as particularidades, com os detalhes.
costumava dizer que uma das melhores frases de música que já ouvira é "na simplicidade eu vejo as coisas mais incríveis". e foi do tipo que quando ouviu essa frase pela primeira vez lhe faltou o ar nos pulmões. jamais se identificara tanto com uma letra de música, ou pelo menos fazia tempo que nenhuma canção lhe arrebatava assim.
e continuou sendo o secreto admirador das coisas simples.
porque, pra ele, tudo era singular, feito de particularidades, detalhes únicos e insubstituíveis. e assim via as pessoas, e por isso se encantava tanto, o tempo todo, por tanta gente.
e quando tinha que deixar alguém de lado, seja por ter sido um romance que não funcionava mais, ou fosse uma paixão platônica que não encontrava saída pra realidade, ele se entristecia.
porque deixar isso de lado significava deixar de lado também aquelas coisas únicas que ele havia enxergado, aqueles detalhes únicos que não existiriam em outra pessoa.
mas o mundo não acabava. ele continuava admirando as coisas simples.
e não precisava de muito pra se encantar.
era só enxergar além do que todo mundo enxergava. era só sair do geral pro particular.
e ele continuaria a ver as coisas mais incríveis.
sexta-feira, 25 de junho de 2010
# 227
|| palavras antigas. 13 de agosto de 2005.||
eu nunca gostei de letras maiúsculas e nem de pontos finais.
e isso de uma maneira geral, e não a limitada à órbita gramatical.
sei lá, a letra maiúscula dá uma aparência de grito às palavras, até a própria palavra "maiúscula" é meio escandalosa... e eu prefiro tanto o sussurro, o falar baixinho...
e o ponto final dá a sensação de término, fim mesmo... e eu acredito que nada é imutável, que nada "é", que tudo "está", e isso não impede que as coisas voltem a um estado anterior ao atual, ou que procurem outro estado diferente... eu acredito em mudanças.. eu prefiro as reticências...
é, é mesmo complicado... mas deixa estar.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
# 226
|| palavras antigas. 09 de outubro de 2006. ||
::das coisas que eu não esqueço
em conversa com um amigo antigo nesse sábado ele me dizia que eu era uma pessoa que não esquecia.
e de fato, no fim das contas todos os meus amores intensos permanecem dentro de mim amores ainda, modificados, adormecidos, desacostumados.
guardo sentimentos bons por todas as pessoas que passaram por minha vida e me fizeram ter momentos de extrema alegria. não que seja porta aberta pra que um dia volte, mas pela beleza de ter vivido.
por um lado é bom não esquecer. por outro é ruim.
mas é minha natureza fazer permancer o amor, e no fim das contas, acho que amor não se esquece mesmo não.
só se guarda escondido pra não aflorar de novo, mas ele continua vivo.
|| originalmente publicado por mim no "eletricidade".||
::das coisas que eu não esqueço
em conversa com um amigo antigo nesse sábado ele me dizia que eu era uma pessoa que não esquecia.
e de fato, no fim das contas todos os meus amores intensos permanecem dentro de mim amores ainda, modificados, adormecidos, desacostumados.
guardo sentimentos bons por todas as pessoas que passaram por minha vida e me fizeram ter momentos de extrema alegria. não que seja porta aberta pra que um dia volte, mas pela beleza de ter vivido.
por um lado é bom não esquecer. por outro é ruim.
mas é minha natureza fazer permancer o amor, e no fim das contas, acho que amor não se esquece mesmo não.
só se guarda escondido pra não aflorar de novo, mas ele continua vivo.
|| originalmente publicado por mim no "eletricidade".||
terça-feira, 15 de junho de 2010
# 225
::
e ao mesmo tempo em que ele notava as mudanças em si, decorrentes do amadurecimento meio impulsionado pela análise, ele lidava com uma nova de suas emoções.
não era daquelas paixões antigas, nem da forma antiga.
ele ainda estava aprendendo a lidar com seu novo jeito, e isso o desconcertava por demais, porque não sabia definir direitinho o que era aquilo que lhe batia.
não era mais como antes, que nomeava como paixão qualquer coisa que lhe batesse o peito.
dessa vez é mais gostoso. um encantamento diferente, talvez nascido da semelhança gigantesca com aquele outro. não nomeava de paixão. nomeava encanto.
e o encanto é doce. e é mágico, e não sabia delimitar o início e o desenvolvimento daquilo em si.
sabe dizer momentos de certeza, de que sabia que não era mais coisa simples, carinhosidades, e doçurices inconscientes.
e por essa vez, já que era outro, teve força pra dizer daquilo, pra revelar o que sentia pra quem era sentido.
e foi reconfortante, mesmo ante a resposta de surpresa e incerteza.
fato é que a leveza lhe bateu à porta com a revelação, e com maturidade, soube conversar sobre o assunto abertamente.
ele era um poço de sentimentos, como outrora sempre fora, mas agora os trata com paciência e calma. sem corridas, sem fugas, sem medo.
gostar nunca é ruim. mesmo que de parte única.
em seu caso, ainda não há partes.
ainda.
e ao mesmo tempo em que ele notava as mudanças em si, decorrentes do amadurecimento meio impulsionado pela análise, ele lidava com uma nova de suas emoções.
não era daquelas paixões antigas, nem da forma antiga.
ele ainda estava aprendendo a lidar com seu novo jeito, e isso o desconcertava por demais, porque não sabia definir direitinho o que era aquilo que lhe batia.
não era mais como antes, que nomeava como paixão qualquer coisa que lhe batesse o peito.
dessa vez é mais gostoso. um encantamento diferente, talvez nascido da semelhança gigantesca com aquele outro. não nomeava de paixão. nomeava encanto.
e o encanto é doce. e é mágico, e não sabia delimitar o início e o desenvolvimento daquilo em si.
sabe dizer momentos de certeza, de que sabia que não era mais coisa simples, carinhosidades, e doçurices inconscientes.
e por essa vez, já que era outro, teve força pra dizer daquilo, pra revelar o que sentia pra quem era sentido.
e foi reconfortante, mesmo ante a resposta de surpresa e incerteza.
fato é que a leveza lhe bateu à porta com a revelação, e com maturidade, soube conversar sobre o assunto abertamente.
ele era um poço de sentimentos, como outrora sempre fora, mas agora os trata com paciência e calma. sem corridas, sem fugas, sem medo.
gostar nunca é ruim. mesmo que de parte única.
em seu caso, ainda não há partes.
ainda.
terça-feira, 1 de junho de 2010
# 224
:: "i keep dancing on my own"
ele olha pros lados e vê aquele monte de gente se abraçando.
casais por toda a parte, principalmente depois das 19 horas.
e olha pra si, sozinho. mas pior que sozinho, vazio.
dia desses, estava parado esperando o sinal de trânsito abrir, e olha pro lado, um moço de branco, também a espera do sinal, sozinho, mas sorrindo de tanta felicidade.
aquilo lhe causou uma inveja grande. um sentimento que até o feriu, porque estava com inveja daquele moço, que podia estar rindo por qualquer motivo, mas que, pra ele, era porque tinha acabado de ouvir uma palavra de amor, ou estava lembrando de que era amado, enfim, ele tava sorrindo de paixão.
o sinal se abriu, e ele saiu andando ainda mais despedaçado, por conta da inveja.
e nem é a época do ano, mas ele se sente assim a muito tempo. não é falta de carinho, porque isso, e sexo, é fácil de se conseguir, mas é falta daquela sensação de amor, de paixão, de frio na barriga, de borboletas no estômago.
e nesses dias a música aí de cima não tem saído do repeat de seus rádios.
e ele anda pelas ruas a cantando, e gritando internamente às vezes.
ele continua dançando ali sozinho, por si mesmo, e vendo todo o resto do mundo amar.
http://www.youtube.com/watch?v=8jBsiXLqNBY
ele olha pros lados e vê aquele monte de gente se abraçando.
casais por toda a parte, principalmente depois das 19 horas.
e olha pra si, sozinho. mas pior que sozinho, vazio.
dia desses, estava parado esperando o sinal de trânsito abrir, e olha pro lado, um moço de branco, também a espera do sinal, sozinho, mas sorrindo de tanta felicidade.
aquilo lhe causou uma inveja grande. um sentimento que até o feriu, porque estava com inveja daquele moço, que podia estar rindo por qualquer motivo, mas que, pra ele, era porque tinha acabado de ouvir uma palavra de amor, ou estava lembrando de que era amado, enfim, ele tava sorrindo de paixão.
o sinal se abriu, e ele saiu andando ainda mais despedaçado, por conta da inveja.
e nem é a época do ano, mas ele se sente assim a muito tempo. não é falta de carinho, porque isso, e sexo, é fácil de se conseguir, mas é falta daquela sensação de amor, de paixão, de frio na barriga, de borboletas no estômago.
e nesses dias a música aí de cima não tem saído do repeat de seus rádios.
e ele anda pelas ruas a cantando, e gritando internamente às vezes.
ele continua dançando ali sozinho, por si mesmo, e vendo todo o resto do mundo amar.
http://www.youtube.com/watch?v=8jBsiXLqNBY
# 223
::
e esse negócio de reassistir Ally McBeal, um seriado do qual eu gosto muito, me relembrou de uma coisa muito legal.
todo mundo deveria ter uma theme song, aquela canção tema, que serve pra animar a gente naqueles momentos de tristeza, ou encorajar naqueles momentos de desespero, medo e timidez.
daí eu lembro que a minha música é, e isso já faz mais de uns 12 anos, a "no rain" do blind mellon.
é uma música da qual sempre gostei, e que sempre que ouço, sobe um arrepio frio na espinha, uma sensação de felicidade, e é quase aquelas borboletas no estômago de quando a gente se apaixona.
só sei que, instantaneamente se forma um sorriso na minha boca, e eu começo a balançar os pés, bem escondido, assim que eu a ouço.
melhora o meu dia, mesmo aqueles em que o céu tá mais pra cinza que pro azul.
acho que todo mundo devia ter uma canção tema da vida.
e esse negócio de reassistir Ally McBeal, um seriado do qual eu gosto muito, me relembrou de uma coisa muito legal.
todo mundo deveria ter uma theme song, aquela canção tema, que serve pra animar a gente naqueles momentos de tristeza, ou encorajar naqueles momentos de desespero, medo e timidez.
daí eu lembro que a minha música é, e isso já faz mais de uns 12 anos, a "no rain" do blind mellon.
é uma música da qual sempre gostei, e que sempre que ouço, sobe um arrepio frio na espinha, uma sensação de felicidade, e é quase aquelas borboletas no estômago de quando a gente se apaixona.
só sei que, instantaneamente se forma um sorriso na minha boca, e eu começo a balançar os pés, bem escondido, assim que eu a ouço.
melhora o meu dia, mesmo aqueles em que o céu tá mais pra cinza que pro azul.
acho que todo mundo devia ter uma canção tema da vida.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
# 222
::
"pra que eu me divirta, às vezes basta um sorriso, às vezes uma palavra é tudo o que eu preciso"
e é que ele estava à toa pela vida, cheio de questionamentos, cheio de sugestionamentos, mas sem qualquer rumo certo.
a moça que analisava suas atitudes toda semana, havia lhe dito: "desacelere! o mundo não termina amanhã! por quê tem que ser tudo nessa intensidade toda?"
e depois dessas palavras, que foram como grampos pregados num papel branco, ele pensou em diminuir sua velocidade, que sim, sempre fora assim, rápida demais, elétrica demais. resolveu se focar.
e naquela noite, mesmo passando frio, não queria entrar pro lugar das danças, porque ele estava ali se divertindo, com casos engraçados, mas entredido demais com aquele sorriso sem jeito que ele enxergava, uma coisa entre o tímido e o desajeitado, mas ainda assim, tão forte e sincera, que ele só não conseguia sair de lá.
e pronto! estava lá, focado, desacelerado, sem vontade de sair de perto, porque o tempo tava frio, mas aquela alegria do momento o aquecia.
"pra que eu me divirta, às vezes basta um sorriso, às vezes uma palavra é tudo o que eu preciso"
e é que ele estava à toa pela vida, cheio de questionamentos, cheio de sugestionamentos, mas sem qualquer rumo certo.
a moça que analisava suas atitudes toda semana, havia lhe dito: "desacelere! o mundo não termina amanhã! por quê tem que ser tudo nessa intensidade toda?"
e depois dessas palavras, que foram como grampos pregados num papel branco, ele pensou em diminuir sua velocidade, que sim, sempre fora assim, rápida demais, elétrica demais. resolveu se focar.
e naquela noite, mesmo passando frio, não queria entrar pro lugar das danças, porque ele estava ali se divertindo, com casos engraçados, mas entredido demais com aquele sorriso sem jeito que ele enxergava, uma coisa entre o tímido e o desajeitado, mas ainda assim, tão forte e sincera, que ele só não conseguia sair de lá.
e pronto! estava lá, focado, desacelerado, sem vontade de sair de perto, porque o tempo tava frio, mas aquela alegria do momento o aquecia.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
# 221
::
é que eu tenho uma caixa aqui dentro de mim, com toda a minha gravidade.
vez ou outra, eu deixa ela se abrir pra alguns amigos, que são os que sabem que também sou equilíbrio.
mas na maior parte do tempo, a caixa fica fechada, porque muito do que tem dentro dela é de doer.
e eu não sou dos que gostam de doer.
quinta-feira, 13 de maio de 2010
# 220
::
e lá estava ele, depois de umas cervejas, dançando, numa madrugada de sábado.
em meio a conhecidos, ele dançava de olhos fechados, quando a música era daquelas que mexiam consigo, fazendo aquele arrepio gelado subir pela espinha.
noutras, abria a boca e gritava a música a plenos pulmões, como se fosse pro mundo todo ouvir.
e nessas, dançava, dançava e dançava.
numa hora qualquer, pisou no pé de alguém, e, como sempre, se desculpou.
a pessoa sorriu, e ele voltou a dançar do mesmo jeito.
tempos depois, pisou novamente no pé alheio, e pediu novamente desculpas, ao que percebeu que o pessoa sorria e o encarou, dizendo "quem é você que pede desculpas quando pisa no pé de alguém numa boate? você existe?" e, num sorriso trocado, começaram a dançar juntos, e em silêncio.
não trocaram nomes.
mas de lá saíram, e conversaram como nunca, como se o mundo fosse terminar naquele dia, e tinham que esgotar todos os assuntos.
artes, literatura, cinema, teatro, amor, vida, enfim, os mais diversos assuntos, de modo meio sério e meio descontraído, mas com profundidade.
a manhã chegou, e eles não perceberam.
a conversa terminou, e com um beijo, se despediram.
e nem os nomes trocaram.
e lá estava ele, depois de umas cervejas, dançando, numa madrugada de sábado.
em meio a conhecidos, ele dançava de olhos fechados, quando a música era daquelas que mexiam consigo, fazendo aquele arrepio gelado subir pela espinha.
noutras, abria a boca e gritava a música a plenos pulmões, como se fosse pro mundo todo ouvir.
e nessas, dançava, dançava e dançava.
numa hora qualquer, pisou no pé de alguém, e, como sempre, se desculpou.
a pessoa sorriu, e ele voltou a dançar do mesmo jeito.
tempos depois, pisou novamente no pé alheio, e pediu novamente desculpas, ao que percebeu que o pessoa sorria e o encarou, dizendo "quem é você que pede desculpas quando pisa no pé de alguém numa boate? você existe?" e, num sorriso trocado, começaram a dançar juntos, e em silêncio.
não trocaram nomes.
mas de lá saíram, e conversaram como nunca, como se o mundo fosse terminar naquele dia, e tinham que esgotar todos os assuntos.
artes, literatura, cinema, teatro, amor, vida, enfim, os mais diversos assuntos, de modo meio sério e meio descontraído, mas com profundidade.
a manhã chegou, e eles não perceberam.
a conversa terminou, e com um beijo, se despediram.
e nem os nomes trocaram.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
# 219
::
- "você é uma das pessoas mais divertidas que eu já conheci."
e ele ouvira essa frase por 3 vezes, de 3 pessoas diferentes nos últimos meses. e isso o perturbou.
sim, por mais que ser uma pessoa divertida é uma coisa boa, no sentido de atrair a atenção das pessoas, de manter gente ao redor, por outro lado, pode ser uma coisa terrível.
e ainda mais pra ele.
sim, ele não queria essa imagem de comediante. ele era bastante sério sim, e isso estava, de certo modo, disfarçado. talvez pela facilidade maior em ser alguém que arranca risadas dos outros, o que é leve, em vez de alguém que trava discussões sobre temas graves.
mas... ele também sabia falar dos temas graves.
e o incômodo foi se tornando sem tamanho, mas a gravidade disso tudo foi interiorizada, tornando-o alguém divertido pra quem tava de fora, mas alguém grave pra si mesmo.
e ele vem empenhando um esforço bem grande no sentido da seriedade. então, ele vai continuar rindo das bobagens da vida, mas ele também vai querer falar sobre o cinema koreano e de como acha que "na natureza selvagem" é um filme terrível.
experimenta.
- "você é uma das pessoas mais divertidas que eu já conheci."
e ele ouvira essa frase por 3 vezes, de 3 pessoas diferentes nos últimos meses. e isso o perturbou.
sim, por mais que ser uma pessoa divertida é uma coisa boa, no sentido de atrair a atenção das pessoas, de manter gente ao redor, por outro lado, pode ser uma coisa terrível.
e ainda mais pra ele.
sim, ele não queria essa imagem de comediante. ele era bastante sério sim, e isso estava, de certo modo, disfarçado. talvez pela facilidade maior em ser alguém que arranca risadas dos outros, o que é leve, em vez de alguém que trava discussões sobre temas graves.
mas... ele também sabia falar dos temas graves.
e o incômodo foi se tornando sem tamanho, mas a gravidade disso tudo foi interiorizada, tornando-o alguém divertido pra quem tava de fora, mas alguém grave pra si mesmo.
e ele vem empenhando um esforço bem grande no sentido da seriedade. então, ele vai continuar rindo das bobagens da vida, mas ele também vai querer falar sobre o cinema koreano e de como acha que "na natureza selvagem" é um filme terrível.
experimenta.
quarta-feira, 28 de abril de 2010
# 218
::
ele não gostava de silêncio.
pelo menos não quando estava com muita coisa acumulada na pauta de pensamentos.
e por isso sempre andava ouvindo músicas com seus fones de ouvido.
mas ali, naquela tarde, foi impossível evitar.
dentro do ônibus, a bateria do tocador de música acabou, e só restou o silêncio, permeado pelo barulho da estrada.
e nessa torrente de pensamentos, ele deu por si que, por mais tempo que passasse, nunca ia superar aquele primeiro amor.
e do mesmo jeito, nunca ia superar o segundo, nem o terceiro, nem o quarto e nem o próximo.
isso porque era uma daquelas pessoas que não ia pelo conjunto da obra. ele se apaixonava era pelos detalhes, pelas miudezas de cada pessoa que passava por sua vida.
que eram essas pequenas coisas peculiares de cada um que faziam de cada paixão única, ímpar.
e sabe também que esse trem de amor passado não termina, mas que não impede os próximos amores de cheguem.
e ao perceber isso, viu aquela tempestade que o assolava fazia alguns dias, passar, e ir pra bem longe.
ele não ia superar o amor passado, logo ia aparecer é um novo pra se tornar também insuperável, que nem os anteriores.
e assim a vida ia seguir.
terça-feira, 27 de abril de 2010
# 217
::
e lá estava a senhora, já com sua coluna meio encurvada, sentadinha na sala, como o faz todo dia na hora do vale a pena ver de novo.
- "não me liga na hora da minha novela que eu não te atendo". avisava pra todo mundo.
e ficava atenta na tv, misturando os personagens com os atores e atrizes, de um jeito que era uma graça quando um deles aparecia em outro programa de tv, e ela dizia "-nossa, essa mulher é ordinária demais, faz muita ruindade."
e eu só ria, ali sentado no sofá, olhando pra ela, com uma saudade adiantada, de quem não se foi ainda.
e eu tou falando da minha Vó Doca hoje, porque já tou todo morto de ciúmes.
ela vai deixar de ser só avó, e vai virar bisavó daqui a uns meses, e tá toda prosa com o primeiro bisneto.
mas eu tou é feliz.
segunda-feira, 26 de abril de 2010
# 216
::
e nos dias que se passaram ele ficou ali, pensativo.
e era engraçada a sua conclusão: passava mais tempo colando o coração partido tantas vezes, que curtindo ele inteiro.
é... é que quando ficava com o coração inteiro, uma sensação de melancolia ia junto com isso tudo.
ela talvez viesse do medo de não dar certo, de tudo acabar de repente, e, por fim, a melancolia ia sempre de braço dado com a paixão.
daí não conseguira quase nunca experimentar só a explosão de sentimento bom, seguro.
e toda vez que a melancolia superava a paixão, o coração se partia.
e lá ia ele de novo colar aquele tanto de caquinhos espalhados pela vida.
só que dessa vez ele sente diferente.
talvez porque não queira, só dessa vez, juntar os cacos. talvez porque queira ficar com o coração partido por um tempo maior, pra poder evitar todo esse trabalho com cola. porque isso cansa.
ele ainda não sabe exatamente o que quer. sabe que está se sentindo triste, carregando à tiracolo uma sacola com seus pedaços por aí.
talvez na esperança de que quem quebrou tudo volte ainda pra ajudar na colagem.
talvez.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
# 215
::
e ela achou que ia ser tudo fácil dessa vez, afinal, já não tinha mais mistério.
já tinha perdido as contas de quantas vezes tentaram fazer isso funcionar, e sempre havia algum empecilho no meio.
e ela já estava cansada de ser objeto de teste, de estar sempre esperando uma aprovação, se era pra ser aceita ou não, se servia ou não, situação que vivera nos últimos anos, com gente nova que conhecia.
mas nesse caso era diferente. não havia que falar em conhecimento, já se conheciam de outras eras, não havia essa desculpa pra esperar um tempo pras coisas acontecerem. estavam prontos, um pro outro, desde outros tempos.
porém, se deparou com essa sina de "estou confuso, não sei, não sei o que fazer quanto a nós dois" outra vez.
e nessa história, que não merece espera, ela resolveu por si mesma dizer aquele adeus.
já estava cansada demais pra esperar uma decisão alheia, quanto menos uma decisão de quem já conhecia e que a conhecia tão bem.
disse o tchau, para o bem da sua auto estima, porque viver em teste, em espera de decisão é horrível pra qualquer um.
disse tchau outra vez, e saiu, com o coração rachado na mão, mas sem olhar pra trás.
que o que passou, passou.
e ela achou que ia ser tudo fácil dessa vez, afinal, já não tinha mais mistério.
já tinha perdido as contas de quantas vezes tentaram fazer isso funcionar, e sempre havia algum empecilho no meio.
e ela já estava cansada de ser objeto de teste, de estar sempre esperando uma aprovação, se era pra ser aceita ou não, se servia ou não, situação que vivera nos últimos anos, com gente nova que conhecia.
mas nesse caso era diferente. não havia que falar em conhecimento, já se conheciam de outras eras, não havia essa desculpa pra esperar um tempo pras coisas acontecerem. estavam prontos, um pro outro, desde outros tempos.
porém, se deparou com essa sina de "estou confuso, não sei, não sei o que fazer quanto a nós dois" outra vez.
e nessa história, que não merece espera, ela resolveu por si mesma dizer aquele adeus.
já estava cansada demais pra esperar uma decisão alheia, quanto menos uma decisão de quem já conhecia e que a conhecia tão bem.
disse o tchau, para o bem da sua auto estima, porque viver em teste, em espera de decisão é horrível pra qualquer um.
disse tchau outra vez, e saiu, com o coração rachado na mão, mas sem olhar pra trás.
que o que passou, passou.
sábado, 17 de abril de 2010
# 214
::
"eu tenho que aprender num desses seriados da tv"
"O que nós não podemos é viver nossas vidas, com medo do próximo adeus, porque as
oportunidades estão aí e elas não vão parar!
O truque é reconhecer quando um adeus se torna uma coisa boa, e uma chance
de começar de novo."
( Ugly Betty - 4x11)
Vou Sentir saudades Betty!
"eu tenho que aprender num desses seriados da tv"
"O que nós não podemos é viver nossas vidas, com medo do próximo adeus, porque as
oportunidades estão aí e elas não vão parar!
O truque é reconhecer quando um adeus se torna uma coisa boa, e uma chance
de começar de novo."
( Ugly Betty - 4x11)
Vou Sentir saudades Betty!
terça-feira, 13 de abril de 2010
# 213
::
a massa acabara de ferver, nos 8 minutos, que nem recomendado na embalagem, que era pra ficar 'al dente', e como já parecia saborosa, de tão bonita que tava.
mas ele não a queria assim.
então, depois de uma breve escorrida naquela vasilha cheia de buraquinhos, ele jogou o macarrão naquela frigideira amarela, e, em cima dele, derramou o azeite, num fio tão bonito que mais parecia um banho de luz.
a massa acabara de ferver, nos 8 minutos, que nem recomendado na embalagem, que era pra ficar 'al dente', e como já parecia saborosa, de tão bonita que tava.
mas ele não a queria assim.
então, depois de uma breve escorrida naquela vasilha cheia de buraquinhos, ele jogou o macarrão naquela frigideira amarela, e, em cima dele, derramou o azeite, num fio tão bonito que mais parecia um banho de luz.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
# 212
::
e ele entra no elevador do trabalho, lá no 17º (dezessétimo, como gosta de dizer) andar, e olha pro espelho, sua visão de terno e gravata, e o rosto cansado, e começa a cantarolar baixinho "a hard day's night" dos beatles, e um sorriso que ele mesmo formou no cantinho da boca enquanto cantava lhe surpreende.
como pode, uma coisa tão simples, uma música qualquer, lembrada sem saber que seria lembrada, fez com que o dia fosse ganho.
assim, na simplicidade mesmo.
que felicidade é coisa boba, pequena, gestual, a gente é que quer fazer carnaval pra ter sorriso na cara.
e ele entra no elevador do trabalho, lá no 17º (dezessétimo, como gosta de dizer) andar, e olha pro espelho, sua visão de terno e gravata, e o rosto cansado, e começa a cantarolar baixinho "a hard day's night" dos beatles, e um sorriso que ele mesmo formou no cantinho da boca enquanto cantava lhe surpreende.
como pode, uma coisa tão simples, uma música qualquer, lembrada sem saber que seria lembrada, fez com que o dia fosse ganho.
assim, na simplicidade mesmo.
que felicidade é coisa boba, pequena, gestual, a gente é que quer fazer carnaval pra ter sorriso na cara.
domingo, 4 de abril de 2010
# 211
::
uma vez o Rei, quando a gente ainda namorava, me escreveu um texto dizendo que as coisas nem sempre são ditas com a voz. que o corpo fala, que as atitudes falam, e que até o silêncio fala.
e não tem verdade maior que essa.
tem coisas que realmente não precisam ser ditas, e tem coisas que já são ditas pelo silêncio, pela ausência, que, quando a pessoa vai pra te falar isso com palavras, não se faz nada de surpresa, porque já tá ali, consolidado.
o silêncio fala mais que uma desculpa qualquer.
e tem coisa que é melhor não dita.
deixa assim, subentendido.
uma vez o Rei, quando a gente ainda namorava, me escreveu um texto dizendo que as coisas nem sempre são ditas com a voz. que o corpo fala, que as atitudes falam, e que até o silêncio fala.
e não tem verdade maior que essa.
tem coisas que realmente não precisam ser ditas, e tem coisas que já são ditas pelo silêncio, pela ausência, que, quando a pessoa vai pra te falar isso com palavras, não se faz nada de surpresa, porque já tá ali, consolidado.
o silêncio fala mais que uma desculpa qualquer.
e tem coisa que é melhor não dita.
deixa assim, subentendido.
# 210
::
"mas eu tou feliz"
"Eu, tentei evitar, liguei a tv e deitei no sofá. Desde que haja tempo pra sonhar, e assuntos pra desenvolver, não é muito fácil desligar, me dá pena do meu chinês. Por ele eu passava o dia inteiro a meditar, bebendo chá verde ele me diz: fica feliz que vai funcionar. Mas eu tô feliz, eu juro pelo meu irmão. O saldo final de tudo foi mais positivo que mil divãs. Por isso que não adianta querer julgar, e cada um por sí, na sua própria bolha de ar. Mas o que eu penso mesmo, é encontrar alguém, que me dê carinho e beijos, e me trate como um neném. Me trate muito bem. Ah, eu só quero amor, seja como for o amor, seja bom, seja bom, seja bom, seja amor. Me faz mais feliz, me dá asas pra fluir e cantar o amor, lalarálaiarará."
|| Tiê
sexta-feira, 2 de abril de 2010
# 209
::
e ele não gostava de coisas mornas.
e isso cabia tanto pra comida, quanto pra relacionamentos.
não gostava desses joguinhos que as pessoas estavam acostumadas a fazer, do tipo, "ah, se eu liguei hoje, agora é a vez do outro ligar", e nem de ter de não demonstrar seu interesse, de ter que parecer frio.
e ele gostava era de ser procurado tanto quanto procurava, de sentir interesse verdadeiro do outro lado.
mas não conseguia aturar coisas mornas, porque detestava estar em banho maria, esperando por um contato por dias e dias e dias...
e quando a relação ficava assim, morna, quase fria, já não tinha como consertar.
ninguém gosta de arroz requentado.
ele também não.
preferia aquele, quente.
e ele não gostava de coisas mornas.
e isso cabia tanto pra comida, quanto pra relacionamentos.
não gostava desses joguinhos que as pessoas estavam acostumadas a fazer, do tipo, "ah, se eu liguei hoje, agora é a vez do outro ligar", e nem de ter de não demonstrar seu interesse, de ter que parecer frio.
e ele gostava era de ser procurado tanto quanto procurava, de sentir interesse verdadeiro do outro lado.
mas não conseguia aturar coisas mornas, porque detestava estar em banho maria, esperando por um contato por dias e dias e dias...
e quando a relação ficava assim, morna, quase fria, já não tinha como consertar.
ninguém gosta de arroz requentado.
ele também não.
preferia aquele, quente.
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