quarta-feira, 31 de março de 2010

# 208

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um diálogo antigo


- então é isso. 
- você tem certeza?
- sim. a gente tem que parar por aqui.
- mas... eu te gosto...
- eu também... (cafuné)...
- então...
- mas eu tenho que parar. eu quero outra coisa pra mim.
- ...
- você tá bem? como você tá?
- isso lá é pergunta que se faça pra quem você acaba de partir o coração, menino?
- ...
- não, eu não tou bem. eu tou triste. eu quero chorar, mas não vou. eu vou embora.
- eu queria que fosse mais fácil.
- eu também. mas só se a gente não sentisse. e eu sinto. 

terça-feira, 30 de março de 2010

# 207

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Antes do pôr do sol...

Celine:
 
"Reality and love are almost contradictory for me.

[...]

People just have an affaire, or even... entire relationships...
They break up and they forget!
They move on like they would have changed a brand of Cereals!
I feel I was never able to forget anyone I've been with.
Because each person have...
you know, specific qualities.
You can never replace anyone.
What is lost is lost.
Each relationship, when it ends, really damages me.
I haven't fully recovered.
That's why I'm very careful with getting involved, because...
It hurts too much!
I will miss of the person the most mundane things.
Like I'm obsessed with little things.
 
[...] 
 
The idea that we can only be complete with another person is...
EVIL!
Right?"

segunda-feira, 29 de março de 2010

# 206

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que me taquem pedras. nem ligo. mas eu gosto, e muito, do Renato Russo e suas letras.
todas têm alguma significância pra mim. todas fazem sentido, ou já fizeram em determinada época da minha vida, e nesse fim de semana, que ele completaria 50 anos, eu tive meus momentos de homenagem a ele.


agora mesmo, escutando "soul parsifal", foi incrível relembrar a sensação que essa música me provoca. é um calafrio desses que percorrem gelados na espinha e que deixam uma alegria toda contida dentro do estômago, quase que num saciamento de fome. é uma explosão. e eu tou aqui, nesse momento, cheio de alegria sem nome, com o peito feliz, e tudo por conta da música.


ele dizia na letra dessa música "eu vou cantar uma canção pra mim."
o que não imaginava é que, mesmo depois de anos e anos de sua passagem, ele nunca cantou uma canção só pra si. ele cantou pra nós.


e agora dá licença, que eu tenho que cantar aqui, pra mim.

sexta-feira, 26 de março de 2010

# 205

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e era quinta feira à tarde.
e ele tinha marcado o encontro no aquário da cidade, às 14:30.
a manhã havia sido corrida no trabalho, e quase que precisou ir ao encontro com todo aquele paramento de terno e gravata, mas por fim, teve tempo de vestir uma bermuda e camisa branca.

no caminho pro aquário foi que pensou: "puxa vida, encontro em aquário é muito "closer", o filme"... e só lhe faltou estar vestido de doutor pra cena do filme ser completa, nesse sentido apenas.

lá chegando, contou pro mocinho sobre a semelhança com o filme, e os dois riram e já imaginaram o damien rice cantando ao fundo.

mas o roteiro desse filme ainda tá só começando. eles estão cada vez mais 'closer', mas no sentido de ficar perto mesmo, sem tragédias. algum drama, talvez, mas ainda é só o começo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

# 204

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tem quem me pergunte se eu me arrependo de alguma coisa que eu vivi, sentimentalmente falando.

e eu antes dizia que sim, acho que mais guiado pelas mágoas guardadas, mas na verdade, eu não me arrependo de nada. nadinha mesmo.
tudo o que eu vivi, tudo o que aconteceu comigo, contribuiu pra eu ser o que sou hoje.
e nem me venha com aquela balela de trauma pra cá, e trauma pra lá... eu não tenho trauma nenhum.

essa coisa de trauma é desculpa. todo mundo é diferente, não é justo jogar nas costas de alguém a culpa por uma coisa chata que fulano ou cicrano te fez no passado. nada se repete.
por isso eu digo que não tenho trauma de x ou de y. eu não tenho boas recordações, mas que isso me impediria de viver algo de novo, ah, mas nunca!
e se engana ainda quem acha que eu fiquei frio, amargo, sem coração hoje em dia.

quem me conhece mesmo sabe das situações do arco da velha pelos quais eu passei, coisas que se o Almodóvar me conhecesse, ia se inspirar e fazer uma trilogia..

ah, mas que nada, eu continuo bobão e romântico, dos que se apaixona, escreve, e o escambáu.
e quando eu quero alguém, ah, aí eu fico demais. insisto, procuro, e demonstro. e gosto, e sou intenso. e quero estar junto também, e quero saber como foi o dia.

e quando não dá certo, bom, eu me entristeço por uns tempos, mas se aparece outra pessoa por logo, lá vou eu de novo. "mama mia, here i go again".

e por aí vai.

não tem trauma. não tem gente igual. e eu acredito nas pessoas, até que me provem o contrário.
palavra de escorpiano.

segunda-feira, 22 de março de 2010

# 203

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praça cheia demais. muita gente, muito barulho das pessoas, mas pouco barulho do palco.
mal se podia ouvir a voz daquela cantora que ele foi lá na praça pra ver.
e em vez disso, risadas trocadas com os amigos que se espremiam naquela muvuca toda.
e quando conseguia ouvir um trecho de música que conhecia, começava a cantar junto, atraindo olhares raivosos das pessoas ao redor, afinal, o show era no palco...
mas como não cantar "um girassol da cor do seu cabelo" junto com a Takai?
como?
não tinha jeito, ainda mais essa música, que lhe arrepia de tanta belezura.
e aquela sensação boa de choque quando uma coisa boa acontece ia lhe subindo a espinha.
e ele formava um riso quase secreto no canto da boca, que só a amiga das artes, boa demais em leitura das gentes, conseguiu identificar e falou baixinho no ouvido dele: "tá feliz, né?"
e ele só balançava a cabeça em consentimento, levando o dedo indicador na frente dos lábios naquele gesto de "shhhh".
era o segredo deles.
que felicidade, às vezes, tem que ser guardada.
principalmente quando vem das pequenas coisas simples.

sábado, 20 de março de 2010

# 202

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a rua era de descida. e ele nem sabia onde dava. mas decidiu segui-la ainda assim.

e ela ia correndo lá na frente, sem nem olhar pra trás, como se ele não existisse, ou se fosse só um passatempo qualquer, desses quebra-cabeças de poucas peças que se compra na farmácia. genérico.

ele, apesar de ter notado esse descaso por parte dela, decidiu por continuar numa jornada de paciência e espera. longa espera.

e seguia atrás dela, na descida, e nisso se sentia mal, mas o que importava? era ela. Ela.
ou pelo menos assim achava que era.

a rua continuava pra baixo, e quanto mais corria, mais perdia ela de vista. e suas pernas já doíam. não gostava de descer, por mais estranho que parecesse, afinal, pra baixo todo santo ajuda, como diria sua avó. mas ele já cansara de tanta ladeira já teve de descer na vida, e essa era mais uma.

e assim, apesar de sua empolgação e desejo, ele, quando ela já estava tão longe que fugia de suas vistas, simplesmente parou.

e ela seguiu, sem olhar pra trás. ele havia passado pra ela. ela ainda não era passado. mas logo seria, porque mesmo na descida, uma ajuda lhe cairia bem, um sorriso que fosse, um alô, uma saudação. mas ela não era dessas;

ela era mais uma ladeira, só mais uma descida que ele decidiu deixar pra trás, e retomou o caminho de volta, subindo.

porque é no alto que ele queria chegar.
ainda que pra isso precisasse descer mais algumas ladeiras.

# 201

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uma vez eu ouvi uma frase parecida com essa aí embaixo numa peça, e ela faz sentido demais.

"as pessoas têm que aprender a ouvir o que as outras insistem em não dizer."

é... tenho mesmo.

quinta-feira, 18 de março de 2010

# 200

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e era só o terceiro encontro, e eu já queria te guardar num pote. pra te manter perto.
mas esse trem de guardar no pote tem que ser com sua benção, com sua autorização, que senão vira sequestro, e eu sou moço direito, não posso fazer essas coisas contra a vontade. a sua. que a minha era mesmo a do potinho.
e não sei colocar certinho o que foi exatamente o que aconteceu, só que te vi, e eu te quis.
e depois do primeiro contato dos nossos beijos, eu só sabia que eu queria era samba na vida.
pra isso tinha que ter com quem dançar, e que eu sabia que quem eu queria que me acompanhasse nos passinhos de skindô skindô era você.
daí toda vez que a gente fosse ouvir a moça bonita cantando aquelas coisas boas, eu te tirava do meu potinho. e toda vez que eu quisesse te cafunear, te tirava também, e toda vez que você quisesse cafuné, era só gritar que te punha do meu lado.
mas não, esse negócio de guardar no potinho é só pra poder te ter perto, nem ia aguentar ter uma barreira de vidro ali, separando a gente.
ia te deixar aqui do lado, e todo dia pediria pro céu que não te deixasse ter vontade de ir embora.
mas isso só acontece com sua vontade.
que sou moço direito.

# 199

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sempre as "precious illusions".
a Alanis que cantava, e um dia um amigo me deu de presente a seguinte frase dessa música: "once i know who i'm not, then i'll know who i am".
e eu continuava a letra inteira, e pensando bem, eu continuo ainda hoje.
que esse negócio de frieza, de joguinho, de seguir uma tabela pra se começar a conhecer alguém não é comigo.
eu não tenho medo de me mostrar, de demonstrar meus interesses, de me entregar. eu não me importo como as coisas serão daqui a 2, 3, 4 meses, eu penso no agora.
e não tenho medo de ser ridículo. todo mundo é ridículo.
nunca tive a pretensão de parecer desses príncipes encantados, nunca quis ser príncipe de ninguém, nem cavalo tenho. eu sempre quis ser eu mesmo pra todo mundo de quem gostei. e, não sei, mas esse ideal de conto fada me espanta. me assusta. ninguém é perfeito. a gente ri, a gente tropeça e cai. a gente fica triste, e fala bobagem. e a gente é sério.
e isso eu mostro desde o começo, sempre.
talvez espante. talvez assuste. mas é o meu jeito.
construo os meus castelos, e fico horas esperando um telefone tocar, eu tento ser imparcial, parecer indiferente...tsssss.. não dura 1 dia. eu vou atrás.
mas se tem indiferença do outro lado, eu me canso.
daí o castelo de areia, que tava ali todo construído, cai.
e mais uma ilusão preciosa chega ao fim.
e aí eu volto pra música quando ela diz "but i know i wont keep on playing the victim".
nem.

terça-feira, 16 de março de 2010

# 198

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é assim: eu não tenho um manual de instruções. nem meu, nem dos outros.
no entanto, costumo ser de fácil leitura, mais simples, sem complicações.
claro que às vezes pareço um livro escrito em chinês, lido por gente da alemanha. mas isso nem é intencional, eu juro.
talvez eu não passe uma boa primeira impressão, pelo menos não enquanto fico calado, digo isso porque às vezes me dizem que sou legal, deixando a modéstia sentada ali no cantinho.
ah, e tento sempre sorrir. sim, mesmo quando nem tou muito feliz, que é porque sorriso é que nem bocejo. a gente começa, e os outros nos acompanham. além do quê, nem dói.
tem pouca gente que me vê triste, e digo, sou um pouco melancólico na vida mesmo. mas não gosto de mostrar esse lado não, apesar de achar que deveria fazer isso mais vezes.
e sou romântico também, apesar de enganar com a cara de cafajeste, como dizem uns e outros.
mas sou do tipo que é intenso, que se entrega, que espera telefonema, que ri com mensagens, que escreve carta, que canta na rua, e imagina que a melhor história de amor de todas é sempre a que eu estou vivendo.
e sou apaixonado. sempre. por alguma coisa que seja.
mas claro, isso tudo o que tou dizendo aqui é um traçado de forma geral.
cada caso é um caso. cada paixão tem um jéfi pra ela, e cada uma seus momentos únicos e próprios.
o que eu queria mesmo é deixar marcas boas em todo mundo que passa pela minha vida.
e por outro lado, nem queria que passasse tanta gente por ela.

segunda-feira, 8 de março de 2010

# 197

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e tomou impulso pra se levantar daquele banco, onde esperara por longas e longas horas.
estava tudo planejado, perfeitinho, recortado, mas não aconteceu.

e, a despeito de já saber de antemão que não ia acontecer o encontro, ainda assim se manteve esperando, naquela reserva de esperança pequena de que um remédio milagroso ia aparecer e conter aquela gripe.

mas não, o banco permaneceu ocupado só por um, que lá permaneceu, olhando o céu mudar de cor, enquanto pensava mil e uma coisas, tentando saber se aquilo era um tchau, ou só um impedimento de verdade.

mas nunca soube lidar bem com a desatenção, e naquele tempo parado, já imaginara milhões de coisas, buscando saber onde que havia errado naquele outro dia, que pareceu tão bom.
e quando a cor do céu ficou mais escura, ele tomou o impulso, e se levantou.

e saiu por andar, esperando qualquer sinal, que ainda não sabia se viria ou não, mas que realmente queria muito que viesse.

domingo, 7 de março de 2010

# 196

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o entender gente tá cada vez mais difícil.
sinais, indicações, movimentos, tudo o que pode parecer ter algum significado, hoje parece ser mais confuso que antes.
em conversa com amigos da minha faixa de idade ontem, a gente entrou num consenso de que é difícil saber o que as pessoas buscam de verdade nos dias de hoje, o que elas querem, ou mesmo se é que querem alguma coisa.
lidar com gente é complicado.
é aquela coisa de pisar em ovos, sem nem provocar rachadura, querendo parecer ser o príncipe encantado, mas que na verdade somos só aqueles que buscam uma perfeiçãozinha forçada pra ver se isso conquista a outra pessoa.
uma bobagem.
eu já cansei disso de tentar ser príncipe.
eu não tenho cara de príncipe, nem jeito de príncipe, nem modos de príncipe e meu cavalo branco tá mais pra uma vassoura piaçava.
quem tiver que me querer por perto, vai ter que se contentar com esse mortalzinho mesmo, um simples humano, tentando ser bom ao seu modo, dando seu melhor.
pq é assim, a perfeição de verdade é aquela cheia de defeitos, que a gente acaba por adorar.