quarta-feira, 7 de outubro de 2009

# 178

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e há o monstro do incompreendimento.

sim, aquele que assombra as relações humanas de qualquer espécie.
pouca gente entende que não pode impor as suas verdades aos outros, e tampouco podem exigir que o outro lhe dê de volta exatamente aquilo que fornecesse.

não há como ter sucesso nesse tipo de intento, porque cada um é de um jeito.
cada pessoa consegue entregar determinadas partes de si assim, de graça, sem nada em troca, mas nunca entregando todo o seu ouro às mãos do outro.
tem sempre algo que não é dizível, que é particular.
outras não entendem isso.
tem quem pense que pelo fato de entregar todo o seu baú à outra pessoa, aquela, por obrigação, tem o dever de se entregar também.
Isso é errado. isso não existe. todo mundo tem seu segredo, todo mundo tem o que lhe é íntimo, o que é inquestionável e injustificável, por mais bobo que possa parecer.

e quem tem esse tipo de pensamento não prospera.
pessoas não são vacas, que se apertando as tetas fornecem leite, mesmo contra sua vontade.
verdades não são exigíveis.
intimidade não é exigível.
e o fato de ter algo que é íntimo, que é seu, não significa desamor, desconfiança, desgosto pelo terceiro.
não significa sequer ingratidão.
é só humanidade.