segunda-feira, 28 de junho de 2010

# 229

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e o que o outro não entendia era como ele estava assim, tão encantado com ele.
dizia que ele mesmo era uma bagunça, e seria, no mínimo, loucura, se alguém quisesse compartilhar dessa bagunça toda.
só que, o que ele não enxergava, era que o outro gostava mesmo era da bagunça, do não certinho, do não previsível. que aquilo sim era combustível pra sua vida, pra sua motivação. ele, que em si próprio, via as suas próprias coisas bem bagunçadas e desordenadas.
e a bagunça que lhe fascinava, porque o que é linear torna-se enfadonho com o tempo. daí que ele preferia a imprevisibilidade que as coisas mais desarrumadas lhe traziam. não haveria rotina, nem muito cansaço, haveriam desafios e exercícios de tolerância, e risadas, ah, como haveriam risadas...
o que importava ali era o encanto. mesmo que o encanto viesse justamente da forma desordenada que as coisas lhe apareciam.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

# 228

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e ele nunca precisou de muita coisa pra ter encanto por nada.
é que é do tipo que fica de boca aberta com as particularidades, com os detalhes.
costumava dizer que uma das melhores frases de música que já ouvira é "na simplicidade eu vejo as coisas mais incríveis". e foi do tipo que quando ouviu essa frase pela primeira vez lhe faltou o ar nos pulmões. jamais se identificara tanto com uma letra de música, ou pelo menos fazia tempo que nenhuma canção lhe arrebatava assim.
e continuou sendo o secreto admirador das coisas simples.
porque, pra ele, tudo era singular, feito de particularidades, detalhes únicos e insubstituíveis. e assim via as pessoas, e por isso se encantava tanto, o tempo todo, por tanta gente.
e quando tinha que deixar alguém de lado, seja por ter sido um romance que não funcionava mais, ou fosse uma paixão platônica que não encontrava saída pra realidade, ele se entristecia.
porque deixar isso de lado significava deixar de lado também aquelas coisas únicas que ele havia enxergado, aqueles detalhes únicos que não existiriam em outra pessoa.
mas o mundo não acabava. ele continuava admirando as coisas simples. 
e não precisava de muito pra se encantar.
era só enxergar além do que todo mundo enxergava. era só sair do geral pro particular.
e ele continuaria a ver as coisas mais incríveis.

# 227

|| palavras antigas. 13 de agosto de 2005.||


:: das complicações


eu nunca gostei de letras maiúsculas e nem de pontos finais.
e isso de uma maneira geral, e não a limitada à órbita gramatical.
sei lá, a letra maiúscula dá uma aparência de grito às palavras, até a própria palavra "maiúscula" é meio escandalosa... e eu prefiro tanto o sussurro, o falar baixinho...

e o ponto final dá a sensação de término, fim mesmo... e eu acredito que nada é imutável, que nada "é", que tudo "está", e isso não impede que as coisas voltem a um estado anterior ao atual, ou que procurem outro estado diferente... eu acredito em mudanças.. eu prefiro as reticências...

é, é mesmo complicado... mas deixa estar.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

# 226

|| palavras antigas. 09 de outubro de 2006. ||




::das coisas que eu não esqueço


em conversa com um amigo antigo nesse sábado ele me dizia que eu era uma pessoa que não esquecia.
e de fato, no fim das contas todos os meus amores intensos permanecem dentro de mim amores ainda, modificados, adormecidos, desacostumados.

guardo sentimentos bons por todas as pessoas que passaram por minha vida e me fizeram ter momentos de extrema alegria. não que seja porta aberta pra que um dia volte, mas pela beleza de ter vivido.

por um lado é bom não esquecer. por outro é ruim.
mas é minha natureza fazer permancer o amor, e no fim das contas, acho que amor não se esquece mesmo não.
só se guarda escondido pra não aflorar de novo, mas ele continua vivo.






|| originalmente publicado por mim no "eletricidade".||

terça-feira, 15 de junho de 2010

# 225

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e ao mesmo tempo em que ele notava as mudanças em si, decorrentes do amadurecimento meio impulsionado pela análise, ele lidava com uma nova de suas emoções.
não era daquelas paixões antigas, nem da forma antiga.
ele ainda estava aprendendo a lidar com seu novo jeito, e isso o desconcertava por demais, porque não sabia definir direitinho o que era aquilo que lhe batia.
não era mais como antes, que nomeava como paixão qualquer coisa que lhe batesse o peito.
dessa vez é mais gostoso. um encantamento diferente, talvez nascido da semelhança gigantesca com aquele outro. não nomeava de paixão. nomeava encanto.
e o encanto é doce. e é mágico, e não sabia delimitar o início e o desenvolvimento daquilo em si.
sabe dizer momentos de certeza, de que sabia que não era mais coisa simples, carinhosidades, e doçurices inconscientes.
e por essa vez, já que era outro, teve força pra dizer daquilo, pra revelar o que sentia pra quem era sentido.
e foi reconfortante, mesmo ante a resposta de surpresa e incerteza.
fato é que a leveza lhe bateu à porta com a revelação, e com maturidade, soube conversar sobre o assunto abertamente.
ele era um poço de sentimentos, como outrora sempre fora, mas agora os trata com paciência e calma. sem corridas, sem fugas, sem medo.
gostar nunca é ruim. mesmo que de parte única.
em seu caso, ainda não há partes.
ainda.

terça-feira, 1 de junho de 2010

# 224

:: "i keep dancing on my own"



ele olha pros lados e vê aquele monte de gente se abraçando.
casais por toda a parte, principalmente depois das 19 horas.
e olha pra si, sozinho. mas pior que sozinho, vazio.
dia desses, estava parado esperando o sinal de trânsito abrir, e olha pro lado, um moço de branco, também a espera do sinal, sozinho, mas sorrindo de tanta felicidade.
aquilo lhe causou uma inveja grande. um sentimento que até o feriu, porque estava com inveja daquele moço, que podia estar rindo por qualquer motivo, mas que, pra ele, era porque tinha acabado de ouvir uma palavra de amor, ou estava lembrando de que era amado, enfim, ele tava sorrindo de paixão.

o sinal se abriu, e ele saiu andando ainda mais despedaçado, por conta da inveja.

e nem é a época do ano, mas ele se sente assim a muito tempo. não é falta de carinho, porque isso, e sexo, é fácil de se conseguir, mas é falta daquela sensação de amor, de paixão, de frio na barriga, de borboletas no estômago.

e nesses dias a música aí de cima não tem saído do repeat de seus rádios.
e ele anda pelas ruas a cantando, e gritando internamente às vezes.
ele continua dançando ali sozinho, por si mesmo, e vendo todo o resto do mundo amar.

http://www.youtube.com/watch?v=8jBsiXLqNBY

# 223

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e esse negócio de reassistir Ally McBeal, um seriado do qual eu gosto muito, me relembrou de uma coisa muito legal.

todo mundo deveria ter uma theme song, aquela canção tema, que serve pra animar a gente naqueles momentos de tristeza, ou encorajar naqueles momentos de desespero, medo e timidez.

daí eu lembro que a minha música é, e isso já faz mais de uns 12 anos, a "no rain" do blind mellon.
é uma música da qual sempre gostei, e que sempre que ouço, sobe um arrepio frio na espinha, uma sensação de felicidade, e é quase aquelas borboletas no estômago de quando a gente se apaixona.
só sei que, instantaneamente se forma um sorriso na minha boca, e eu começo a balançar os pés, bem escondido, assim que eu a ouço.

melhora o meu dia, mesmo aqueles em que o céu tá mais pra cinza que pro azul.

acho que todo mundo devia ter uma canção tema da vida.