quarta-feira, 16 de abril de 2008

# 111

:: pequenos furtos


e com o resto de riso que sobrou daquela última gargalhada, ele olhou pro lado, foi quando viu aquele outro, que nem pensava que existia.
e o outro acabou por ganhar, ou roubar, depende do ponto de vista, aquele resto de sorriso, e o retribuiu com uma formação de leve da boca em meia lua, assim, de canto só, meio disfarçado, porque tinha várias gentes na rua.
o primeiro ruborizou no exato momento, e num movimento rápido e involuntário olhou pro chão, cheio de ladrilhos azuis escuros, enquanto sentia as bochechas arderem pela timidez que o dominara.
puxa vida, que coisa nova.
já era dado aos flertes, mas esse foi de surpresa, o pegou desprevenido, e não sabia em absoluto o que podia fazer.
ficou a contar ladrilhos e quando voltou o rosto pro lado de onde veio o sorriso retribuído, ele já não estava mais lá.
nunca soube quem era aquele que o roubou, mas prega pela cidade cartazes de "Procura-se: o dono do sorriso de meia lua" recompensa-se bem.