sábado, 30 de junho de 2007

# 45

:: da LN e suas palavras


e sim, eu tenho uma amiga que já é poesia.
que faz meus dias se encherem de borboletas e estrelas quando aparece de manhã com uma mensagenzinha no meu orkut ou mail, ou nas nossas conversas em que os dois viajam mais longe que podemos em nossos pensamentos.

Hoje a LN deixou no meu orkut um poeminha que eu vou postar abaixo.. só pra ter idéia de como é bom.

Ln:
olha que bunitim de se lê

"Se avexe não
Amanhã pode acontecer tudo inclusive nada
Se avexe não
A lagarta rasteja até o dia em que cria asas
Se avexe não
Que a burrinha da felicidade nunca se atrasa
Se avexe não
Amanhã ela pára na porta da tua casa
Se avexe não
Toda caminhada começa no primeiro passo
A natureza não tem pressa segue seu compasso
Inexoravelmente chega lá
Se avexe não
Observe quem vai subindo a ladeira
Seja princesa seja lavadeira
Pra ir mais alto vai ter que suar"

(Retirado de A NATUREZA DAS COISAS - IRAH CALDEIRA)

se avexe não


quarta-feira, 27 de junho de 2007

# 44

:: de números e de memórias.

esse é o post de número 44.
e eu gosto desse número.. me lembra bingo..
aquele bingo que eu jogava na casa da Dona Conceição lá pelas voltas dos meus tantos 9 ou 10 anos... e adorava quando saía 44.

eu torcia..

eu torcia tanto pra ele sair, só pra ouvir a Sandra cantar: "quaraquáquá"

e eu ria e marcava na minha cartela.

sim, porque todas as minhas cartelas tinham que ter 44, era como meu número da sorte... que sorte que nada.. eu queria mesmo era ouvir o "quaráquáquá".

terça-feira, 26 de junho de 2007

# 43

:: vovó


e a vida é um eterno vai-vém. vem chuva e sol depois.
vovó sempre diz que quando cigarra canta demais e as formigas cabeçudas arrumam uma passeata pode saber que vem tempestade.

vovó sabe das coisas.

me cura de dor de garganta com mel e própolis e seus chás de todas as plantas que ela conhece, cada um serve pra uma coisa diferente. e banho de sal grosso com alcool é pra descansar o corpo, diz ela.

vovó sabe mesmo de muita coisa.

reza por mim e pelos outros netos e filhos todos os dias às 4 da manhã. com seu terço de pedras pretas (presente meu) em suas mãos, liga o rádio e acompanha atenta à reza do terço. todos os dias.

depois volta a dormir e acorda às 8 pra tomar seus remédios, que ela detesta, e seu café com adoçante.

vovó sempre soube de muitas coisas.

diz ela que quando a mão coça, a gente tem que coçar e jogar a coceira dentro da camisa porque é sinal que dinheiro vem aí. e diz que quando o pé que coça é porque viagem está por vir.

e vovó briga quando apareço com cara de sono na casa dela: ah menino, toma vergonha nessa cara branca sua. e com um riso me dá a sua benção.

vovó sabe viver.

domingo, 24 de junho de 2007

# 42

:: das coisas e do passado


e ele não era do tipo que se desapegava das coisas.
e cada vez mais bugigangas tinha. e na caixa de sapatos vermelha já não cabia todas as coisinhas que ele tinha, lotavam uma gaveta inicialmente e depois passaram a se espalhar por todo o quarto.

e eram bilhetes de colégio, faculdade, provas da 5ª série, lápis de cor, surpresas de kinder ovo, gnomos, pop cards, canetas velhas, clips, borrachas, poemas, cds, filmes, livros, papéis e mais papéis, papéis de presente, enfim... coisas que ele juntava desde sempre.

e já eram tantas as coisas que acabou se perdendo no meio delas, se tornando passado, preso às coisas antigas.

era do tipo que não se desapegava das coisas.

seus amores eram vencidos. dos que já passaram. e as lembranças não o deixavam perceber o presente que acontecia, e só vivia de musicas e lembranças de beijos que passaram.

só que esses não cabiam em uma caixa de sapato... sequer em gavetas e quartos. eram lembranças sem tamanho certo, que deviam ter passado, como o nome sugere.

mas não. ele era do tipo que não se desapegava das coisas.

e assim vivia, sua vida de museu.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

# 41

:: da bela e suas letras

e a moça me vem e diz: me dá um poema?

e como eu explico que o próprio poema é ela? que não tenho como reescrever algo que se move?
e eu não sei mesmo fazer isso, então me arrisco em umas palavras.


e lá vem ela caminhando rua afora
seus passos têm uma segurança grande
que é exigida pra combinar com sua altura
e quem vê acredita ser uma mulher invulnerável

tolos tolos, quem só se deixa vê-la ao longe
não sabe que perde uma beleza gigante
maior até que ela mesma
a beleza que se prende naquela alma de cabelos louros
e que enxerga o mundo por vistas verdes

e não se espante. é bela que só ela.
por vezes Odete, na maioria patrícia.
é humana, com suas peculiaridades de gente
e sonhos de moça

é gente que ri com as bobagens dos amigos
é menina que chora com o filme pra criança
é mãe que se entristece com a partida de seu filho
é tia que se derrete com o sorriso da menininha
é mulher que busca ser feliz e amar

mas sobretudo, tem alma bela.
e beleza d'alma não se vê em cada esquina
podem dizê-la de dondoca, patrícia,
mas não sabem de nada.

tolos os que não se aproximam por medo de sua estampa forte
nunca saberão da fragilidade que guarda aquela armadura
e do tamanho do coração que lá se esconde
tolos digo, porque tolo já fui.
mas perdi minha tolice no dia que me deixei conquistar

é bela, é odete, é amiga, é patrícia.

terça-feira, 19 de junho de 2007

# 40

:: do cabelo de lado


e ele resolve: não vou cortar o cabelo!
toma em sua mão esquerda o pente, coisa que há muito tempo não usava porque estava acostumado a muito a usar o cabelo curto, ou então só a passar a mão pra abaixar, e com aquele objeto quase esquecido começa a mexer em seus cabelos.

penteia pra um lado e pro outro, e se impressiona de como passou tanto tempo sem fazer isso.
deixa o cabelo penteado pro lado esquerdo na frente, e pro direito lá no outro canto, o resto penteia pra trás. e lá, na frente do espelho, sorri, se lembrando que usava esse penteado a mais de dez anos atrás, na época de primeiro grau de colégio.

olha pra si, e hoje tem barba. não é mais aquele menino baixinho e esquisito que na hora do recreio ia pra quadra se assentar sozinho e olhar as nuvens formando desenhos.

hoje, já grande, não se lembrava da última vez que assitiu às nuvens a desenhar, e já não era tão baixinho mais. Resolve que hora ou outra vai tornar a fazer isso.

raspa toda a barba e deixa o cabelo de lado. sai pra rua cantando baixinho, e com vontade de ao invés dos sapatos duros nos pés, estive com seu ki-chute, aquele antigo, tamanho 33/34 que hj não caberia mais nos pés dez números maiores.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

# 39

:: disquejóquei


e lá ia ele com seu porta cds carregando uns 45 deles. nunca tinha aprendido a mexer em máquinas de djs, mas era tão metido a besta que se ofereceu pra tocar pra um monte de gente.

e assim foi.

no meio de um tanto de folhas e papéis com as listas de músicas dos seus cds, numa organização típica de si, se perdia, mas não deixava o som parar.

e sua alegria maior era olhar pra frente e ver gente sentada batendo o pé no chão e balançando a cabeça ao som de suas maluquices... e ele mistura Abba, com Nirvana, música espanhola com francesa, belle and sebastian e camille, e por aí ia.

e ninguém se divertia mais que ele.

e o menino que naquela noite se fingia de DJ abria um sorriso a cada expressão de "não acredito que tá tocando essa música" que ele percebia no rosto de seus ouvintes.

e a música ia madrugada a dentro...

segunda-feira, 11 de junho de 2007

# 38

:: da alma e dos espirros


um vez eu ouvi dizer que a cada vez que a gente espirra um pedaço da nossa alma é jogado pra fora do corpo.

na mesma hora pensei: "puxa vida, então uma hora a alma acaba..." mas será?

não sei se a gente pode entender que o corpo é uma embalagem pra alma, que ela fica toda guardada e é exatamente do tamanho da gente. ou se é uma coisa que se expande quando é colocada pra fora, e que do lado de dentro ela fica dobradinha, bem esprimida, e que na verdade
ela é tão grande, mas tão grande que a gente pode pegar todas as gripes do mundo e espirrar o quanto quiser que sempre vai ter um pedacinho de alma lá dentro.

sei lá, eu prefiro acreditar na teoria de que ela é infinita, até porque se não for, podem me chamar de desalmado, porque nessa semana eu espirrei pro resto da minha vida.

ah, são três da manhã. deixa eu parar de falar bobagem e tomar meu antigripal.

quarta-feira, 6 de junho de 2007

# 37

:: eu que ando ou o mundo que gira?


quando parado, o mundo roda.

não, não é tonteira, nem alucinação... é observação.

dessas de quando a gente tá parado olhando pro asfalto quente e vê as ondas de calor subindo pro céu... aquelas ondas quase invisíveis.

o mundo roda e eu tento girar ao contrário dele... sei lá porquê.
Talvez por ter visto em algum lugar que se girarmos com muita velocidade pro lado contrário do relógio a gente pode fazer o tempo voltar...

é... parece loucura.. mas é só uma forma de quase simplicidade.

às vezes eu tento procurar um pouco de ingenuidade em mim.

sexta-feira, 1 de junho de 2007

# 36

:: seis de doze

junho chegou na meia noite fria.
aí se pensa: Pôxa, mês 6 de 12. meio do ano...
que susto.

o tempo passa mais rápido aos vinte e cinco. é a conclusão que eu cheguei.