terça-feira, 26 de janeiro de 2010

# 186



de três tempos.

e lá, sentado, naquela entrevista de emprego, pediram pro rapaz escrever uma redação falando de sua vida.
e uma sensação de estranhamento lhe ocorreu: há tanto tempo não lhe pediam pra escrever uma redação, e agora? três folhas de papel em branco, sem pauta à sua frente, e um lápis. um lápis!
ele não gostava de lápis, nunca gostou. sempre preferira a lapiseira, talvez por conta de sua falta de coordenação motora, ou do seu destrambelhamento, que sempre acabavam por quebrar a ponta do lápis, mas ali, ele não tinha opção. teve que escrever com lápis mesmo.
e se lembrou de um tempo que escrevia sempre de lapiseira, naqueles seus cadernos de cor, que usava pra desabafos das coisas que sentia, e sempre fazia questão de escrever de lapiseira, que era pra poder apagar, caso errasse, o que queria dizer, na verdade, é que era possível recomeçar.
e pôs-se a escrever sobre a primeira folha branca.
mas o quê? por onde começaria? havia tanto por dizer, mas tanto por não dizer também... quem aquela estranha se achava ser para que pedisse a ele assim, de sopetão, que se desnudasse numa folha folha de papel.
enfim, escreveu em três folhas. três tempos de si. a infância, os sonhos, e a vida real.

Um comentário:

Mesquita! disse...

Puts eu não saberia escrever uma redação sobre minha vida eu acho! Gostei do teu blog!

Abraço!