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e não é que a tal da chuva resolveu que ia matar a saudade dos solos da cidade (e dos meus sapatos, claro)?
num começo de tarde desses, quaisquer, de repente o céu se fecha como um livro cansativo e pesado, e sem nem pedir licença ou esperar o horário de almoço terminar, derrama aquela chuva gelada em cima do moço que andava sério, ou pelo menos parecer assim, com pasta e barba por fazer na rua.
quando deu por si, seus cabelos já se molhavam e os ombros lhe pesavam. não se lembrava direito de seu último dia de chuva, talvez estivesse começando a aprender a esquecer aqueles empecilhos da vida, mas ainda assim não gostou de sentir a água molhando suas meias.
choveu pouco, talvez por somente uns 10 minutos, mas o suficiente pra fazer daquele céu antes azulado, dum cinza escuro que dava medo, precisando até acender a luz daquela sala de trabalho.
e depois da trégua da hora de ir embora, o moço, no auge da insônia, se depara com a chuva de madrugada, guiando suas palavras com o barulho dos pingos batendo no vidro da janela à suas costas.
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