quinta-feira, 6 de agosto de 2009

# 170

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com um ar de serenidade ela contemplava aquela situação.
noutros tempos, seus olhos estariam inchados, sua boca seca e os olhos borrados.
agora não, apenas observava serena a história que acontecia sob seus olhos, e não esboçava qualquer reação. nenhuma.
talvez ainda esperasse que estivesse enganada, tinha um espírito terrivelmente crédulo, que por vezes lhe jogara em situações ruins.
mas a moça era quase inocente.
com seus brincos brancos, do tamanho de bolinhas de gude, bem destacados pelos cabelos negros, continuava ali na praça sentada no banco, olhando pra fonte que jorrava, e pelo tempo que lá estivera,  talvez esperasse alguma resposta coerente dessa vez.
nada veio.
a moça não expressava nada em seu rosto. nenhuma sensação.
mas seus olhos eram sinceros, e olhando a fundo,  podia se ver um cansaço neles.
e esses olhos puxavam a vontade imensa de abraça-la.
mas o que dizer nesse abraço?
não. melhor passar direto.
ela está cansada.

Um comentário:

Lívia Aguiar disse...

ai, muito me identifiquei! juro