quinta-feira, 27 de outubro de 2011

# 270

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e depois de ficar alguns anos cansado de tantos relacionamentos conturbados, de tantas frustrações, de tanto precisar fazer esforços pra contornar esse ou aquele outro defeito alheio, como forma de adaptação, abrindo mão até mesmo de algumas de suas convicções pra que aquela "ficada" se desenrolasse pra algum canto, ele finalmente se cansou.

e foi só decretar o seu "Basta!", o seu "Chega!", que a coisa aconteceu. 
quando menos pensava, estava ali exposto à uma nova possibilidade, que parecia bem promissora, a começar pela forma que se deu.

foi um reencontro, é verdade. 
eles já se haviam sido apresentados a alguns anos atrás, por meio de um amigo em comum. 
reza a lenda que ambos se sentiram atraídos um pelo outro, mas eram tímidos ou medrosos demais pra se abordarem. 
daí perderam o contato, até a um mês atrás, quando, por meio de uma rede social, ele viu aquele outro como uma "sugestão de amizade", e tomou coragem, clicou naquele convite.

feito um convite pra um Café, se encontraram, e aquela empatia que havia se mostrado no contato virtual, mostrou-se ainda maior pessoalmente. e, numa noite em que não viram as horas se passarem, começou esse caso, que completou um mês nessa semana.

e ele, pela primeira vez em anos, se viu sem precisar fazer esforço nenhum pra contornar esse ou aquele defeito do outro. 
pelo contrário, não via defeitos reais, e até, de vez em quando perguntava pro outro "você é real, ou fruto da minha idealização?".
é real. viu que ainda existe no mundo gente pra quem a gente não precisa se fingir, se passar por príncipe perfeito.

se ambos são perfeitos? óbvio que não. e isso é excelente. 
eles tem seus defeitos sim, como todo ser humano. 
tem suas fraquezas, suas carências, seus medos e inseguranças.
sim, mas mais que isso, eles tem vontade de estar juntos. 
de se gostarem, de se apoiarem, e se suportarem.

e até então já foi o bastante pra completarem um mês juntos.
o que vem por aí, a gente deixa pro amanhã dizer.
o hoje, ah, esse está uma delícia, com gosto de jujuba e tic tac.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

# 269


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ele tinha todo um sol em seu peito.
a tal da intensidade e empolgação, com a qual se dedicava àquilo que lhe despertava a vontade.
não era de seu feitio conter aquele sentimento todo que tinha em si quando queria se dedicar a alguma coisa ou a alguém.
mergulhava, como se estivesse em alto mar, até onde conseguia, ou lhe era permitido.
e, por muitas vezes, teve que voltar à superfície, quase sem ar, de alguns mergulhos mal sucedidos, mas sempre encontrava forças pra respirar novamente.

o que não lhe faltava era coragem.
essa tinha de sobra.

uma vez, um tanto quanto cansado dos mergulhos em vão, resolvera que tentaria diminuir aquela força do sol, aquele calor todo de seu peito.
tentaria mergulhos mais rasos, e doar apenas algum calor, desses de forno convencional.

daí, quando toma essa decisão, descobre que nesse universo todo, existem mais pessoas com sol no peito, com a mesma intensidade e empolgação, e o mesmo talento pra mergulhos em águas profundas.
é então que vê a ironia da vida. quando entende por ser menos intenso, vem o mundo e lhe mostra que é a intensidade o seu diferencial.

com isso em mente, se veste com aquela coragem que já lhe cabe tão bem, vai de encontro com aquele outro que guarda o sol no peito, e mergulham juntos, em águas que ainda desconhecem, mas que não têm pressa pra desvenda-las em sua totalidade.
com a boa e velha intensidade, se vê, novamente, sem precisar nadar em direção à superfície.
se vê sim é com um riso grande no rosto, daqueles que nem se lembrava de quando havia sorrido.
e torce, de olho fechado, pra que essa sensação dure por muito tempo, tanto tempo que baste pra que se percam as contas.

^^,