segunda-feira, 28 de setembro de 2009

# 175

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um milhão de coisas borbulham, mas não sabem se comportar sobre o papel.
elas querem ser escritas, gritadas, soltas... mas são tantas, mas tantas, que estão desordenadas, coitadas.

e de repente, coloca-las assim, sem maiores preocupações, pode ser, por si só, er... preocupante.
é que palavra é marca quente em couro. uma vez posta, não dá pra fingir que não existiu.
nem com borracha, e nem com backspace se desfaz o efeito da palavra.
é queimadura de terceiro grau, aquela que marca a alma, deixando gravada nela seus efeitos.
e não tou dizendo aqui que é algo ruim não, mas é algo.
e algo que não sai, então tem que ser usada com respeito aos próprios limites que ela carrega.

então é assim, um milhão de coisas querem saltar dos meus dedos nesse momento na forma de palavras.
e enquanto não acho uma forma de torna-las suaves e inofensivas, eu falo dessa dificuldade que me atesta nesse momento.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

# 174

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e ele tinha tanto medo de sofrer, e de se entregar, que já se passara algum tempo de convivência e nem um "eu te gosto" ele conseguia soltar àquele outro.
e seguia seus dias fazendo todo o habitual.
vivendo com certa frieza e descaso aquela situação, e ainda assim sentindo-se um tanto seguro, dentro de toda aquela insegurança e medo em que vivia mergulhado.

quanto ao outro, ele deixava o tempo correr, sem muita empolgação verdadeira, porque essas coisas são recíprocas, e arrastava-se amarrado à paralisia do outro, sendo contente quando juntos, mas indiferente quando longe.

duas pedras de gelo grudadas por uma gota d'água que em algum momento caíra em meio aos dois, os unindo enquanto um calor alheio não chega para separa-los.